Por Adilson Carvalho

Sean Connery – Thomas Sean Connery nasceu em 25 de Agosto de 1930, em Edinburgh, na Escócia. De origem humilde, era o mais velho de dois irmãos e começou a trabalhar cedo como leiteiro, motorista de caminhão, estivador, e até em casa funerária, antes de tentar a carreira artística. Alistou-se, aos 16 anos, na Marinha Real, mas um problema de saúde, por úlcera estomacal, o afastou do serviço militar, pouco tempo depois. Durante algum tempo, também, trabalhou como salva-vidas, devido ao excelente porte físico, que o levou a concorrer como Mister Universo, em 1950, quando obteve o 3º lugar. Também, chegou a trabalhar, temporariamente, como modelo, antes de começar a carreira de ator, cujo sucesso não foi imediato. Realizou alguns pequenos papéis em peças de teatro e filmes de TV, até 1958, quando conseguiu um papel menor, mas significativo, ao lado da estrela Lana Turner, em “Vítima de Uma Paixão” (Another Time, Another Place). No ano seguinte, fez um vilão no filme “Tarzan’s Greatest Adventure”, estrelado por Gordon Scott. Em “007 Contra o Satânico Dr. No”, em 1962, conseguiu sua grande chance e o contrato para interpretar o super espião nos 4 filmes, que se seguiram até 1967, quando desistiu do papel para alcançar melhores oportunidades na carreira. Com o fracasso do filme, de 1969, “ 007  A Serviço de Sua Majestade”, estrelado por George Lazenby, os produtores conseguiram trazer Connery de volta, mais uma vez, para “007 Os Diamantes São Eternos”, em 1971. Daí em diante, foram anos tentando se livrar da imagem de 007, que Connery sempre repudiou. Uma série de papéis, entre os anos 70 e 80, mostrou que o orgulhoso escocês (que tem uma tatuagem no corpo que diz “Scotland Forever”) tinha muito mais a oferecer. Ainda, voltaria a fazer James Bond em filme produzido fora da franquia oficial, quando Kevin McClory – tendo ganhado na justiça seus direitos por “Thunderball” – refilmou a história que se tornaria o filme “Nunca mais Outra Vez”, em 1984. Aos 57 anos, ganhou o Oscar de melhor ator coadjuvante, pelo papel de Jim Malone, em “Os Intocáveis”, de Brian DePalma. Muitos críticos e fãs concordaram que a idade fazia Connery, ainda, melhor ator. Nas palavras de Steven Spielberg, que dirigiu Connery como pai de Indiana Jones, em “Indiana Jones & A Última Cruzada” – “Existem sete verdadeiros astros no cinema e um deles é, sem dúvida, Sean Connery”. Hoje, aposentado do cinema, ainda, traz indelével, em seu currículo, o posto de melhor intérprete do agente 007, mesmo que o próprio rejeite isso.

Ursula Andress – A modelo suíça Ursula Andress nasceu em 19 de Março de 1936. Foi um dos símbolos sexuais das telas, nos anos 60, quando surgiu, em meio às águas do mar, em “007 Contra o satânico Dr. No” – papel que lançou sua carreira mundial (embora já tivesse participado de produções italianas) para a qual foi escolhida, depois que os produtores Saltzman e Broccoli viram uma foto sua de bikini. Era, na época de Dr. No, casada com o ator John Derek e, com seu personagem, inaugurou a longa linhagem de Bond-girls. Ursula aceitou o papel de Honey, depois do incentivo do grande amigo Kirk Douglas, que a convenceu a pegar a oportunidade. Ela tornou-se, desde então, uma das mulheres mais desejadas do cinema, tendo interpretado, depois, papéis que exploravam sua beleza física, como a feiticeira Ayesha, na produção da Hammer, de 1965; “She”, baseado na obra de R.Rider Haggard; foi o interesse romântico de Elvis Presley, em “O Seresteiro de Acapulco”, em 1963; mesmo ano em que apareceu, junto aos Rat Pack, em “Four for the Texas. Curiosamente, quando “Cassino Royale” ganhou, em 1968, uma filmagem extra oficial, Ursula ficou com o papel da Bond Girl Vesper Lynd, que muito tempo depois coube a Eva Green, quando Cassino Royale foi oficialmente incorporado à franquia, com a estreia de Daniel Craig. Nos anos 80, ainda belíssima, aos 40 anos, mas com a carreira de atriz em decadência, Ursula ficou com o simbólico papel da deusa Afrodite, na primeira filmagem de “Fúria de Titãs”, em 1981. Foi no set desse filme que Ursula conheceu o ator Harry Hamlin, que interpretou o herói Perseu, e com quem teve seu único filho: Dimitri Hamlin. Depois de Fúria de Titãs, Ursula trabalhou em filmes de pouca projeção, na Europa, onde fixou residência, após o nascimento de seu filho, além de algumas aparições na Tv.

