por Adilson Carvalho

A oportunidade de ver ou, para alguns de rever, Pantera Negra Wakanda Para Sempre no Disney Plus revela o quanto os filmes da Marvel estão prisioneiros da fórmula criada. A ameaça de um reino sub aquático surge no momento em que a Rainha Ramona (Ângela Basset) assume o trono de Wakanda após a morte de T’Challa (Chadwick Boseman). O vilão da vez é Namor (Tenoch Huerta), que parece saído de um desfile de escola de samba, e em nada lembra a imponência do herói submarino. Está é uma das falhas do roteiro: Preocupada em fugir da comparação com a Atlântida de James Wan em Aquaman ( da DC Comics, eterna rival da Marvel), Kevin Fiege preferiu descaracterizar o clássico herói criado por Bill Everett em 1939 com a justificativa da representação latina, que nada contribui para a narrativa. Seu personagem é impiedoso e determinado com profundidade rasa, completamente mal aproveitado. Inconsistência que ele se revele durante o filme como tão poderoso , para perder a luta final de forma tão clichê. Apesar das atrizes Angela Basset (indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante) e Letitia Wright esbanjarem talento, e terem presença marcante na história contada, o filme não tem um ritmo adequado, nem de longe lembrando o primeiro filme, não por enveredar pela atmosfera de luto. Este é o caminho de uma justa e belíssima homenagem a Chadwick Boseman, e também o que o filme tem de melhor. A visão de Shuri com Killmonger (Michael B. Jordan) não convence e o final é apressado em resolver todas as questões levantadas para que Wakanda tenha de volta seu campeão. Mesmo a introdução da personagem Riri Williams (Dominique Thorne) não tem uma justificativa válida a não ser a de criar uma nova série da Marvel. Este tem sido o problema dos filmes Marvel. alimentar a indústria que criou sem ousar de verdade ou aproveitar as possibilidades que esta atual fase poderia produzir, e quem sabe fazer juz ao legado de Chadwick.
