REVISITANDO “OS IMPERDOÁVEIS” 30 ANOS

Por Adilson Carvalho

Em 1992, faziam muitos anos que Hollywood não revisitava o velho oeste, gênero americano por excelência e que os italianos souberam como ninguém jogar a luz sob um novo foco. Clint Eastwood estrelou uma magnífica trilogia dirigida por Sergio Leone (1929-1989) e aplicou tudo o que aprendeu em exemplares de grande força narrativa entre 1973 (O Estranho Sem Nome) e 1985 (O Cavaleiro Solitário). Mas a meca do cinema mudou e o gênero esgotou-se por completo, até que Eastwood decidiu retomar o projeto datado de 1976, quando foi desenvolvido sob os títulos The Cut-Whore Killings e The William Munny Killings, do roteirista David Webb Peoples. Com referencias a personagens clássicos de outros filmes do gênero, o filme começa quando a prostituta Delilah Fitzgerald é desfigurada e morta e suas companheiras de bordel oferecem uma recompensa para quem encontrar os assassinos. O xerife local (Gene Hackman) não gosta nada da ideia, já que não permite vigilantismo em sua cidade. Dois grupos de pistoleiros, um liderado pelo ex-bandido William Munny (Clint Eastwood) e seu amigo Ned (Morgan Freeman) e o outro pelo inglês Bob (Richard Harris) , aparecem para receber o prêmio, entrando em conflito entre si e com o próprio xerife.

Eastwood dedicou o filme aos diretores e mentores Sergio Leone e Don Siegel nos créditos finais, quando aparece a mensagem “Dedicated to Sergio and Don“. Em 2004, Unforgiven foi adicionado ao National Film Registry da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos como sendo considerado “cultural, historicamente ou esteticamente significativo”. indicado a nove Oscars e foi premiado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor (Clint Eastwood), Melhor Ator Coadjuvante (Gene Hackman) e Melhor Montagem (Joel Cox). Eastwood foi indicado ao Oscar de Melhor Ator por seu desempenho, mas perdeu para Al Pacino por “Perfume de Mulher“. Curiosamente, o vencedor Gene Hackman havia recusado o papel do xerife Little Bill Daggett, mas reconsiderou devido insistência de Clint Eastwood, que fazia questão em tê-lo no papel. O filme foi o terceiro western a ganhar o Oscar de Melhor Filme desde Cimarron (1931) e Dança com Lobos (1990). Eastwood afirmou na época que o filme seria seu último western por medo de se repetir ou imitar o trabalho de outra pessoa. A bilheteria de US$15,018,007 no fim de semana de estreia foi a melhor abertura de todos os tempos para um filme de Eastwood na época. Um clássico poderoso que completa 30 anos e a prova do talento de Eatswood e do fascínio que ainda alimentamos pelo velho oeste.

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