CLASSICO REVISITADO ESPECIAL DE HALLOWEEN: NOSFERATU – 100 ANOS

Por Adilson Carvalho

Max Schreck

25 anos depois da impactante publicação de Drácula, o diretor alemão F.W.Murnau (1988 – 1931) dirigiu uma das melhores adaptações do romance de Bram Stoker (1847 – 1912) mesmo sem ter conseguido os direitos de adaptação da viúva Florence Stoker. A inspiração para isso veio de uma experiência de guerra do produtor Albin Grau, que no inverno de 1916, ouviu de um agricultor que seu pai fora um vampiro e passou adiante a ideia ao roteirista Henrik Galeen. Com a recusa de Florence Stoker, o roteirista deslocou o enredo do romance para uma cidade portuária fictícia chamada Wisborg e mudou os nomes dos personagens. Com isso veio também a ideia de que foi um vampiro quem trouxe a Wisborg a peste contraída dos ratos. Além disso ignorou o personagem do caçador de vampiros Van Helsing, concentrando-se no trio Drácula – Mina – Jonathan Harker agora rebatizados de Conde Orlock – Ellen – Thomas Hutter. No filme, o Conde Orlok (Max Schrek) , um vampiro dos Montes Cárpatos que se apaixona perdidamente por Ellen (Greta Schroder) e traz o terror à cidade dela, Wisborg. Foi a única produção da produtora Prana Films, que não conseguiu fugir de um processo judicial conduzido pela viúva de Bram Stoker. Em sua petição judicial, ela exigiu não somente a reparação pecuniária, mas também a destruição imediata de todos os negativos e de todas as películas já reveladas. O processo durou até julho de 1925, e a sentença foi totalmente favorável às demandas movidas aos herdeiros de Stoker. Vários rolos do filme tiveram de ser queimados. Contudo, muitos já haviam sido distribuídos por todo o mundo, e não foram alcançados pelos agentes judiciais. Por isso, em 1929, o filme de Murnau veio a ser exibido em Nova Iorque e em Detroit. Até hoje o filme permanece uma obra irretocável, uma angustiante presença sobrenatural alcançada pela câmera criativa de Murnau e eficiente jogo de sombras. Lembrando que “Nosferatu” foi lançado dois anos depois de “O Gabinete do Dr. Caligari” de Robert Weine (1873 – 1938), o que significa que ambas as obras mergulham na estética do expressionismo alemão. Foi nesse filme que foi estipulado que a luz do sol é fatal para o vampiro, o que entraria para o cânone do vampirismo, mas totalmente ausente no livro de Stoker.

Klaus Kinski e Isabelle Adjani

Em 1979, quando o romance já estava em domínio público, o diretor Werner Herzog refilmou Nosferatu mas apresentando modificações tanto em relação à obra de Murnau quanto ao romance de Stoker. O vampiro volta a se chamar Conde Drácula (Klaus Kinski), embora o nome Nosferatu apareça num livro que a personagem Jonathan Harker (Bruno Ganz) carrega consigo, além de ser o título do próprio filme. Curiosamente, foi trocado o nome de Mina para Lucy, papel da belíssima Isabelle Adjani, que no romance é apenas sua amiga. No filme de Herzog o vampirismo aparece fortemente vinculada à Peste Negra. O completo mistério em torno da figura do ator Max Schreck (1879 – 1936) levou ao interessante filme “A Sombra do Vampiro” (2001) que imagina que ele era um vampiro de verdade (Willem Dafoe) fingindo seguir a escola de Stanislavsky e contratado por um inconsequente e ambicioso F.W.Murnau (John Malkovich). Essa magnífica obra está prestes a ganhar uma nova refilmagem e já tem o nome de Bill Skarsgard (It A Coisa) anunciado oficialmente para o papel de vampiro, no filme que será dirigido por Robert Eggars (A Bruxa).

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