Por Adilson Carvalho

O diretor Roland Emmerich gosta de ser o profeta do apocalipse seja por alienígenas invasores (Independence Day), crise ambiental (O Dia Depois do Amanhã) ou impacto sísmico (2012). Depois do resultado pálido na bilheteria de “Midway – Batalha em Alto Mar” (2019), ele volta a anunciar um grande desastre com a estreia de “Moonfall” (Previsto para esta quinta dia 3). A ideia é bem simples: A lua está caindo na terra e o que podemos fazer agora? Emmerich havia lido “Who Built The Moon?” (Quem construiu a lua?) de Christoper Knight e Alan Butler que sugere que o nosso satélite não é natural e propõe curiosas teorias que vão desde uma inteligência alienígena suprema até mesmo humanos vindos do futuro. O diretor garante, no entanto, que usou esse material apenas como inspiração, criando um desenrolar da história diferente, o que não significa dizer menos fantasiosa.

A ficção cientifica possui várias vertentes, algumas propensas a uma inegável seriedade como na literatura de Isaac Asimov, Ray Bradbury e Arthur C.Clarke, mas os filmes de Emmerich são blockbusters e podemos esperar absurdos e fantasias que se prestam ao puro entretenimento. No filme, os astronautas Jo Fowler (Halle Berry, a tempestade da primeira geração de X MEN) e Brian Harper (Patrick Wilson, o Ed Warren da franquia “Invocação do Mal“) são sobreviventes de um vôo espacial que seguem caminhos opostos. Ela se torna consultora da NASA e ele cai em descrédito total. Ambos se reencontram quando os eventos do passado voltam a impactar suas vidas já que tudo indica que uma força desconhecida e malévola está tirando a lua de sua órbita e atirando-a em direção da Terra.

A premissa serve para que seu diretor mostre tsunamis, enchentes, furações e incêndios arrasando com cidades e destruindo tudo em seu rastro, fora a inversão no efeito da gravidade. Tudo que faz o delírio dos fãs de efeitos especiais em CGI. Mas se a mãe natureza ameaça a vida humana, há uma razão para isso e mesmo que as autoridades pareçam negacionistas, K.C Houseman , o personagem de John Bradley (Game of Thrones) surge na trama como um arauto das teorias conspiratórias. Josh Gad (Pixels) foi cogitado para o papel mas conflitos de filmagens com outros papeis o impediram. Apesar de não levado a sério, sua ajuda poderá fazer a diferença na corrida contra o relógio pois é hora de salvar o mundo, e o destino de todos está nas mãos desses personagens com muita dedicação ao que acreditam, mas nem um pouco levados a sério. Filmado em grande parte em Montreal, o filme pode ser uma montanha-russa divertida, se você não esperar coerência científica nas teorias; ou talvez por isso mesmo um atraente espetáculo para tempos tão difíceis em que uma fantasia disfarçada de “científica” vem a promover uma bela catarse.