31 FILMES PARA VER NO STREAMING … ANTES DO FIM DO ANO.

#10. SCOOBY O FILME (HBOMAX)

Cresci querendo ser também um daqueles “garotos intrometidos”, como reclamavam os vilões depois de capturados ao final de cada episódio, achava a Daphne uma gracinha e curtia muito ver o Salsicha e o Scooby numa parceria de iguais: covardes, engraçados, comilões e ; mesmo assim, triunfando quando precisavam encarar o perigo, mesmo quando por acaso. Então imagine ver – geração após geração – embarcar nessa fantasia iniciada  há quase 51 anos quando a tv americana trouxe uma das animações mais famosas do mundo, e hoje uivamos juntos dizendo “Scooooooby dooooooby dooooooo”. A animação, que funciona como um reboot depois de dois live-actions para o cinema, traz os jovens detetives em uma movimentada aventura mostrando como se conheceram e como foi formado o forte laço de amizade que os une, além de uma irresistível paixão por mistérios. “Scooby ! O Filme” seria lançado nos cinemas no primeiro trimestre deste ano, mas a pandemia adiou o lançamento e depois de massacrado com 48% de aprovação, pelo famigerado “Rotten Tomatoes”, a Warner decidiu lançá-lo em streaming. Embora não consiga alcançar a exata dimensão da animação original, o novo filme tem seus bons momentos, principalmente no prólogo e no desfecho com nítida atmosfera nostálgica.  A Warner tenta estabelecer um universo compartilhado com a turma da Máquina Mistério interagindo com outros personagens dos Estúdios Hanna Barbera como Falcão Azul, Bionicão e Capitão Caverna, mas acaba-se perdendo um pouco o foco da turma de detetives amadores investigando mistérios. Mesmo o clima de “sobrenatural fake” fica diluído quando o grande vilão se revela afinal e o grupo fica dividido, de um lado Fred, Welma e Daphne e de outro Salsicha e Scooby. O diretor Tony Cervone procura mesclar o melhor das 19 séries de animação na TV com elementos do mundo moderno, a começar pelo visual 100% feito com CGI, brigando pelo espaço com as bem-sucedidas produções da Pixar e Lego. A favor existe o tradicionalismo dos personagens Warner que nos acompanham há décadas. A equipe de animadores admitiu em entrevistas a dificuldade de tratar um personagem 2D com o requinte da tecnologia moderna, quando um ângulo mal-empregado pode descaracterizar um protagonista conhecido por avôs, pais e filhos desde 13 de setembro de 1969, quando chegou a primeira série do personagem na CBS, e ainda torná-lo atraente para a geração atual.

      Claro que várias referências à cultura pop não faltam como Welma de Harry Potter, Daphne de cosplay da Mulher Maravilha ou a parafernália computadorizada usada pelo Falcão Azul, na verdade o filho do herói original em busca de popularidade. Entre os dublados temos Zac Efron como Fred, Amanda Seyfried como Daphne, Mark Wahlberg como Falcão Azul, Jason Isaacs como Dick Vigarista e o veterano Frank Welker que fazia a voz de Fred nas animações originais e agora dubla o Scooby. Claro, que a dublagem brasileira é um destaque à parte e a saudosa dupla Mario Monjardim e Orlando Drummond sendo bem representados por seus substitutos nos papéis icônicos de Salsicha e Scooby. Guilherme Briggs faz Scooby e Fernando Mendonça o Salsicha. A dinastia Drummond não poderia ficar de fora e a voz de Fred, quando criança, ficou com Alexandre Drummond, o neto de Orlando, enquanto Felipe Drummond, outro neto, dubla sua versão adulta. E ainda tem o Eduardo Drummond fazendo o Scooby quando filhote. Digno de figurar no livro Guiness de Records com uma carreira de 60 anos na dublagem, 41 fazendo o Scooby, Orlando Drummond é motivo de orgulho para todos.

       Os personagens já tiveram dois live actions no cinema: Scooby Doo (2002) e Scooby Doo: Monstros à Solta (2004), ambos dirigidos por Raja Gosnell com roteiro de James Gunn (Guardiões da Galáxia, o Esquadrão Suicida), e dois na televisão, em 2009 e 2010, além do spin-off  Daphne & Velma”, lançado direto em vídeo, centrado nas duas personagens e lançado diretamente para o mercado de home-vídeo. Com tantas adaptações não é de se estranhar os planos do estúdio para outras séries e filmes. Nada mal para o que começou com uma série infantil cujo nome do protagonista saiu da voz de Frank Sinatra cantando “Strangers in the Night” e balbuciando “scooby-dooby-doo” e agradando o produtor de Tv Fred Silverman que procurava um nome bacana para o personagem criado por Ken Spears, Iwao Takamoto e Joe Ruby para um projeto inicialmente batizado de “Who’s sssssscared?” De la prá cá, a história mostrou como é divertido falar com um cão Dinamarquês que adora biscoitos e caçar zumbis e monstros, desmascarados graças ao talento desses garotos intrometidos, sendo eu – ao menos na minha imaginação, um deles. (Disponível na HBOMAX)

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