Por Adilson Carvalho

O Aranhaverso não é feito somente de Tobey Maguire, Andrew Garfiled ou Tom Holland. Teria sido interessanre se a Sony tivesse convidado o primeiro ator a fazer um live action do herói aracnídeo. O primeiro foi o ator Nicholas Hammond (O Friedrich, uma das crianças de “A Noviça Rebelde”) no seriado de TV “Homem Aranha” (Spider Man) produzido originalmente para a grade de programação da CBS onde estreou em setembro de 1977. No Brasil, o filme passou nas salas de cinema, assim como dois outros filmes “Homem Aranha Volta a Atacar” (Spiderman: Deadly Dust) e “Homem Aranha & O Desafio do Dragão” (Spiderman: The Chinese Web), estes sendo a junção de episódios da série da CBS que teve 14 episodios, exibidos irregularmente entre 1978 e 1979, e que no Brasil foi exibido inicialmente pela Rede Globo. A mudança mais imediata, em relação aos quadrinhos, era a idade do protagonista. Nos quadrinhos, Peter Parker se torna o Homem – Aranha quando ainda era um adolescente do ensino médio, enquanto Nicholas Hammond interpretava um Peter Parker mais maduro, na fase universitária. Os efeitos eram toscos, com a teia sendo uma “cordinha” saída de um único lançador de pulso do herói, que quase nada falava quando usava a roupa. A série também não trazia nenhum vilão das HQs e explorava muito pouco os costumeiros coadjuvantes das histórias: Tia May (Irene Tedrow) só apareceu por umas duas ocasiões e nada de Mary Jane ou Gwen Stacy. O interesse romântico do herói era a repórter Julie Masters (Ellen Bry), de jornal concorrente, mas o romance só ficava no “chove e não molha”. Já a figura do mal-humorado chefe J. Jonah Jameson (David White no piloto e Robert F. Simon na série) teve outra mudança em relação às hqs, pois o editor chefe do Clarim Diário estava mais contido, e não acreditava que o Homem-Aranha fosse uma ameaça. A relação do herói com a polícia era mais minimizada na série com um “sentimento de respeito e amizade disfarçada” com o Capitão Barbera (Michael Pataki) que só apareceu na primeira temporada. A secretária de Jameson era a amigável Rita (Chip Fields), substituindo Betty Brant ou Gloria Grant das hqs. Stan Lee não gostava da série e não concordava com o tom distante das hqs da Marvel. Ainda assim, um dos episódios buscou uma “vaga” inspiração nos quadrinhos do herói no episódio “A Noite dos Clones“, um dos mais polêmicos arcos do personagem.

O motivo da série ter sido cancelada não foi baixa audiência como muitos pensam. Como na época a CBS exibia outras séries de super heróis (Hulk, Mulher Maravilha, Shazam etc) , a emissora decidiu cancelar todas as séries mesmo que os índices de audiência fossem regulares. Ainda houve, segundo Nicholas Hammond, planos para um filme para TV reunindo o Homem-Aranha e o Hulk, mas o projeto nunca saiu do papel. Para quem nunca viu a série pode ser difícil entender o saudosismo, mas para a minha geração era divertido brincar de Homem-Aranha, e Nicholas Hammond foi naquela época a nossa versão carne, osso e teias mais próxima do simpático amigo da vizinhança. Ecoa até hoje lembrar Robert F. Simon gritando “PARKER!!!!!”. Apesar de sua curta duração a série foi repetidamente reprisada na TV e até que Sam Raimi vestisse Tobey Maguire como o popular cabeça de teia, a série com Nicholas Hammond permaneceu durante um longo tempo como a única versão live-action de um dos maiores heróis da Marvel.