RELEMBRANDO LOCKE & KEY – 1ª TEMPORADA

Por Adilson Carvalho

A história de “Locke & Key”, adaptada de uma hq criada por Joe Hill e Gabriel Hernandez, chega à sua temporada final no dia 10 de agosto. Vamos rever aqui como tudo aconteceu na primeira temporada. A família Locke, depois do assassinato do patriarca Rendell Locke (Bill Hecke), se muda para a mansão da família na cidade de Matheson, no estado de Massachussets. A viúva Nina (Darby Stanchfield) reconstrói sua vida com os filhos Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott) com muitas dúvidas e um alcoolismo mal resolvido. Uma série de eventos sobrenaturais surge à medida que os filhos descobrem várias chaves mágicas, cada uma destrancando um portal ou despertando uma habilidade mágica. O desafio que os aguarda é proteger as chaves mágicas de uma entidade maligna, a misteriosa Dodge (Laysla de Oliveira).

Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones) e Bode (Jackson Robert Scott

         Produzida por Andy Muschietti e Barbara Muschietti, diretores do mega sucesso “It – A coisa”, a série passou por uma série de mudanças até que chegasse à Netflix. Publicada em 2008  pela IDW editora, e no Brasil pela Geektopia, selo da Novo Século. A hq original e seu autor ganharam vários prêmios internacionais como o British Fantasy Awards e o Eisner Awards, levando a Universal a anunciar em 2014 uma trilogia de filmes que teria produção de Alex Kutzman e Roberto Orci (Star Trek) mas acabou não acontecendo. Até mesmo Steven Spielberg teve o nome associado a uma possível adaptação. O roteiro escrito pelo trio, com colaboração do próprio Joe Hill, consegue explorar bem os elementos sobrenaturais contidos e inserí-los no drama de uma família que precisa se refazer de uma tragédia, cada um transtornado pelo trauma da morte do patriarca da família, assassinado pelo atormentado Sam Lesser (Thomas Mitchell Barnett). Apesar de constantes inserções de flashbacks que diluem o ritmo da trama principal, o roteiro consegue prender a atenção conforme a teia de mistérios constrói um suspense gradativo cheio de referências à cultura pop. O Esquadrão Savini, formado pelos amigos de Kinsey, homenageia o famoso técnico de efeitos especiais que dirigiu o remake do clássico “A Noite dos Mortos Vivos” em 1990. A procura pelas chaves mágicas lembram a busca pelas jóias de poder de Thanos nos filmes da Marvel com Dodge, a canadense de descendência brasileira Laysla de Oliveira de 28 anos, fazendo uma versão feminina mas não menos ameaçadora do vilão Thanos. Há até mesmo ecos visíveis de “As Crônicas de Narnia” seja na existência de portais mágicos ou na presença dos irmãos que assumem o papel de guardiões das chaves. A mansão que habitam, cheia de mistérios, parece se tornar um personagem vivo na história, uma ambientação essencial para o rumo desta.

Laysla de Oliveira

      O elenco jovem consegue imprimir credibilidade em cena. Connor Jessup como o irmão mais velho que se culpa pela morte do pai, Emilia Jones faz a irmã do meio que procura se livrar do próprio medo, mas quem rouba a cena é Jackson Robert Scott no papel de Bode, o irmão mais novo. Ele é o catalisador da história, desde o início da história quando liberta Dodge de sua prisão no poço, e ao longo dos 10 episódios quando vai descobrindo o poder das chaves e toma a dianteira para enfrentar sua inimiga. O ator, de 11 anos, é bem lembrado como o pequeno Georgie de “It – A Coisa” e já demonstra domínio de cena suficiente para ir longe em sua carreira. Entre o elenco recorrente temos os rostos conhecidos de Aaron Ashmore (Jimmy Olsen em “Smallville”) e Steven Williams (Arquivos X) como o professor Joe Ridgeway da Matheson Academy. Claro que há várias diferenças entre a hq e a série da Netflix, não apenas o desenrolar da luta entre os irmãos Locke e Dodge, mas até mesmo no nome da fictíca cidade Matheson, homenagem ao escritor Richard Matheson, autor de “Eu Sou a Lenda”. Na história original a cidade se chama Lovercraft, nome de outro renomado escritor do gênero, o norte americano H.P.Lovercraft.

           Todo o clima de mistério resulta em algumas respostas no desfecho, mas também deixa outras perguntas no ar, com direito a um gancho bem bolado para uma vindoura segunda temporada. Reparem no último episódio que o motorista da ambulância é o próprio autor Joe Hill fazendo uma aparição rápida. Hill é o filho do escritor Stephen King, e já demonstra ter herdado o talento do pai para surpreender com histórias que exploram o fantástico, o inesperado e, acredite se quiser, a certeza de que existe muito mais do que podemos imaginar se tivermos a oportunidade de abrir a porta da diversão com a chave mais poderosa de todas, a chave da criatividade. Na semana que vem o CCP traz a segunda temporada.

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