Por Adilson Carvalho

Finalmente a 4ª temporada de “Stranger Things” chegou à Netflix, dividido em duas partes, com a segunda prevista para Julho. Os sete episódios iniciais carregaram no clima de terror, abertamente inspirados em “A Hora do Pesadelo” (1984) de Wes Craven. O vilão Vecna, com seus poderes capazes de criar pesadelos reais e enormes garras revela uma homenagem ao vilão Freddy Krueger. O próprio intérprete do ator, Robert Englund, faz uma participação nos episódios como Victor Creel. Muito mais do que nas temporadas anteriores, os irmãos Duff exploram o clima de terror na história e criam um caminho de dor para a protagonista Eleven (a excelente Millie Bobby Brown). A personagem se divide entre as alcunhas de super-heroína ou monstro, sofre bullying na California, se sente sozinha e desorientada sem a presença de Hopper (David Harbour) e é caçada pelo governo. Seu arco nesta temporada é doloroso e caminha em direção a esclarecimentos de seu passado e de sua ligação com o mundo invertido.

Freddy Krugger não é a única referência ao ano de 1986, no qual a temporada se desenrola. Steve (Joe Kerry) e Robin (Maya Hawke) trabalham em uma locadora de vídeo, onde se percebem os posters de filmes como “O Último Dragão” e “Férias Frustradas II“. O quarto de Nancy (Nathalie Dyer) também mostra o poster de Tom Cruise em “Top Gun – Ases Indomáveis“. Em momentos pontuais do filme algumas falas remetem a diversos clássicos da década como Dustin (Gaten Matarazzo) dizendo “nunca me diga as probabilidades” citando Han Solo (Harrison Ford) de “Star Wars“, ou o comentário de que Lucas (Caleb McLaughlin) foi para “o lado sombrio” por ter se juntado ao time de basquete.

Além disso, quando Suzy (Gabriella Pizzolo) invade o sistema da escola para mudar as notas do Dustin no primeiro episódio é indisfarçável lembrar de Ferris Bueler fazendo o mesmo em “Curtindo a Vida Adoidado” (1986). Embalado pela trilha sonora de hits como “Psycho Killer”, do Talking Heads, “Running Up That Hill”, da Kate Bush e “Separate Ways”, do Journey, a série da Netflix recria a década, não como uma nostalgia pura e simples, mas com a criatividade de explorar a cultura pop tecendo uma história envolvente que poucas vezes o cinemão consegue fazer. Que venha a segunda parte de temporada logo.