
O sucesso dos filmes da Marvel levou a DC Comics/Warner a repensar sua franquia de super-heroís que andava parada. Apesar do resultado satisfatório de “O Homem de Aço” em 2013, a DC mostrava claramente uma falta de planejamento para adaptar o considerável acervo de mais de 70 anos de quadrinhos desde que Siegel & Shuster nos fizeram que um homem poderia erguer facilmente um carro sobre sua cabeça na icônica capa de “Action Comics” #1 em 1939. Durante décadas, a DC tinha se dedicado exclusivamente a explorar ou Superman ou Batman, principalmente depois do fracasso de “Lanterna Verde” (2008). O gigante adormecido demorou a acordar e ver que personagens como Mulher Maravilha, Aquaman e Shazam poderiam se tornar super produções de cinema. Mas como competir com a Marvel que já estava bem solificada após o fim de sua fase I em 2012 com “Os Vingadores” ? Assim Zach Snyder, que havia conseguido resultados favoráveis com as adaptações de “Watchmen” (2009), “300” (2006) e “O Homem de Aço” (2013), foi contratado para dar o pontapé inicial no batizado Universo Extendido da DC, com uma sequência de “O Homem de Aço” com Henry Cavill já estabelecido no papel. Ao anunciar “Batman x Superman – A Origem da Justiça“, o projeto foi entregue a Snyder, e o roteiro ao Oscarizado Chris Terrio (Argo). A polêmica maior surgiu quando o nome de Ben Affleck foi anunciado como Batman.

A DC já havia planejado um filme com o confronto entre os dois heróis em 2001 com roteiro de Akiva Goldsman, que mostraria Batman em uma missão de vingança homicida depois que sua noiva foi assassinada pelo Coringa, levando a um confronto com o Superman. Rumores apontaram até que George Clooney voltaria ao papel, o que o ator nunca confirmou. O filme de Zach Snyder foi lançado em 2016, mas o que chegou às telas acabou sendo extremamente decepcionante. O filme foi encomendado como uma sequência de “O Homem de Aço“, mas também como um prelúdio para o vindouro filme da “Liga da Justiça” . Além disso, o filme faz uma colagem de momentos icônicos dos quadrinhos como “Batman – O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller (1987) e “A Morte do Superman” de Dan Jurgens (1993) à medida que introduz a Mulher Maravilha de Gal Gadot, de longe a melhor coisa do filme. Não que Ben Affleck esteja ruim no papel do Homem Morcego, mas o roteiro não ajuda, ficando confuso à medida que segue o confronto anunciado para depois tão abruptamente transformar os rivais em aliados. O Lex Luthor de Jesse Eisenberg (Truque de Mestre) também não ajuda, caricatural demais e histriônico para um vilão que sempre foi a mente mais diabólica dos quadrinhos do Superman. Ainda assim o filme teve uma bilheteria doméstica de pouco mais de 300 milhões de dólares para um orçamento de 250 milhões.

O que se seguiu ao atribulado lançamento de “Batman X Superman – A Origem da Justiça” foi uma série de revezes que comprometeu tanto o lançamento de “Esquadrão Suicida” de David Ayer em 2016 quanto a “Liga da Justiça” em 2017. Uma tragédia familiar afastou Zach Snyder do controle criativo e a contratação de Joss Whedon (Vingadores) para seu lugar gerou conflitos de bastidores que se seguem até hoje. O filme da “Liga da Justiça” inicialmente planejado para ser feito em duas partes, sendo a segunda o esperado confronto com Darkseid acabou como um fracasso de público e crítica, só redimido em parte ano passado com o “Snyder’s Cut” lançado junto com a plataforma de streaming HBOMAX. Os planos para um filme solo do Batman com direção e roteiro de Ben Affleck naufragaram como consequência direta de todos os atropelos, tendo como honrosas exceções os filmes solo da Mulher Maravilha com Gal Gadot, Aquaman com Jason Momoa e Shazam com Zachary Levi, levando a DC/Warner a entregar Batman para um filme sem grandes conexões com o Universo Extendido e com Matt Reeves (O Planeta dos Macacos) no controle criativo. Em alguns dias estaremos vendo e torcendo para que a DC acerte o passo.