31 FILMES PARA VER NO STREAMING … ANTES DO FIM DE ANO

Por Adilson Carvalho

#6. GODZILLA VS KONG (HBO MAX)

Filmes de monstros se enfrentando sempre tiveram seu público fiel e não há dúvida de que Godzilla, o grande lagartão da era atômica tornou-se um fenômeno pop, que foi além das fronteiras nipônicas, e fez do “Kaiju”, a palavra japonesa para monstro, um gênero prolífico. O filme amarra os pontos entre “Kong – A Ilha da Caveira” (2017) e “Godzilla – Rei dos Monstros” (2019), e ainda deixa aberto a possibilidade de novas sequências que a Legendary Pictures há de explorar, tendo recentemente assinado um novo acordo de distribuição com a Sony Pictures.

Há algo de catártico em ver essas duas criaturas colossais se enfrentando, enquanto as notícias de mortes por covid provocam mais sustos que filmes de terror. Mas, se engana quem pensa que esta é a primeira vez que ambos se encontram. Em 1962, o mestre Ishirô Honda (diretor do filme original de Godzilla) realizou “King Kong vs Godzilla”; que como sugerido pelo título, faz do símio o grande favorito, numa luta coreografada com dublês vestindo trajes de borracha, que em nada lembram os modernos efeitos de CGI. Um ano depois, o filme da Toho foi reeditado com cenas adicionais para lançamento fora do Japão. O novo filme segue a vibe moderna dos confrontos com sabor de videogame, que já teve Batman enfrentando Superman, ou Capitão América enfrentando Homem de ferro. Mas não apenas de monstros trocando golpes vive o filme, já que Madison (Millie Bobby Brown, de Stranger Things) insiste em entender a mudança de comportamento de Godzilla, enquanto a empresa Monarch mantem Kong preso em um ambiente virtual que simula a ilha da Caveira, onde é estudado pela antropóloga Dra Ilene Andrews (Rebecca Hall) e sua filha adotiva surda Jia (Kaylee Hottle). Claro que o ataque do lagartão tem um motivo …, mas sem spoilers !!! O que não seria um problema já que a previsibilidade do roteiro é nítida por 113 minutos de muita ação, enquanto os personagens humanos se juntam ao geólogo Dr. Nathan Lind (Alexander Skarsgard) em uma trama que envolve jogos de poder, e supremacia no mundo entre homens e monstros.

Esse convívio, ou melhor conflito, sempre gerou diversas pérolas cinematográficas, muito anterior ao surgimento nas telas de Kong, em 1933, ou Godzilla, em 1954. O próprio Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, imaginou homens e dinossauros (que nunca co-habitaram o planeta) no livro “O Mundo Perdido” (The Lost World) em 1912. Mas foram as habeis mãos de Willis O’Brien, Ray Harryhausen e Eiji Tsuburaya que deram vida aos monstros do cinema, muito antes do advento das imagens geradas por computador. Foi O’Brien quem fez do Kong original a oitava maravilha do mundo, Harryhausen nos fez crer que um dinossauro invadiu Nova York em “O Monstro do Mar”, de 1953, e Tsuburaya foi o técnico de efeitos especiais no Godzilla original, além de pai do herói nipônico Ultraman.

O diretor Adam Wingard consegue inserir algo mais do que dois monstros saindo no tapa, retratando um laço entre a menina Jia e Kong, na mesma tradição do menino Elliot e E.T. As cenas do mundo subterrâneo lembra a busca de Arnie Saknussemm no clássico “Viagem ao Centro da Terra”, de Jules Verne, ou o mundo perdido de Conan Doyle. Isso é mais um elemento que faz do filme um agradável filme pipoca, uma diversão escapista sem grandes ambições, a não ser o de divertir o público, carente diante de um vírus que é um inimigo invisível, cujas variantes assustam mais do que Gamera ou Mechagodzilla. Assim, conseguimos vibrar com o confronto, e mais ainda quando ambos percebem ser necessário se unir em uma versão titânica de duplas como Riggs & Murtaugh (Máquina Mortífera), ou Reggie & Jack (48 Horas) porque o cinemão Hollywoodiano está carente de duplas, de diversão, de pancadaria até, que nos ajudem a extravasar essa energia.

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