Por Adilson Carvalho

Avatar 2 – The Way of the Water (2022) Dir: James Cameron. Com Sam Worthington, Zoe Saldana, Stephen Lang, Sigourney Weaver, Kate Winslet. Ficção Científica.
Quando Avatar chegou às telas em 2009 provocou um grande impacto pelo realismo de seu 3D. A história, escrita pelo próprio James Cameron, trouxe à minha lembrança a lenda de Pocahontas com Zeytiri (Saldana) sendo sua representação alienígena e Jake Sully (Worthington) fazendo as vezes de John Smith. Simples assim como narrativa, mas em uma embalagem de super produção. Claro, que a história tinha outros méritos como uma mensagem antibelicista, alerta ambiental e propondo uma comunhão com a natureza utópica, mas admirável. Cameron usou todos os recursos então para fazer de Pandora um mundo crível, com fauna, flora e clima próprios. Hoje, 13 anos depois, a sequência expande nossa percepção de Pandora, e Cameron não disfarça as debilidades de sua história. Luta do bem contra o mal, a brutalidade e a ambição do homem em contraponto com o equilíbrio da natureza, tudo assuntos já tratados pelo cinema. A ofensiva dos Na’vi e dos Metkayina contra os homens do céu lembra propositalmente tribos indígenas contra o homem branco mau. Em várias sequências Cameron consegue fazer de Avatar 2 um western encenado em outro planeta remetendo às vezes a A Conquista do Oeste (1962).

Mas o filme de Cameron tem outras camadas que faz seus 190 minutos uma experiência cinematográfica que vale a pena. A defesa de Pandora também é a defesa da família contra uma ameaça destrutiva, e quando Jake (Worthington) diz que “Os Sully permanecem sempre juntos” o filme assume o drama familiar, equillibrado com ação e com momentos bem Discovery Channel, já que há várias sequências de pura contemplação quando somos levados ao mar de Pandora. São cenas belíssimas, de vislumbre apaixonante e que diluem propositalmente a história. Cameron não tem pressa de contar sua história, e nesse sentido é de se admirar que seu prestígio funcione a seu favor em uma época que os estúdios não estão nada inclinados a investir em trabalhos autorais. Logo, se pareço desmistificar o impacto nas telas do filme, na verdade estou fazendo o contrário, digo, apesar de clichês e de uma fórmula já conhecida, o filme é um épico cinematográfico que faz o ingresso valer a pena, não precisa ser perfeito ou original, apenas espetacular para os olhos.
