APRESENTANDO LUCY & DESI – PORQUE “I LOVE LUCY” É UMA OBRA PRIMA.

Por Adilson Carvalho

Desi Arnaz & Lucille Ball

Nicole Kidman e Javier Barden representam duas lendas da TV americana em “Being The Ricardos” (Amazon Prime), embora a geração streaming não conheça a importância e o impacto desse casal que fez história, se tornando a maior audiência da TV americana por vários anos. No início dos anos 50, a televisão ainda era um veículo midiático recente, buscando no rádio ideias e artistas para montar uma programação atraente para as famílias. Foi assim que Lucille Ball se fez notar , no programa radiofônico “My Favorite Husband” ao lado de Richard Denning. As atrapalhadas de uma dona de casa que faz de tudo para se fazer notar pelo marido, e para buscar seu lugar em uma sociedade patriarcal. A ideia foi adaptada para TV, mas Lucy (1911 – 1989) fez questão de levar seu marido na vida real, o músico cubano Desi Arnaz (1917 – 1986). O programa foi o primeiro a ser gravado em película, com três câmeras de cinema, em um cenário fixo e com uma plateia cativa a cada episódio. Lucy e Desi praticamente criaram a chamada “Sitcom” (Situation Comedy), que seria uma fórmula usada até hoje.

Lucy, Desi (na frente), Vivian Vance e William Frawley (no banco de trás)

A cada episódio Lucy faz de tudo para entrar para o showbiz, um mundo já natural para seu marido músico. Como sua fiel escudeira, Lucy sempre levava consigo sua vizinha e senhoria Ethen Mertz (Vivian Vance, 1909-1979), enquanto seu marido frequentemente tinha ao seu lado, Fred Mertz (William Frawley. 1887-1966), marido de Ethel. O quarteto montaria em cena uma demolidora guerra dos sexos, em que Lucy e Ethel estavam dispostas a fazer de tudo para vencer em mundo em que as oportunidades lhes eram negadas. Conforme o programa seguia conquistando seu lugar no coração do público, vários artistas de cinema viriam a fazer participação especial nos episódios como Rock Hudson, Van Johnson, Harpo Marx, Bob Hope, John Wayne, e até mesmo George Reeves, o Superman da TV. A plasticidade facial de Lucy e sua habilidade cênica de fazer humor fizeram da série um sucesso graças ao texto de Jess Oppenheimer, Bob Carroll Jr e Madelyn Davis e um elenco em perfeita sintonia. Todos tem seu momento de brilho em cena, razão pela qual foram 181 episódios, em 6 temporadas, duas vezes vencedoras do Emmy de melhor programa de comédia, além de indicações e prêmios para cada um dos atores. Nem tudo eram flores, no entanto, nos bastidores da série da CBS. Lucille Ball era uma detalhista e lutava pelo controle criativo da série em meio às infidelidades do marido. Vivian Vance e William Frawley, interpretes do casal Mertz, se odiavam e mal se falavam nos bastidores.

Vários foram os episódios que marcaram a série, e que ainda conseguem provocar uma contagiante onda de risadas como Lucy e Ethel comendo em uma fábrica de chocolates, Lucy fazendo comercial de um xarope que a deixa em estado de embriaguez, Lucy vestida de Harpo Marx, dançando e pisando sobre uvas para fazer vinho, entre outras pérolas dessa fabulosa comédia de erros. No Brasil, não apenas a série se destacou com louvor como também gerou uma versão brasileira chamada “Alô Doçura” (1953-1964), adaptada por Cassiano Gabus Mendes para a Tv Tupi, a primeira sitcom brasileira, estrelada por Eva Wilma e John Herbert. Com o nascimento de Lucie Arnaz, em 17 de julho de 1951, Lucille Ball só retomou o trabalho em setembro daquele ano, transferindo a estreia de “I Love Lucy” para 15 de outubro. Já a produção da temporada seguinte foi antecipada porque Ball descobriu que estava novamente grávida -situação, dessa vez, incorporada ao seriado em sete episódios. Rodado em novembro de 1952, o episódio que mostra o nascimento do primeiro bebê do casal Ricardo foi transmitido em 19 de janeiro de 1953, dia em que nasceu Desi Arnaz Jr.

Um marco na história do humor televisivo, Lucy e Desi nunca deixaram nossos corações, razão pela qual mais de 50 anos depois ainda amamos Lucy.

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