CONTAGEM REGRESSIVA PARA “HOMEM ARANHA – SEM VOLTA PARA A CASA” PARTE III

Em 2012, depois do resultado morno de “O Espetacular Homem Aranha 2 : A Ameaça de Electro” (Amazing Spider Man 2), a Sony ainda tinha intenção de produzir mais uma sequência. O Marvel Studios, nesse tempo, mantinha conversas com a Sony (dona dos direitos cinematográficos do Homem-Aranha) para compartilhar o personagem. A Sony, no entanto, desenvolvia seus planos de expandir a franquia com os outros personagens relacionados ao herói aracnídeo, como vem fazendo com Venom, Morbius (em breve) e até mesmo o Sexteto Sinistro. As negociações não favoreciam a realização desse desejo de todos os fãs dos heróis Marvel. Mediante a quase impossibilidade, o Pantera Negra foi inserido na composição de “Capitão América; Guerra Civil” (Captain America Civil War) de 2016, a princípio uma participação menor, depois ganhando mais espaço.

Replicando o clichê dos quadrinhos “quando tudo parecia perdido…”, eis que a Sony e o Marvel Studios chegam a um acordo final, decidindo-se por mais uma vez rebootar as aventuras cinematográficas do popular cabeça – de – teia, desta vez optando por mostrar um Peter Parker mais jovem, ainda no colegial. Quando o primeiro trailler de “Capitão América Guerra Civil” foi divulgado, os fãs deliraram quando o Aranha atende ao chamado de Tony Stark, já demonstrando todo o espírito jovial e irreverente que o mascarado mostra na hqs. O personagem rouba a cena e prepara o terreno para a atual trilogia iniciada com “Homem Aranha: Volta para Casa” (Spider Man: Homecoming) em 2017.

Tom Holland (O Impossível, No Coração do Mar), aos 20 anos, tornou-se então o ator mais jovem a assumir o papel do Homem-Aranha, enquanto Tobey Maguire tinha 27 e Andrew Garfield tinha 29 quando estrearam nas telas com seus respectivos filmes de origem. O diretor Jon Watts imprimiu no filme o clima adolescente dos filmes John Hughes, chegando a colocar clássicos como “O Clube dos Cinco” (The Breakfast Club) de 1985 e “A Garota de Rosa Shocking” (Pretty in Pink) de 1986 para que o elenco jovem entrasse “no clima”. Em uma nada sutil ironia, o ator Michael Keaton, que fez dois filmes do Batman para a Divina Concorrente da Marvel, assumiu o papel do vilão “Abutre”. Holland incorporou em sua versão de Peter Parker o lado do herói inexperiente característico da fase Stan Lee/Steve Dikto, com sua jovialidade se aproximando mais do público adolescente. Este processo de rejuvenecimento também atingiu o papel de Tia May, que ficou com a bela Marisa Tomei de 52 anos (Rosemary Harris tinha 75 e Sally Fields tinha 66). Outra mudança significativa é que Peter torna-se pupilo de Tony Stark (Robert Downey Jr), algo que diverge do conceito inicial de Stan Lee e Steve Dikto. Nem Mary Jane nem Gwen Stacy, mas Liz Toomes (Laura Harrier) torna-se o interesse romântico do herói, sendo uma personagem nova e seguindo o clichê do amor impossível já que ela vem a ser a filha do vilão Abutre. Embora Zendaya (Programa de Talentos), vinda de séries da Disney, seja chamada MJ, sua personagem não tem nenhuma relação com Mary Jane, que nos quadrinhos chegou a se casar com Peter Parker, compondo uma personagem praticamente nova, assim como Ned (Jacob Batalon) torna-se o amigo nerd de Peter, enquanto que nos quadrinhos é um jornalista do Clarim Diário, que nem sequer é mencionado no filme. Apesar das diferenças na adaptação o filme de Jon Watts consegue ser bem sucedido entre os fãs e com a crítica especializada. Holland volta a aparecer em “Vingadores Guerra Infinita” (Avengers Infinity War) de 2018 e “Vingadores Ultimato” (Avengers Endgame) de 2019 consolidando com sucesso seu personagem, e preparando o terreno para a segundo filme da franquia solo do herói.

Assim, depois dos eventos em torno da derrota de Thanos em “Vingadores Ultimato” (Avengers Endgame), Peter Parker recomeça sua vida em “Homem Aranha Longe de Casa” (Spider Man Far From Home) de 2019. Curiosamente, Jake Gyllenhall, que havia sido cotado para possivelmente substituir Tobey Maguire assime o papel do vilão Mysterio, mestre da ilusão, papel que chegou a ser oferecido a Matt Damon, que o recusou. O confronto de ambos é desastroso para Peter, que ao final do filme tem sua identidade secreta publicamente revelada por J.Jonah Jameson, na cena final que traz de volta J.K.Simmons como o icônico dono do Clarim Diário. Foi o primeiro filme da franquia a atingir a bilheteria mundial de US$ 1 bilhão e, tristemente, o primeiro filme Marvel a não ter Stan Lee em uma de suas aparições, já que o criativo escritor havia falecido pouco antes de iniciada as filmagens.

Chegado às vésperas da estreia do filme final da trilogia “Homem Aranha Sem Volta para Casa” (Spider Man No Way Home) a expectativa mundial gira em torno da reunião dos três interpretes do herói, algo não confirmado pela Sony, mas alimentado pelo tema do filme em torno do multiverso já que o retorno de Alfred Molina (Dr.Octopus), Willem Dafoe (Duende Verde) e Jamie Foxx (Electro) sugere a concretização de todo fã do herói, uma versão live action do Aranhaverso provocada pela intervenção do Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch) para ajudar Peter, levando praticamente a reunião do Sexteto Sinsitro, há muito desejada pela Sony. Em algumas semanas poderemos comprovar ou não o que virá, mas uma coisa que já é certa, confirmado pela Sony, é que o estúdio planeja uma outra trilogia com Tom Holland, o que parafraseando os quadrinhos só confirma que a aventura há de continuar na próxima edição, digo filme.

Leia aqui no “Cinema Com Poesia” a melhor cobertura da estreia de “Homem Aranha Sem Volta para Casa” , nos cinemas a partir de 16 de dezembro.

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