Por Adilson Carvalho

Blonde (Netflix)
Esse ano tem sido marcante pelo revisionismo de grandes ícones da cultura americana. Primeiro foi “Elvis“, de Baz Luhrmann e agora é a vez de Marilyn Monroe. Mas não espere por uma cinebiografia, pois o filme dirigido por Andrew Dominik, adaptado do livro de Joyce Carol Oates, não é um filme sobre a vida de Marilyn Monroe, mas uma reimaginação de sua trágica vida. O próprio diretor alegou que seu filme explora pouco os diálogos, preferindo conduzir sua narrativa através do impacto de imagens do que a estrela supostamente teria vivido e que a levaram para o fundo de um poço emocional. Para isso, a atuação de Ana de Armas (Entre Facas & Segredos, 007 Sem Tempo para Morrer, O Agente Oculto) como Marilyn Monroe é fundamental. A atriz cubana, passou vários meses aperfeiçoando sua voz para reduzir seu sotaque latino e convencer no papel, que já havia sido oferecido a Jessica Chastain e Naomi Watts. A atriz foi aplaudida por longos minutos quando o filme foi exibido no Festival de Veneza, ainda assim despertou uma forte reação daqueles que se incomodaram que Ana é uma atriz cubana interpretando uma americana. Bobagem, pois ela reproduz com perfeição olhares, gestos e até mesmo o andar de Marilyn Monroe, um papel difícil de fazer pois não basta ostentar a sensualidade à flor da pele que a atriz tinha, mas também sua fragilidade, seus conflitos e seus medos ao longo de vários relacionamentos tóxicos não nomeados mas percebidos como o ex atleta (Joe Dimaggio vivido por Bobby Carnavale), ou o dramaturgo (o escritor Arthur Miller vivido por Adrian Brody). O filme ainda carrega, no entanto, a polêmica das cenas de sexo impactantes como a do estupro no início de carreira, que nunca aconteceu oficialmente. A Netflix pediu que o diretor suavizasse as cenas “quentes”, mas isso não impediu que o filme fosse classificado N-17, ou seja, proibido para menores de 17 anos, a primeira desta faixa para uma produção de streaming. Ainda no elenco temos Chris Lemmon, vivendo o ator Jack Lemmon, seu pai na vida real, com quem Marilyn fez o clássico “Quanto Mais Quente Melhor” (1959). A releitura de Dominik certamente não será a última vez que veremos uma representação da icônica atriz que por anos foi o pecado que morava na imaginação de homens, mas que nunca deixou de ser uma deusa no panteão de Hollywood. (Disponível a partir de 28 de setembro)
Abracadabra 2 (Disney Plus)

Uma das sequências mais pedidas por fãs é o reencontro com as irmãs Sanderson, novamente vividas por Bette Midler, Sarah Jessica Parker e Kathy Najimy. Demorou, mas a Disney atendeu e nos traz uma história com gosto de Halloween antecipado. Dirigido por Anne Marie Fletcher (A Proposta, Vestidas Para Casar), o filme tem Izzy (Belissa Escobedo) , Becca (Whitney Peak) e Cassie (Lilia Buckingham) como as jovens heroínas que, acidentalmente as trazem de volta, e por conta disso enfrentarão as bruxas. Do primeiro filme está de volta Doug Jones (Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado, Hellboy) como Billy Butcherson, mas nenhum dos outros atores do elenco original retorna para essa sequência realizada depois de 29 anos. É o primeiro filme do estúdio a usar o novo logotipo “Disney 100” em comemoração ao centenário de seu criador em 2023. E não se espantem se ainda houver um terceiro filme para formar uma trilogia. Lembrando que foi a estrela Bette Midler a principal incentivadora para a realização deste segundo filme, cuja popularidade é inegável, como um pó de pirlimpimpim. (Disponível a partir de 30 de setembro)
O Legado de Sidney Poitier (Apple TV)

Documentário americano, dirigido por Reginald Hudlin, é um retrato da vida e do legado do ator Sidney Poitier, falecido no dia 06 de janeiro de 2022, aos 94 anos. O astro brilhou em filmes como “Acorrentados” (1958), “Ao Mestre Com Carinho” (1967), “Advinhe Quem Vem Para Jantar” (1967) entre outros. Foi o primeiro ator negro a ganhar um Oscar de melhor ator por “Uma Voz Nas Sombras” (1963), tornando-se um símbolo do orgulho étnico com uma frase poderosa como “Call Me Mr. Tibbs” dita pelo seu personagem em “No Calor da Noite” (1967). (Disponível desde de 23 de setembro)