WARNER 100: PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL

Por Adilson Carvalho

Há 50 anos Clint Eastwood tem parceria com a Warner Brothers. O último lançamento de Eastwood foi Cry Macho: O Caminho para a Redenção (2021). O ator também é conhecido por outros filmes, como Sniper Americano (2018), com Bradley Cooper, e Fuga de Alcatraz (1979). Mas na sequência dos artigos sobre os filmes mais emblemáticos neste centenário da Warner, vamos lembrar do policial mais durão das telas, vivido 5 vezes por Clint Eastwood, e que estreou em 1971. Hoje, em um mundo politicamente correto demais, a figura de Harry ficou incompatível e, talvez por isso reservada apenas às reprises. Em uma realidade em que os direitos humanos privilegiam cada vez mais o malfeitor que as vítimas, a discussão de justiça a qualquer preço se mostra ainda extremamente relevante, mesmo 50 anos depois do lançamento de “Perseguidor Implacável”, de Don Siegel, que iniciou a lucrativa franquia.  No início dos anos 70, a criminalidade urbana havia alcançado expressivos índices, e os crimes do Zodíaco haviam abalado a segurança pública no final da década anterior. Foram 37 assassinatos reivindicados pelo homicida através de cartas enviadas à imprensa até 1974.

Nunca se descobriu sua identidade, ou suas motivações em meio a 5 mortes confirmadas, e as demais ficando no arquivo de suspeitos e desaparecidos. O roteiro de Harry J. Fink & Rita M.Fink foi inspirado no trabalho do detetive policial David Toschi, que investigara os crimes do Zodíaco, que já havia sido a inspiração para “Bullit” (1968), estrelado por Steve MacQueen. Este, inclusive foi um dos inicialmente considerados para o papel de Dirty Harry, além de Burt Lancaster, Paul Newman e Frank Sinatra, que chegou a ser confirmado para o papel título com direção de Irving Keshner, mas acabou não acontecendo. O roteiro seria reescrito várias vezes como forma de filtrar a violência, incluindo com colaboração de Terrence Malick que modificou vários elementos da história. Quando o projeto caiu nas mãos da Warner Brothers, o ator Clint Eastwood escolheu o roteiro original trazendo o icônico Don Siegel para a direção. Ambos já haviam trabalhado juntos (Meu Nome é Coogan, Os Abutres tem Fome, O Estranho que Nós Amamos, e ainda fariam depois “Alcatraz Fuga Impossível”), e em “Perseguidor Implacável” fizeram um Western urbano, onde um agente da lei se vê sozinho em um duelo com um assassino psicótico, quando o sistema a que serve se mostra emperrado em burocracia e política. A truculência e a brutalidade de suas ações são reflexo desta cruel realidade ou apenas a questionável justificativa de que os fins justificam os meios? O ator Andrew Robinson passou por momentos de constrangimento depois da estreia do filme. Pacifista interpretando um psicopata, o intérprete do assassino Scorpio precisou tirar seu número de telefone da lista ao receber várias ameaças de morte. A polêmica não impediu que Harry Callahan se tornasse um avatar da justiça a cada filme, em um total de 5 realizados entre 1971 e 1988.

No próximo artigo do centenário da Warner vamos acreditar que um homem pode voar.

Deixe um comentário