por Adilson Carvalho

Impressionou, a primeira parte da nova série “Mestres do Universo: Salvando Etérnia”, desde o início recheado de ação quando o vilão Esqueleto invade o Castelo de Grayskull enquanto o Príncipe Adam se entendia em meio às obrigações reais. Sensação de deja-vu? Só nos primeiros minutos; pois a nova série, que chegou à Netflix em 23 de julho, levou o clássico desenho a um novo patamar, mas não apagou o brilho da animação original.
Quando em 2019 o projeto da animação foi anunciado, haviam três projetos sendo cogitados com os personagens da Mattel, incluindo uma produção live-action que seria estrelado por Noah Centineo (Para todos os garotos que amei) com produção da Sony Pictures, mas que foi cancelado. A entrada de Kevin Smith (Mallrats, Jay & Silent Bob) como showrunner garantiu a qualidade, junto de Ted Biasselli, homem forte na Netflix; e igualmente fã da clássica animação da Filmation. Ambos imprimiram o tom épico, quase Shakesperiano nas questões envolvendo os personagens ao longo de cinco episódios iniciais. A história toma novo rumo, no entanto, quando segredos e mentiras vem à tona, personagens queridos morrem diante de nossos olhos e nada mais parece que acabará bem. Para quem assistiu à serie dos anos 80 há uma incerteza no ar, muito diferente do clima edificador onde o bem (He Man) sempre vencia o mal (Esqueleto) com direito à mensagem moral no final. A geração atual, alimentada por animes, também consegue ser cativada pela nova série graças a sua narrativa movimentada, dramatizada e cheia de momentos envolventes. Um deles, quando a busca pela magia perdida nos remete à irmandade do anel na clássica história de J.R.R Tolkien com Gorpo preenchendo o espaço de Gandalf em um momento eletrizante de luta.
Sim, os personagens estão lá, a feiticeira Zoah, Aquático, Mentor, e até personagens como Andra, que vem dos quadrinhos originais dos anos 80, ganham função na trama. Quem ganha dimensão ainda maior é o girl-power. Teela e Maligna dividem o foco à medida que ganham mais independência, enquanto He Man e Esqueleto tornam-se uma presença constante mesmo sem que estejam o tempo todo em cena. Mérito indiscutível, tanto para antigos como para os recém-chegados, é que cada personagem tem seu grande momento, mesmo Pacato brilha sem precisar se transformar no Gato Guerreiro mostrando uma força e coragem para confrontar uma desiludida Teela. A própria Etérnia foi repaginada para a nova geração, pois se antes magia e tecnologia co-existiam em harmonia, agora ambas são lados conflituosos, em desiquilíbrio e que formam o terreno para uma batalha decisiva entre as forças antagônicas. Mas, o roteiro é inteligente de forma a não entregar tudo o que promete, plantando sementes que certamente serão exploradas na segunda parte, anunciada para 23 de novembro.