Por Adilson Carvalho

Nem Liga da Justiça, nem Vingadores, nem X-Men. A primeira equipe de super heróis dos quadrinhos foi o primeiro a Sociedade da Justiça da América, ou simplesmente SJA, saída da mente criativa de Sheldon Mayer e Gardner Fox publicada em All-Star Comics #3 (1940), durante a Era de Ouro dos quadrinhos. O grupo incluía as versões originais de Sr. Destino , Lanterna Verde, Flash (Jay Garrick), Homem-Hora , Sandman, Gavião Negro, Átomo , e Espectro. A Mulher Maravilha (surgida em All-Star Comics #8) chegou a integrar o grupo, e as versões originais de Superman e Batman só apareceriam em 2 histórias do grupo nos anos 40. Na primeira metade dos anos 50 o psicólogo Frederic Wertham iniciou sua caça às bruxas com a publicação do livro “Seduction of the Innocent”, e os super-heróis perderam popularidade acusados por WErtham de serem os responsáveis pela delinquência juvenil e por desvios de caráter. Assim a All-Star Comics tornou-se All-Star Western, publicando histórias de cowboys e pistoleiros do velho oeste, marcando o fim da era de ouro.
Não demorou muito para que o super heroísmo renascesse com a publicação de um novo Flash em “Showcase” #4 com roteiro de Robert Kanigher e John Broome e arte de Carmine Infantino. O sucesso de vendas convenceu a DC a reformular vários membros da Sociedade de Justiça vendo nascer assim a Era de Prata dos quadrinhos. A partir desse momento a SJA passou a habitar a dimensão da Terra 2, enquanto suas versões mais jovens formariam tempos depois a Liga da Justiça na Terra 1. Isto permitiu encontros interdimensionais dos grupos anualmente, de 1963 até 1985, além de séries novas como o “Comando Invencível” (All-Star Squadron) e a “Corporação Infinito” (Infinity, Inc.), sendo esta uma equipe formada pelos filhos e herdeiros da Sociedade da Justiça original.

As histórias da “Sociedade da Justiça” incorporaram o momento histórico de sua criação, mostrando o Presidente Franklin Delano Roosevelt pedindo aos heróis que ajudassem os aliados na Europa sem envolvimento oficial do governo americano. Os leitores passaram a se perguntar então por que a SJA, tendo personagens tão poderosos, simplesmente não invadiu a Alemanha e acabou com a Segunda Guerra. O escritor Roy Thomas explicou que havia uma barreira mística erguida a mando de Hitler que impedia que os heróis invadissem a Alemanha ou os países ocupados.

Em 1985, a DC reescreveu sua continuidade com “Crise nas Infinitas Terras“, explicando que os heróis da SJA eram os antecessores da “atual” Liga da Justiça, mas as várias pontas soltas dessa fusão de realidades levou a editora a mexer na cronologia mais uma vez. Coube a Roy Thomas novamente fazer esse ajuste em 1986 na história “The Last Days of the Justice Society” (não publicada no Brasil), em que os membros não morriam, mas antes ficavam presos eternamente num limbo combatendo seres da mitologia nórdica. Somente Poderosa (Power Girl), Sideral (the Star-Spangled Kid), O Espectro e Sr. Destino ficaram de fora ganhando nova existência, e confundindo ainda mais a cronologia que a Dc Comics alegava estar alinhando.

A partir de 2000, o time formado por David Goyer, James Robinson e Geoff Johns deu início a uma brilhante nova fase para a Sociedade da Justiça trabalhando de forma consistente a questão do legado. O título inicialmente chamado apenas “J.S.A” trazia os heróis veteranos (Lanterna Verde/Alan Scott, Flash/Jay Garrick, Pantera/Ted Grant , Gavião Negro/Carter Hall) com novos membros carregando os mesmos codinomes que outros campeões da justiça do passado como Dr. Meia Noite, Senhor Incrível, Sandman, Senhor Destino, Esmaga Átomo, Sideral – depois rebatizada Stargirl entre outros. Foi nessa fase que o Adão Negro foi inserido no grupo, levando meses depois à um inevitável confronto na saga “Reino Sombrio” (2004) em que o Adão rompe com os ideias da equipe, invade o Khandaq onde se estabelece como ditador de seu país natal. Foram 6 anos de vendas crescentes que restauraram a popularidade da equipe equiparando-a à Liga da Justiça. Nesse período destaque para a excelente “Vícios & Virtudes” (2002), desenhada pelo espanhol Carlos Pacheco, na qual Liga da Justiça e Sociedade da Justiça se unem para enfrentar o vilão Despero que dominou a mente do Presidente Luthor. Mesmo depois do evento “Crise Infinita” em 2006, Johns voltou como principal roteirista do título da Sociedade da Justiça, tendo Dale Eaglesham nos desenhos e o fabuloso Alex Ross fazendo várias capas. Nesse período surgiu um segundo título “J.S.A Classified“, que durou 39 edições. Durante o evento “Novos 52” (2011-2015) os heróis da Sociedade da Justiça foram isolados no título “Terra 2” ganhos novos uniformes e novas origens separados do universo DC oficial, com roteiro de James Robinson e desenhos de Nicola Scott. Quando os “Novos 52” mostraram problemas, a editora precisou reestruturar seu seu universo” nas sagas Renascimento DC e “O Relógio do Juízo Final” o grupo foi reintroduzido na continuidade da DC comics e hoje, aparece constantemente nas diversas adaptações seja em animações como “Sociedade da Justiça – Segunda Guerra Mundial” ou em live actions como a série “Stargirl” e agora como parte essencial do filme do Adão Negro. Não tenham dúvida que ainda ouviremos muito sobre o grupo.