Por Adilson Carvalho

Os quadrinhos da última década viram a crescente popularidade de anti-heróis, de personagens que fogem do estereotipo de “certinhos” ou “politicamente corretos”. A DC comics tem a Arlequina, o Esquadrão Suicida… e Adão Negro, que de vilão do Shazam (Capitão Marvel na era de ouro), tornou-se um protagonista independente no Universo DC, dono de um código moral próprio. Vejamos sua evolução desde sua criação até a atual encarnação que ganha uma aguardada adaptação para o cinema interpretado por Dwayne “The Rock” Johnson.

Criado por Otto Binder e C.C.Beck, a primeira aparição do Adão Negro nos quadrinhos foi no título “Marvel Family” #1 (Dezembro de 1945). Nascido no antigo Egito, Thet-Adam foi escolhido pelo mago Shazam para ser seu campeão, e assim tornou-se o Poderoso Adam, mas ele enlouqueceu e abusou de seu poder. Como punição o mago Shazam o baniu para uma estrela distante. Ao retornar 5000 anos depois enfrentou o segundo campeão do Mago Shazam, Capitão Marvel, e sua Família. Como os poderes da Família Marvel e do Adão Negro são os mesmos, um não conseguia vencer o outro. Ironicamente, foi o Tio Marvel, único membro sem poderes da Família Marvel, que conseguiu enganar o vilão fazendo-o dizer a palavra Shazam, revertendo-o à sua forma humana, e assim levando-o a envelhecer instantaneamente. Essa foi a primeira e única aparição do personagem na era dos quadrinhos, em sua editora original, a Fawcett Comics.

Nos anos 50 a Fawcett perdeu um processo judicial da concorrente DC Comics que acusava o Capitão Marvel / Shazam de ser um plágio do Superman, e fechou as portas. Foram vários anos de ostracismo editorial até que, ironicamente, a própria DC Comics licenciou os personagens Marvel e voltasse a publicá-los. Em “Shazam! #28″ (1977), Adão Negro foi ressuscitado pelo Dr. Silvana, mas em vez de ajudar o louco cientista a dominar o mundo, Adão decidiu ele mesmo ser o senhor de todo o mundo, sofrendo derrota pelas mãos da Família Marvel várias vezes. Esta versão do personagem encontrou sua derrota final em Crise nas Infinitas Terras, transformado em cristal por um dos membros dos Novos Titãs. A única mudança imediata pós-Crise foi que em vez de uma estrela distante, Adão havia sido exilado em outra dimensão. Demorou para que os personagens voltassem a ter relevância no Universo DC até que após a saga “Zero Hora” (1995) os trouxessem de volta por Jerry Ordway e Peter Krause. Agota Teth Adam passou a ser um ex-aliado do príncipe egípcio Khufu (sendo este a encarnação original do Gavião Negro). Enlouquecido pelo poder ganhado do mago Shazam, este o prendeu em um escaravelho feito de joias. No presente, reencarnado como Theo Adam, encontrou a tumba do mago Shazam em Abul-Simbel, o Vale dos Reis. e recuperou suas memórias de sua encarnação passada. Theo Adam matou os pais de Billy Batson, que viria a se tornar o segundo campeão do Mago Shazam. Ambos se enfrentaram e a batalha termina com Adão sendo provado de sua voz, impossibilitando assim sua transformação mágica.

A ligação entre o Adão Negro e a Sociedade da Justiça começou em “JSA” #6 (1999) quando os escritores David Goyer e Geoff Johns reformularam a equipe clássica, devolveram a voz de Adão e o colocou em rota de colisão com os heróis. No final, Adão se junta à equipe temporariamente como forma de se redimir de seus crimes, mas não demora para que sua visão radical de justiça o leve por um caminho independente, libertando seu terra natal, o fictício Kandhaq e se estabelecendo como o ditador do país, levando consigo o Esmaga Átomo como aliado. Na macrossérie “52” , Adão Negro se casa e forma a Família Marvel Negro, mas quando sua esposa e cunhado são mortos, Adão se volta à praticas ainda mais radicais de justiça. Na continuidade pós Novos 52 surgida em “Liga da Justiça (Volume 2)” # 10, Geoff Johns e Gary Frank reestabeleceram o personagem como essa figura dividida entre o bem e o mal, guiado por um senso de valor próprio. São esses elementos que foram a fonte do roteiro de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani se baseou para o filme estrelado por Dwayne “The Rock” Johnson.