CONTAGEM REGRESSIVA PARA “HOMEM ARANHA : SEM VOLTA AO LAR” – PARTE II

Andrew Garfield & Emma Stone

Ao final de “Homem Aranha 3” (Spider Man 3), haviam planos da Sony em uma nova trilogia envolvendo Sam Raimi como diretor e a volta de Tobey Maguire e Kirsten Dunst. Rascunhos de roteiros foram feitos e Raimi chegou a cogitar Sir Ben Kingsley como o vilão Abutre, e Dylan Baker se transformando definitivamente no Lagarto. Anne Hathaway chegou a ser pensada como Felicia Hardy, a Gata Negra, mas constantes mudanças no roteiro desagradaram demais a Raimi, que já estava descontente com as interferências dos produtores, em especial Avi Arad. Foi assim que a Sony desistiu de “Homem Aranha 4” e decidiu por um reboot da franquia.

Peter Parker encara o vilão Lagarto

O roteiro de James Vanderbilt co-escrito com Alvin Sargent e Steve Klover reinicia toda a história resgatando alguns elementos das hqs originais que ficaram de fora da trilogia de Raimi. Assim, Peter passa a usar os lançadores de teia ignorados anteriormente a favor da teia orgânica. O Peter Parker de Andrew Garfield, então com 29 anos, é mais descolado que o Peter de Tobey Maguire e gosta de provocar seus adversários com comentários jocosos assim como nas histórias de “Amazing Spider Man“. Sai Mary Jane e entra Gwen Stacy (Emma Stone) como o interesse romântico do herói. Na época, Garfield e Stone eram namorados na vida real. O Capitão Stacy (Dennis Leary) rejuvenece, no entanto, se aproximando mais de sua versão no universo Ultimate Marvel. Tio Ben e Tia May ganham as feições respectivas de Martin Sheen e Sally Fields, que posteriormente disse não ter gostado muito de seu papel. Apesar de investir no universo escolar de Peter Parker, o filme que veio a se tornar “O Espetacular Homem – Aranha” (The Amazing Spider Man) ignorou o Clarim Diário e a popular figura do editor J.Jonah Jameson que ficaram fora da história. A repetição de toda a origem do herói enfraquece a história, realizada apenas 10 anos após a bem sucedida trilogia original. Mesmo com o bom desenvolvimento do vilão Lagarto (Rhys Ifans) e da tentativa de mostrar os pais de Peter (Campbell Scott & Embeth Davidtz), o filme ficou abaixo dos filmes de Sam Raimi. A Gwen Stacy de Emma Stone foi um ponto positivo para o filme, mesclando elementos das duas versões da personagem (do universo Marvel original e do universo Ultimate), e participando ativamente da trama, uma cúmplice do herói.

Elektro encara o cabeça de teia.

O diretor Marc Webb, tendo conseguido boa receptividade, assegurou seu retorno em “O Espetacular Homem Aranha 2 – Ameaça de Electro” (The Amazing Spider Man 2 – Rise of Electro) lançado dois anos depois. James Vanderbilt escreveu a história dando prosseguimento ao final do primeiro filme com Peter (Andrew Garfield) se formando no ensino médio, e se esforçando por manter a promessa de proteger a amada Gwen Stacy (Emma Stone). O roteiro ficou nas mãos de Jeff Pinkner, Roberto Orci e Alex Kurtzman (os dois últimos os responsáveis pelo roteiro do reboot de “Star Trek“). O resultado, no entanto, não foi eficiente em explorar os dilemas que fizeram parte do personagem nas hqs originais justamente porque aceleram demais os fatos para levar Peter e Gwen ao trágico momento que marcou a histórica edição de “Amazing Spider Man” #121 (junho de 1973). A inserção de Dane Dehaan como Harry Osborne é desprovida do impacto necessário a um personagem que passa de melhor amigo a pior inimigo. Chris Cooper como Norman Osborne fica muito longe do que Norman Osborne representa como antagonista do herói. Pauli Giamatti como Rhino e Jamie Foxx como Electro, o principal vilão da história nada contribui para o filme. A montagem final do filme cortou as cenas de Shailene Woodley (A Culpa é das Estrelas) como Mary Jane Watson como resultado de um roteiro por demais inflado, cheio de personagens que precisavam ser evoluídos gradativamente. Apesar de boas cenas de ação, como a sequência que o Aranha e Electro se enfrentam em Times Square, o filme não consegue criar uma aventura à altura dos filmes anteriores, mesmo com o casal central nitidamente se esforçando com suas atuações. O desfecho previsível acaba por repetir a luta do Duende Verde com Homem Aranha, que no filme de Sam Raimi foi fabulosa, levando a uma conclusão lamentada mas esperada. Mesmo assim, a Sony planejava fazer mais dois filmes com Andrew Garfield além de derivados com Venom e o Sexteto Sinistro. Em 2014, a Sony fechou acordo com o Marvel Studios para que o Homem Aranha passasse a fazer parte do MCU (Universo Cinematografico Marvel), e mais um vez um reboot com um intérprete mais novo. Essa história, vocês acompanharão na terceira e última parte dessa matéria na semana que vem, aqui no CCP. Não Percam.

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