Por Adilson Carvalho

Há mais de 20 anos atrás, quando se pensava em fazer um filme com criaturas gigantescas como os dinossauros, a alternativa melhor era usar a técnica do “stop motion” ou algum outro recurso mecânico (como Bruce, o Tubarão do filme de Spielberg) para dar vida a seres que só poderiam existir na imaginação humana. O avanço no uso de modelos robóticos (animatronics) e a evolução da tecnologia digital conspirariam para assombrar o mundo com os animais pré-históricos realistas de “Parque dos Dinossauros” (Jurassic Park) que estreou há exatos 20 anos e agora está prestes a ganhar sua quinta sequência que reunirá as duas gerações da franquia.

Eficiente mistura de filme catástrofe e filme de monstro, o filme brinca com o assunto da clonagem, elemento explorado em roteiros de ficção científica, se aproveitando da curiosidade e do fascínio do público por essas ameaçadoras criaturas que um dia reinaram absolutas sobre o planeta. A princípio, o escritor Michael Crichton havia começado a desenvolver a história em 1983. Originalmente, o roteiro mostraria um pterodátilo clonado a partir de um ovo, e que levaria à recriação de outros dinos, sendo que toda a narrativa seria centrada nos olhos de uma criança. A ideia de um parque temático que fica fora do controle e ameaça seus visitantes já havia sido testada por Crichton em outro filme de sua autoria, “Westworld – Onde ninguém tem alma” de 1977. Foi necessário quase uma década para Crichton terminar seu livro, finalmente publicado em 1989 e já com os direitos de adaptação para o cinema garantidos para o Universal Studios, depois das tentativas da Warner e Columbia de negociar com o autor. Este, desde o começo desejou ter Steven Spielberg, quem já conhecia desde a época de produção de “O Enigma de Andrômeda” (1971), na cadeira de diretor do filme.

Para escrever a história, roteirizada por David Koepp, Crichton pesquisou profundamente sobre o período pré-histórico mas se fez valer de algumas liberdades poéticas. O tamanho real dos velociraptores era menor do que o mostrado no filme. Acredita-se que esses répteis – da família dos dromaesauridae – eram predadores carnívoros com o corpo coberto por penas, tal qual uma ave. Em determinado momento do filme, o Dr. Alan Grant (Sam Neill) comenta que esses animais evoluíram para as aves, o que veio a ser comprovado por descobertas posteriores. Outra diferença é o achado de fósseis de velociraptores em Montana, o quarto maior estado norte-americano, no início do fime. Na realidade, tais esqueletos nunca foram encontradas nesta região, sendo mais comum na região da Ásia. Ainda sobre o tamanho real dos velociraptores, tempos depois do filme foram encontrados fósseis de alguns especimens que teriam a altura comparada à da usada no filme. O personagem do Dr. Grant foi inspirado em um paleontólogo americano, o Dr.Jack Horner que veio a atuar nos bastidores do filme como consultor técnico.De qualquer forma, o sucesso mundial do filme e do livro estimulou o interesse pela paleontologia, levando a um aumento recorde de alunos matriculados nas universidades americanas.

Quando as filmagens estavam para se iniciar, Steven Spielberg queria o ator Richard Dreyfuss (Tubarão, Contatos Imediatos do 3º Grau) no papel do Dr. Alan Grant. Harrison Ford também chegou a ser sondado para o papel, mas recusou. No fim, o ótimo Sam Neill ficou o papel. Sua colega de profissão e fiel escudeira, Ellie Sattler ficou com Laura Dern depois de testadas nomes como Sandra Bullock, Gwynette Paltrow e Julianne Moore (que acabou entrando para a sequência, mas em outro papel). Nomes como Sigourney Weaver, Michelle Pfeiffer, Jodie Foster e Julia Roberts também chegaram a ser cogitadas para o papel. Outro que quase entrou para o filme foi Jim Carrey, um dos nomes pensados para o papel do matemático Ian Malcolm, que acabou ficando com Jeff Goldblum. O milionário John Hammond, dono do parque pré-histórico, poderia ter sido Sean Connery, se este tivesse aceito o papel que acabou ficando com o inglês “Richard Altenborough, diretor de excelentes cinebiografias como “Gandhi” (1982) e “Chaplin” (1992), que acabara de terminar pouco antes do início das filmagens de “Parque dos Dinossauros”. Curioso foi a escolha do ator mirim Joseph Mazzello para o papel de Tim, um dos dois netos do milionário John Hammond. Mazzelllo havia feito teste com Robin Williams e Dustin Hoffman para papel em “Hook-A Volta do Capitão Gancho” – que Spielberg filmara pouco antes de “Jurassic Park”. Como era jovem demais na época, Mazzello perdeu a oportunidade mas impressionou Spielberg que prometeu chamá-lo para um próximo filme. Cumprida a promessa, Spielberg alterou a idade das crianças. No livro, Tim é mais velho que sua irmã, o contrário do filme. Mazzello pode ser visto em papel menor no recente “GI Joe – Retaliação”.

O filme custou em torno de 63 milhões de dólares, rendendo mais de 400 milhões só nos Estados Unidos e ganhando 3 Oscars : melhor som, edição de som e efeitos sonoros. Aqui no Brasil, a bilheteria também foi superlativa estabelecendo um recorde quebrado só pouco anos depois pelo “Titanic” de James Cameron. Claro, que viriam sequências e vamos tratar delas até a data de estreia do novo filme. Antes de morrer em 2008, Crichton trabalhava em um roteiro para um quarto episódio, que apesar disso será feito, estando prometido para 2015. O sucesso desse relançamento certamente levará à volta dos dinos para as telas. Alguém duvida, IABADABADU !!
O CCP VOLTA EM ALGUNS DIAS COM “O MUNDO PERDIDO – JURASSIC PARK II”