31 FILMES NO STREAMING PARA VER…ANTES DO FIM DE ANO.

Por Adilson Carvalho

#2. O ENIGMA DA PIRÂMIDE (GLOBOPLAY)

Todos reconhecem a figura de Sherlock Holmes, e ninguém duvida que o personagem está mais popular do que nunca . Dois filmes dirigidos por Guy Ritchie estrelados por Robert Downey Jr, série de sucesso da BBC estrelada por Benjamim Cumberbatch, além da versão americana “Elementary” estrelada por Johnny Lee Miller e Lucy Liu, e a excelente Enola Holmes. Pois há 36 anos tivemos um Sherlock Holmes adolescente produzido por ninguém menos que Steven Spielberg.

Em 4 de Dezembro de 1985 quando o filme O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes) estreou nos Estados Unidos, o célebre detetive ainda não era de domínio público. O filme reuniu os talentos de Steven Spielberg (produtor executivo), Chris Columbus (roteirista) e Barry Levinson (direção). Columbus, que dirigiu os dois primeiros filmes da franquia Harry Potter, e mais recentemente, Pixels com Adam Sandler, foi extremamente respeitoso à obra de Conan Doyle. O roteiro imagina como Holmes e Watson teriam se conhecido mais jovens já que em Um Estudo em Vermelho (A Study in Scarlett), primeira aventura literária de Holmes, o detetive e seu fiel escudeiro já são homens adultos.

O filme, que estreou em dezembro de 1985, é narrado por um Watson recém chegado a um colégio interno de prestígio na Londres Vitoriana e conhece seu colega de quarto, Sherlock Holmes, um estudante brilhante mas considerado arrogante demais. Ambos são mostrados como se estivessem entre seus 15 e 18 anos, sendo Holmes um jovem que embora seja capaz de brilhantes deduções, ainda se permite sentir emoções e mantém um namoro com Elizabeth Hardy (Sophie Ward), sobrinha do renomado Professor Waxflatter (Nigel Stock). Seu grande rival na escola é o almofadinha Dudley (Earl Rhodes) que divide as atenções de Elizabeth e que está constantemente desafiando Holmes. Contudo, a maior aventura deste seria vivida além dos muros da escola quando o jovem suspeita que há uma bizarra ligação entre mortes misteriosas de figuras de respeito na sociedade londrina. Apesar de ter seu raciocínio desprezado pelo Sargento Lestrade (futuro Inspetor da Scotland Yard nos livros de Conan Doyle), Holmes e Watson investigam as pistas e descobrem que as mortes são causadas pelo Rami Tap, um culto egípcio que busca vingança de uma expedição arqueológica que no passado profanou a tumba de princesas egípcias. A medida que a investigação se aprofunda vários elementos das histórias Sherlockianas (o chapéu, o cachimbo etc…) são introduzidos, sempre seguindo os cânones escritos por Conan Doyle, tudo precisamente … elementar.

Mesmo a abertura do filme com sombras caminhando nas ruas vitorianas é uma homenagem aos filmes estrelados por Basil Rathbone ao longo da década de 40. O desenrolar da trama (que não ousarei estragar aqui apesar de ser um filme já reprisado bastante na TV) revelará vários traços das histórias do personagem: As razões para sua personalidade fria e distante, a cumplicidade com Watson e, sobretudo, a gênese de seu arquiinimigo o Professor Moriarty. No Brasil, o filme chegou em Maio de 1986, e causou surpresa com a primeira imagem em CGI usada no cinema : O cavaleiro medieval saído do vitral da igreja na alucinação do padre Duncan Nesbitt (Donald Eccles). O efeito foi desenvolvido depois de quatro meses pelo talentoso John Lasseter que anos depois viria a se tornar um dos homens fortes da Pixar, e responsavel por Toy Story. Foi o primeiro filme de cinema produzido pelo ator Henry Winkler (o Fonzie da clássica série de tv Happy Days e co-produtor da igualmente clássica MacGyver), o filme foi premiado com o “Saturn Awards” e indicado ao Oscar de melhor efeitos. O orçamento de $18.000.000 não se tornou nenhum fenômeno de bilheteria e chegou a ser criticado por muitos como uma versão menor de Indiana Jones e o templo da perdição, já que Holmes enfrenta uma seita profana bem similar.

Nicholas Rowe, o Sherlock, era escossês e tinha 19 anos na época. O ator se afastou do circuito Hollywoodiano apesar de alguns papeis de menor proporção como recentemente em Mr. Holmes em que o grande detetive é interpretado por Sir Ian Mckellan. Já Watson foi vivido, aos 15 anos,  por Alan Cox, filho do ator Brian Cox (Sucession), se tornou produtor e ator em várias produções de TV. Hoje é bem mais comum encontrar filmes protagonizados por jovens ou adolescentes heroicos como em franquias milionárias do tipo Harry Potter ou a própria Enola Holmes, e sendo assim podemos imaginar como teria sido bom se tivéssemos sequências desse Sherlock juvenil, que não foi muito bem nas bilheterias da época. A importância indelével de Holmes no imaginário popular é inegável, no entanto. Uma boa pedida para esse fim de ano.

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