Por Adilson Carvalho

Ator, dublador e cantor, Leo Martins é um dos grandes talentos de nossa dublagem. Sua voz deu vida ao rei do rock no mega sucesso “Elvis” , que depois de uma fabulosa bilheteria, chegou à HBOMAX. Leo também foi a voz do Capitão Boomerang (Jai Courtney) em “Esquadrão Suicida“, Aiden Gillen (Littlefinger) em “Game of Thrones“, fez o Gavião Arqueiro na série animada “Os Vingadores – Os Maiores Heróis da Terra” entre outros trabalhos. Nessa conversa, Leo fala um pouco sobre essa arte chamada dublagem.
CCP: Você já era fã de Elvis Presley antes de dublar o Austin Butler no filme “Elvis” ?
Leo Martins: Bom, como não conhecer Elvis Presley. Quando garoto eu assisti aos filmes dele que passavam na Sessão da Tarde. Nos anos 90 eu comecei a estudar música e comecei também a tocar em uma banda de blues. Nunca fui um fã muito fervoroso de Elvis, mas acho o trabalho dele incrível. A música dele “Trouble” é um blues muito bacana, e até gravei um vídeo no Instagram há pouco tempo tocando a música. Conheci muito mais sobre Elvis dublando o filme. Ele sacudiu o planeta. Realmente ele é um marco na história da música.
CCP: Como foi seu primeiro trabalho na dublagem?
Leo Martins: Meu primeiro trabalho na dublagem, dífícil precisar quando, mas foi a voz de um garotinho no seriado dos anos 80 “Duro na Queda” (The Fall Guy). Eu dizia algo assim “Ei, tá ficando maluco?!“. Se não me engano deve ter sido na Cinevídeo. Pouco depois fiz um vozerio com o saudoso Leonardo José, que nos deixou há pouco tempo, em um filme italiano. Isso deve ter sido por volta de 1983 ou 1984, quando eu tinha uns 7 ou 8 anos.

CCP: Além de dublador, você também é músico. Ambas as atividades se complementam de alguma forma, ou correm paralelas em sua vida?
Leo Martins: Acho que elas se encontraram em um momento em que fui diretor de canção na Audio Corp entre 2006 a 2016. Fiquei um ano afastado e depois voltei. Nesse período eu cantei dublando em aberturas de desenhos como no próprio Vingadores, no filme do Lego, e volta e meio faço isso. Nesse sentido, elas acontecem simultaneamente. Atualmente faço mestrado em música, no qual falo sobre a musicalidade das palavras. Uso um relato de experiência que inclui meu trabalho de dublador. As duas atividades se complementam, e só mudam as ferramentas usadas. Tanto minha vida como dublador quanto como músico significa um longo tempo em um estúdio. Lógico, que como músico tenho que me apresentar em público, diferente de minha vida na dublagem. Fazendo “Elvis“, por exemplo, ambas convergem em harmonia.
CCP: O trabalho de seu pai, Alfredo Martins foi a grande influência em suas paixões, a música e a dublagem?
Leo Martins: Meu pai foi o cara que mais me ensinou como ator e dublador. Ele me levou muito para os estúdios de dublagem e de televisão, quando eu era pequeno, incluindo o período em que a Herbert Richers alugava seu espaço para a Globo gravar novelas, antes da criação do Projac. Fiz alguns spots de rádio com meu pai, um comercial das Casas Chama para o dia das mães. Era um diálogo entre um pai e um filho conversando sobre o que comprar para o dia das mães. Foi o maior professor que tive na área, e me incentivou muito na música, chegando a me dar uma guitarra Fender Stratocaster quando fiz 15 anos. Graças ao apoio de meu pai, fiz bacharelado e depois licenciatura me tornando professor de música.
CCP: Você tem preferência por dublar animação ou live action?
Leo Martins: Realmente a dublagem não é fácil, mas é muito bacana de fazer. Eu me sinto mais livre na animação, para modificar vozes, embora muitas vezes isto também seja necessário em live-action. Eu gosto muito de dublar desenhos, mas há um lado mais desafiador em um trabalho como de “Elvis“, sincronizando o movimento labial com as falas. O trabalho do diretor é essencial para ajudar o dublador a ficar atento a essas nuances. A dublagem em uma animação é mais divertida, no entanto.

CCP: Você já dublou personagem de games?
Leo Martins: Já dublei games sim, e o mais importante que fiz foi o Artamis em “StarCraft“. Lembro também do Artie de “Universidade Monstros“, que virou game também.
CCP: Para encerrar, qual o conselho que você daria para quem se interessasse em trabalhar como dublador?
Leo Martins: Quem quiser se formar dublador, precisa do DRT de ator. Tem que se profissionaliza como ator, como forma de saber interpretar um texto. Depois disso fazer um curso de dublagem, aprender a sincronizar um texto traduzido, bem interpretado. A dublagem é assim uma especialização do trabalho de ator. O caminho é esse.