por Adilson Carvalho

Se assim como eu, você alguma vez brincou quando criança de se esconder dentro do guarda-roupa, imagine que este é um portal para um mundo mágico. Clive Staple Lewis (1898 – 1963) abriu também o portal da imaginação e hoje, 123 anos depois de seu nascimento, comemoramos sua vida e obra, já adaptada para o cinema em três filmes. O mundo de Nárnia nasceu de uma imaginação fértil alimentada por histórias da mitologia nórdica e grega, que Lewis leu durante sua infância e adolescência. Essa influência literária vinha de uma educação intelectual já que Lewis passava grande parte imerso nos livros da biblioteca de seus pais. O curioso é que sua obra está repleta de referências cristãs embora o autor tenha vivido boa parte de sua vida dizendo-se ateu. A mudança aconteceu quando, já adulto, passou a ser um católico convicto através das várias conversas com seu grande amigo J.R.R Tolkien (1892 – 1973), o escritor de “O Senhor dos Anéis“.

O sucesso da adaptação da obra de Tolkien convenceu os estúdios de Hollywood a filmar a saga de fantasia “As Crônicas de Nárnia” (The Chronicles of Narnia), que Lewis escreveu entre 1949 e 1954, inicialmente sem a pretensão de fazer desta uma série. O encorajamento recebido do público leitor e do próprio Tolkien levou Lewis a produzir um total de sete livros, publicados não pela ordem cronológica, e sendo que apenas três deles chegaram às telas entre 2005 e 2010, sendo os dois primeiros distribuídos pela Disney e o terceiro distribuído pela 2oth Century Fox. O Primeiro filme foi “As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feitiçeira e o Guarda Roupa” (The Chronicles of Narnia – The Lion, the Witch and the Wardrobe) foi dirigido por Andrew Adamson em 2005, tendo sido indicado ao Oscar de melhor efeitos especiais e melhor maquiagem, ganhando este último. A história centrada nos irmãos Pevensie que fogem do bombardeio nazista e acabam chegando a Narnia deixa evidente os paralelos religiosos com a figura de Aslam assumindo a posição de Messias.
Embora seja o quarto em ordem cronológica e o segundo escrito por C.S. Lewis, “As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian” (The Chronicles of Narnia – Prince Caspian) chegou aos cinemas em 2010 trazendo de volta os irmãos Pevensie para ajudar o herdeiro ao trono de Narnia, o Príncipe Caspian (Ben Barnes), 1300 anos depois dos eventos do primeiro filme. A arrecadação do segundo filme, no entanto, de US$ 141 milhões na bilheteria doméstica, muito abaixo do primeiro filme, e do orçamento de US$ 225 milhões de dólares, levou a Disney a desistir de um terceiro filme. Apesar disso, a Fox concordou em distribuir “As Crônicas de Narnia – A Viagem do Peregrino da Alavorada” (The Chronicles of Narnia – The Voyage of the Dawn Treader) em 2010. Este era o terceiro livro escrito, mas o quinto em ordem cronológica. Apenas Lucy (Georgie Henley) e Edmiundo (Skandar Keynes) retornam para a história cuja bilheteria não justificou a continuidade das adaptações. Embora existam planos de voltar a adaptar os livros da série, até hoje espera-se que algum estúdio ou plataforma de streaming realmente o faça, pois o mundo criado pelo autor irlandês é riquíssimo e perfeito para os amantes de fantasias.