Por Adilson Carvalho

O público sempre foi bastante receptivo à figura dos vilões. Estes fazem uma história se impulsionar em seu antagonismo compulsivo para roubar, destruir ou, simplesmente, como diria o ratinho Cérebro, dominar o mundo. Na essência, a relação de herói e vilão é puramente simbiótica e o fascínio do público pelos malfeitores é notório. Darth Vader é um dos melhores exemplos de uma figura vilanesca que se tornou parte do imaginário popular e foi o foco da segunda trilogia de “Star Wars” realizada entre 1999 e 2003. Vindos das histórias em quadrinhos, alguns personagens mostrados no cinema foram muito expressivos em sua vilania. É o caso do Lex Luthor, arqui-inimigo do Superman, vivido por Gene Hackman no filme clássico de 1978, que fazia questão de se autoproclamar.

E quanto mais megalomaníaco melhor como o Duende Verde (William Dafoe) e Dr.Octopus (Alfred Molina), vilões respectivos de “Homem Aranha”(2002) e “Homem Aranha 2” (2004). Alguns incorporam o próprio caos como o Coringa do saudoso Heath Ledger em “Batman – O Cavaleiro da Trevas” (2008), ou Joaquin Phoenix no excelente “Coringa” (2019), de Todd Philips, um verdadeiro estudo de caso, mergulhado no realismo e com ecos do clássico “O Rei da Comédia” (1983) de Martin Scorcese. Os desenhos animados deram vida à simpáticos azarados na arte da fazer o mal como o coiote que pegar o papa-léguas ou o patético Dick Vigarista. De tão mal-sucedidos acabamos por torcer por eles. E essa inversão de valores funciona muito bem na animação da Dreamworks “Megamente” de 2010 ou na clássica série de Tv “Perdidos no Espaço” em que o vilão Dr.Smith (Jonathan Harris) praticamente rouba a cena dos protagonistas.

A vida real também já elevou malfeitores a um grande nível de popularidade como o casal “Bonnie & CLyde” (1968) vividos no cinema por Warren Beatty & Faye Dunaway. A Tv parece estar explorando esse fascínio por figuras malévolas como os psicóticos Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen) e Norman Bates (Freddie Highmore) personagens icônicos no cinema respectivamente vividos por Anthony Hopkins e Anthony Perkins. Voltando a falar dos quadrinhos, do que seriam os heróis se não fossem os vilões. Nesse quesito, Batman e Homem Aranha colecionam uma riquíssima galeria de malfeitores, com filmes solo para Venom, Morbius, e em breve Kraven o caçador. Claro, que desde 1978 tenho minha predileção por Lex Luthor, “a maior mente criminosa de nosso tempo” tal qual magistralmente interpretado por Gene Hackman. E que se junte à lista uma menção honrosa para o Megamente (2010) dançando ao final “Bad” de Michael Jackson. Ainda a tempo no quesito bizarrice, “Dick Tracy” (1990) tem uma legião de caras maus, um pior do que outro, tal qual à clássica hq de Chester Gould. E ainda dizem que o crime não compensa. Se a vilania existe para todos os gostos, é só escolher quem é o seu favorito.