31 FILMES PARA VER NO STREAMING … ANTES DO FIM DO ANO

#22. DOUTOR SONO (HBOMAX)

Por Adilson Carvalho

Durante muito tempo os fãs do autor lhe indagaram o que teria acontecido com o menino Daniel Torrance após o final de “O Iluminado”. Em 2013, finalmente essa pergunta foi respondida quando foi lançado “Doutor Sono” e era uma questão de tempo até que este fosse adaptado para as telas. A missão foi conferida a Mike Flannagan, responsável pelo sucesso de “A Maldição da Residência Hill” da Netflix, e que recentemente assinou com a Prime Video com exclusividade de novos projetos. O grande obstáculo para a adaptação é justamente um dos motivos mais louvados pelos fãs, o visual arrebatador impresso pela direção de Kubrick e a imagem indelével de Jack Nicholson arrebentando uma porta com o machado e gritando “Heeeere’s Johnny”. Filme e livro são extremamente diferentes e já é notório que King abomina o filme de Kubrick, chegando a ter roteirizado uma refilmagem para a Tv em 1997. Ainda assim o filme de Kubrick se sobressai no imaginário popular e uma sequência do livro que ignorasse o filme de 1980 não seria estratégico em um mercado tão competitivo quanto as bilheterias mundiais. Nesse ponto que Flanagan consegue realizar a tarefa hercúlea de fazer de Doutor Sono uma continuação do livro de Stephen King mantendo várias referências ao filme protagonizado por Jack Nicholson. Daniel Torrance cresceu, e agora vivido por Ewan McGregor, afogou seu dom de ver os mortos na bebida seguindo os passos destrutivos de seu pai. Frequentando os Alcoolatras Anônimos, Daniel vai trabalhar em uma instituição onde conhece a pequena Abra ( a novata Kyliegh Curran), uma menina com os mesmos poderes de Daniel. Desenvolve-se uma relação paternal que será essencial para que ambos enfrentem a perigosa seita “True Knot”, liderado pela misteriosa Rose (Rebecca Fergunson). Os membros da seita mantem-se imortais sugando a essência vital e os poderes de pessoas como Daniel e Abra.

         Convencer o autor a fazer do filme um equilíbrio entre o livro e conhecido filme de 1980, celebrado como um dos mais assustadores de todos os tempos, foi um mérito e tanto para Flanagan. Foi sua ideia que o escritório em que Daniel é entrevistado para o emprego é o mesmo em que seu pai foi atendido antes de assumir a função de zelador do Overlook Hotel. Várias tomadas filmadas tentam criar referências visuais que são um deleite para quem gosta do filme original. O endereço da pequena Abra é 1980, o ano do filme de Kubrick; e Danny Lloyd, que interpretou a versão criança de Daniel Torrance, é um dos espectadores na sequência do jogo de baseball. Como Jack Nicholson já se aposentou há algum tempo, o fantasma de Jack Torrance é vivido por outro ator; no caso Henry Thomas, que foi o menino do clássico E.T – O Extraterrestre de Spielberg. Claro que tantas referências, um festival de Easter Eggs, complementam uma história onde o sobrenatural não passa de uma alegoria para os traumas da mente humana, algo em que King sempre se sobressaiu em seus romances. O filme encerra as adaptações de Stephen King para esse ano, mas abre a porta para novos filmes, inclusive o próprio Mike Flanagan já demonstrou interesse em trabalhar outros textos do autor, o que sem dúvida será bem vindo, e por que não dizer iluminado.

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