Joseph Wiseman  – Nascido em 15 de Maio de 1918, o intérprete do satânico Dr. No iniciou sua carreira na Broadway, ainda nos anos 30, encenando peças shakespeareanas, que foram aclamadas pelos críticos. Nos anos 50, contracenou com outros astros, como Kirk Douglas (Detective Story) e Marlon Brando (Viva Zapata). Nos anos 70 e 80, apareceu em vários seriados de Tv, como “São Francisco Urgente” (1976); “Buck Rogers” (1979); Magnum (1983); “Esquadrão Classe A” (1984), etc…

Trívia

1- A frase “Meu nome é Bond, James Bond” falada por Sean Connery, em Dr. No, ficou em 22º lugar na escolha das melhores falas do cinema feita pelo AFI (American Film Institute).

2- O personagem do agente da CIA Felix Leiter, que foi interpretado em “Dr. No” por Jack Lord (O agente Steve McGarrett, da versão original da série “Hawai 5-0), não aparece, originalmente, no livro Dr. No, de Ian Fleming.

3- Ian Fleming criou o personagem Dr. No inspirado no personagem Fu Manchu, criado nos romances do inglês Sax Rohmer. Fleming queria que Dr. No fosse interpretado por Christopher Lee (o Drácula da Hammer Films) que, na vida real, era seu primo. Curiosamente, Lee atuou como Fu Manchu, em uma série de filmes, nos anos 60 e, em 1976, prestigiou a criação de Fleming, interpretando o vilão Francisco Scaramanga, em “007 Contra o Homem da Pistola de Ouro”, já na fase Roger Moore.

4- A propriedade de Fleming, na Jamaica, chamava-se “Goldeneye’ e foi usada para batizar o 17º filme da franquia e o 1º, onde Bond é interpretado por Pierce Brosnan.

5- A clássica cena de Ursula Andress saindo do mar , vestindo um biquíni branco, foi refilmada, com Halle Berry, na ocasião do lançamento de “007 Um Novo dia Para Morrer”, comemorando os 40 anos de Dr.No. O biquíni de Ursula foi leiloado por cerca de £41.000,00, em Fevereiro de 2001.

6- James Bond é o agente secreto mais imitado, e parodiado, do cinema. No auge da guerra fria, e dos filmes estrelados por Sean Connery, surgiram Matt Helm (Dean Martin), Derek Flint (James Coburn) e Harry Palmer (Michael Caine), mas nenhum deles alcançou a mesma popularidade de Bond ou se mantiveram ao longo de tanto tempo quanto a criação de Ian Fleming. Na Tv, Bond foi parodiado pelo comediante Don Addams, na pele do espião Maxwell Smart, na série de TV “Agente 86”. Nessa série há até um episódio em que o atrapalhado agente secreto enfrenta um vilão simplesmente chamado : Dr.Yes. Outra paródia que bebeu da fonte de 007 em tempos mais recentes foi o agente “Austin Powers” , de Mike Myers que também interpreta o vilão Dr.Evil, este sendo uma cópia óbvia de Brofeld.

7- Em 1964, Fleming criou o personagem Napoleon Solo, um espião nos mesmos moldes de 007, para um seriado co-roteirizado por Norman Felton destinado a NBC. O envolvimento de Fleming teve que ser abreviado, no entanto, pelo contrato assinado com os produtores Saltzman e Broccoli, e a série foi produzida sem nenhuma menção à colaboração de Fleming e chamou-se “O Agente da Uncle”. A saída prematura de Fleming do projeto gerou problemas para a produção da série, além do fato que Solo era o nome de um dos assassinos que aparecem em “007 Contra Goldfinger”. A série, no entanto, foi um sucesso.

8- Apesar de ser mencionada a organização “Spectre”, não aparece no filme seu comandante, Ernest Stravos Brofeld, que se tornaria um dos maiores inimigos de Bond.

9- “007 Contra o satânico Dr. No” é o único filme de 007 sem a já tradicional sequência inicial pré-créditos.

10- A premiere mundial de Dr.No, em 5 de Outubro de 1962,  em Londres, teve o comparecimento de Sean Connery e do próprio Ian Fleming.

11- No filme, Dr. No tem mãos mecânicas, mas no livro de Fleming o vilão possui pinças de metais no lugar das mãos. Apesar de morrer, ao final da história, o vilão reaparece em uma das tiras dominicais de James Bond publicadas diariamente.

12- Devido ao enorme pavor que Sean Connery tem de aranhas, a cena em que Bond tem uma tarântula, andando sobre ele, foi filmada pelo dublê Bob Simmons.

13- O filme também tem a primeira aparição de importantes coadjuvantes das histórias de 007: O chefe M (Bernard Lee) e a apaixonada secretária Miss Moneypenny (a canadense Lois Maxwell). Q, o armeiro do MI6, ainda não aparece em “007 Contra o Satânico Dr.No”. Nesse, o papel é exercido pelo Major Boothroyd, interpretado por Peter Burton. No filme seguinte (Moscou contra 007) o ator galês Desmond Llewelyn assume o papel de Boothroyd e já aparece como Q no terceiro filme “007 Contra Goldfinger” ficando com o personagem até sua morte pouco antes do lançamento de “007 O Mundo Não é o Bastante” em 1999.

14- A vida de Ian Fleming foi romanceada na produção de Tv de 1990 “The Secret Life of Ian Fleming”, transformando-o em personagem de um filme de ação e interpretado por Jason Connery, filho de Sean.