Por Adilson Carvalho

Sempre houve um grande interesse do ser humano pelos dinossauros, esses grandes lagartos como já diz o significado do nome, que dominavam o planeta em uma época ainda anterior ao surgimento do homem. Logo, a ideia do convívio entre pessoas e dinos como perpetuado pela cultura pop nunca aconteceu. Mas, se por um lado os Flintstones estão equivocados, não há como negar a diversão de imaginar esse convívio. O escritor francês Jules Verne foi o primeiro a escrever sobre o assunto em um romance, no clássico “Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth), publicado em 1864. Nele, um grupo de exploradores encontram as tais criaturas vivas no interior do planeta. Contudo, Verne explorava o encontro com os dinos como um entre outros elementos da aventura. Coube ao bárbaro Arthur CONAN Doyle, o criador de Sherlock Holmes, a primeira aventura a explorar as possibilidades desse encontro na história que batizou de “O Mundo Perdido” (The Lost World) , publicado em 1912 onde um grupo de viajantes luta pela sobrevivência ao chegar em um platô na bacia amazônica onde os animais vivem alheios à extinção de sua espécie no mundo exterior. A história foi publicada em capítulos, entre abril e novembro do citado ano, na revista “The Strand Magazine”, a mesma em que Conan Doyle publicava as aventuras de Holmes.

Outro renomado escritor se aventurou a imaginar como seria o contato entre o homem e os dinos no romance, de 1915, “A Terra que o Tempo Esqueceu” (The Land That Time Forgot) em que marinheiros naufragam próximo à imaginária ilha de Caprona, habitada por homens primitivos e … dinossauros. O livro, escrito por Edgar Rice Burroughs (o criador de Tarzan e John Carter), foi um sucesso de vendas e gerou duas sequências “O Povo que o tempo Esqueceu” (The People that Time Forgot) e “Out of Time’s Abyss”. Posteriormente a série que ficou conhecida como a trilogia de Caspak, nome da região da ilha em que os personagens se confrontam como um mosaico da escala evolucionária onde homens de cro-magnon convivem com neanderthais. Burroughs não estava preocupado com as implicações corretas dos períodos pré-históricos retratados, mas em construir um grande épico narrativo que funcionou pois pouco tempo depois a saga foi republicada como romance.

Não demorou para que o cinema decidisse adaptar essas histórias. Ainda em 1925, o diretor Hal Roach e seu filho realizaram a primeira adaptação do romance de Conan Doyle, tendo o próprio aprovado o resultado. Para baratear os custos, os dinossauros eram lagartos comuns maquiados para se parecerem com seus antepassados. O filme foi muito bem sucedido e foi o primeiro filme a ser exibido em vôo, por empresa que fazia a travessia de Londres a Paris. Impressionante foi o resultado obtido pelo técnico Willis O’Brian que usou miniaturas e a filmagem quadro a quadro (stop-motion) para dar a vida a dinossauros em “King Kong” em 1933. Foi, para a época, um avanço repetido por O’Brian no projeto mais audacioso entitulado “Um Milhão de Anos Atrás” (One Million B.C) em 1940 que retratava o conflito entre duas tribos de homens das cavernas com os gigantescos répteis como atração principal. Em 1963, o filme foi refeito a cores e já em plena época de contra-cultura explorando os dotes físicos de sua estrela Raquel Welch, aos 26 anos, em trajes de peles de animais que realçavam seu corpo escultural. Os dinossauros estavam lá novamente, mas a sensualidade dos papéis femininos já servia como atrativo adicional. O cartaz com Raquel Welch foi um dos mais famosos da época. Em 1960, também houve uma refilmagem de “O Mundo Perdido” (The Lost World) dirigida por Irwin Allen (o renomado produtor de séries clássicas como “Perdidos no Espaço” e “Tunel do Tempo”) e que trazia Jill St. John (futura Bond girl de “007 Os Diamantes São Eternos”) com a função de ser a bela em meio às feras. Seja perpetuando a técnica de stop motion (aprimorada pelo excelente Ray Harryhausen) ou fantasiando iguanas e outros répteis para se parecerem com os dinos, o fato é que a década de 60 e 70 seguiram com vários exemplares curiosos apesar de nenhum rigor científico como foi “Quando os Dinossauros Dominavam a Terrra” (When Dinossaurs Ruled the Earth) de Val Guest, em 1970, que chegou a ser indicado ao Oscar de efeitos especiais ou a adaptação de “A Terra que o tempo esqueceu” (The Land That Time Forgot) de 1974, com sua sequência lançada no ano seguinte.

A TV importou o interesse pelos sauros em diversas produções como a clássica “O Elo Perdido” (Land of the Lost), ou mais tarde a paródia criada por Jim Henson “A Família Dinossauros” (The Dinossaurs) que popularizou os chavões “Querida, cheguei” e “Não é a mamãe”). Sem mencionar o uso desses animais em animações e HQs diversas ao longo das décadas, podemos dizer que esses foram de fato revividos com realismo inédito a partir da adaptação de “Jurassic Park – Parque dos Dinossauros” (Jurassic Park) em 1994, dirigido por Steven Spielberg a partir de um romance de Michael Chricton. Sem dúvida, em nossa imaginação, na literatura e no cinema, eles nunca estarão extintos.