CONTAGEM REGRESSIVA PARA “MATRIX RESSURRECTIONS”

Por Adilson Carvalho

Talvez seja difícil para as plateias de hoje em dia imaginar o impacto que “Matrix” teve na ocasião de seu lançamento em março de 1999. Um filme de ação com lutas marciais e recheado de filosofia e ligações literária na história de Neo (Keanu Reeves), um habilidoso hacker que descobre que toda a realidade é uma simulação virtual plantada direto nos cérebros e controlada por máquinas inteligentes, a assim denominada “Matrix”. Recrutado pelo misterioso Morpheus (Lawrence Fishburne), que oposto à referência da mitologia grega, guarda as portas da realidade. Seu segundo em comando é a eficiente Trinity (Carrie Ann Moss), que vem a se apaixonar por Neo em sua luta para salvar a humanidade desta realidade distópica.

Se por um lado, a história conseguia apresentar um filme de ação envolvente com um conteúdo instigante, capaz de levantar questionamentos e discussões, por outro lado a evolução técnica impressionou, não apenas pelo vigor da coreografia como também pelo efeito “bullet time” nas cenas que Neo se joga para trás, flutua no ar e desvia de balas, que seria exaustivamente imitada em diversos filmes a partir de então. As ramificações do roteiro souberam explorar a essência de obras como “Alice no País das Maravilhas” (Alice in Wonderland) de Lewis Carroll, e até mesmo “A Alegoria da Caverna” de Platão. Um projeto ambicioso acolhido pela Warner, mesmo estúdio que realizara “Assassinos” (Assassins) em 1995, com Sylvester Stallone e Antonio Banderas, que teve roteiro das irmãs Wachowski. Embora as diretoras já tivessem realizado “Ligadas pelo Desejo” (Bound) em 1996, não há dúvida que o sucesso de “Matrix” tornou seus nomes vendáveis, além de uma bilheteria mundial de US$463,517,383, a quarta maior no ano de seu lançamento. Keanu Reeves, então com 35 anos, ficou com o papel do protagonista inicialmente oferecido a Will Smith, que o recusou por preferir “As Loucas Aventuras de James West” (The Wild Wild West), que acabou se tornando um fiasco. Os 4 Oscars recebidos pelo filme (melhor montagem, mixagem de som, edição sonora e efeitos visuais) coroaram o sucesso de crítica, e aliado ao apelo do público garantiram que o final em aberto servisse de prólogo para as sequências “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions” ambos lançados em 2002, com apenas 6 meses de diferença.  

Neo assume com maior confiança seu papel profetizado de salvador da raça humana, e precisa impedir que as máquinas sencientes destruam Zion, a última cidade humana que restou; e claro, o levará a um combate mortal com seu nêmesis,  o poderoso agente Smith (Hugo Weaving). Em sua luta, Neo conhece Niobi (Jada Pinket Smith), uma das rebeldes de Zion e capitã da nave Logos, a bela Perséphone (Monica Belluci), e a sábia Oráculo interpretada por Gloria Foster, substituída por Mary Alice quando Gloria faleceu durante a finalização do segundo filme. Outra baixa no filme foi a personagem Zee, que seria feito pela jovem atriz e cantora Aaliaya, de 22 anos. Quando esta faleceu em trágico desastre de avião, a personagem ficou com Nona Gaye, a filha do icônico cantor Marvin Gaye. As Wachowski ainda tentaram trazer Sean Connery (007) para o papel do Arquiteto, o criador da Matrix, mas diante da recusa do ator o papel ficou com o ator de origem alemã Helmut Baikaitis.

Ao longo da trilogia, a figura messiânica de Neo provocou discussões, e até mesmo ofensas já que o filme foi proibido no Egito. A conclusão da saga desagradou muito os críticos que se incomodaram na época com o roteiro raso, contrariando o que foi sugerido no primeiro filme. De fato, as sequências decidiram privilegiar a ação e os efeitos, deixando a construção narrativa e a profundidade dos personagens em segundo plano. Ainda assim, a bilheteria milionária da trilogia calou a boca de vários executivos de estúdios, que rejeitaram o roteiro das Wachowski, acusando este de ser nem apelativo para o público, nem lucrativo para justificar o investimento. Ainda houve o jogo “Enter the Matrix” e a animação “Animatrix”, ambas consideradas parte da cronologia da saga.

Agora, 9 anos depois da trilogia encerrada, Lana Wachowski reapresenta a franquia a uma nova geração com “Matrix Ressurrections”, a ser lançado em 22 de dezembro próximo e continuar a história de Neo e Trinity. Preparem-se e façam a sua escolha: Pílula azul ou vermelha? Aguarde que o CCP trará tudo sobre o novo filme em duas semanas.

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