CONTAGEM REGRESSIVA PARA “PÂNICO” – PARTE I

por Adilson Carvalho

            Na metade dos anos 1990, os filmes do gênero slasher já estavam muito desgastados. Jason, Michael Myers e Freddy Krueger já haviam feito de tudo e estavam caindo no desinteresse do público. O então roteirista iniciante Kevin Williamson era fã desses sangrentos e exímios manipuladores de machados e serras elétricas. Assim nasceu a ideia para um roteiro em que personagens viviam cientes dos vilões clássicos do gênero, sendo perseguidos e mortos por um misterioso assassino com prazer em citar os clichês que representam. O roteiro a princípio chamado de “Scary Movie” teve que vencer a má vontade dos estúdios que não estavam interessados em investir em algo que não era promissor. A “Dimension Films”, dos hoje vilanescos Irmãos Weinstein, não só comprou o roteiro como também buscou o mestre Wes Craven, o pai de Freddy Krugger, para ficar na cadeira de diretor. Este se recusou por estar envolvido no remake de “Desafio do Além” (The Haunting), que acabou não saindo do papel. Ainda assim Craven parecia pouco ou nada à vontade para aceitar a função, mas veio a mudar de ideia e assinou com o projeto que mudou de nome para “Scream”.

Em vez de nomes desconhecidos, como de costume nesse tipo de filme, o elenco traria atores de projeção começando com Drew Barrymoore que foi inicialmente contratada tendo em vista o papel de Sidney Prescott, mas a própria atriz preferiu o papel de Casey Becker impactando o público com a imprevisibilidade da morte, assim qualquer um poderia ser uma vítima do misterioso Ghostface, além de Courtney Cox, que fazia na época a Mônica de “Friends” como a repórter Gale Weathers e Neve Campbell, da série “O Quinteto” assumindo o papel da heroína. “Pânico” se aproxima assim da geração que sintonizava nas séries dos canais por assinatura, tão populares na época quanto são as séries das plataformas de streaming hoje em dia. O filme de Craven não apenas cai na cultura pop, mas se alimenta dela, já que antes de matar, o mascarado adora atormentar seu alvo com perguntas sobre filmes de terror. A metalinguagem se torna uma marca registrada e um diferencial das demais franquias.

O elenco do filme ainda trouxe Matthew Lillard, que viria a viver o Salsicha nos futuros filmes do “Scooby Doo” (2002 e 2004), David Arquette, da série “Buffy- A Caça Vampiros” e Rose McGowan, que faria a bruxa Paige Halliwell na série “Charmed” em 2001. Várias cenas precisaram ser editadas para satisfazer a classificação do MPAA, e evitar prejuízo nas bilheterias. Em Janeiro de 1997, estreava no Brasil, um mês depois da estreia americana, faturando US$ 173, 046, 663 internacionalmente para um orçamento de US$14,000,000. Os números não só garantiram as sequências, que já haviam sido rascunhadas por Williamson, como renovaram o gênero e atraíram o público para o que estava por vir, um banho de sangue e a figura de Ghostface como uma figura pop. Aguarde no CCP tudo sobre as sequências de “Pânico” e suas paródias ao longo dos anos seguintes.

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