Por Adilson Carvalho
Além de Enola Holmes 2, a Netflix considera uma aventura derivada centrada no Sherlock de Henry Cavill, então vamos lembrar 8 interpretes do maior detetive do mundo nas telas.
BASIL RATHBONE (1939 – 1946) – O Sherlock Clássico

As adaptações de Holmes para as telas começaram ainda na era do cinema mudo. Apesar do curta “Sherlock Holmes Baffled” de 1900, em que o intérprete do grande detetive permanece anônimo até hoje, a primeira adaptação oficial foi com Maurice Costello em “The Adventures of Sherlock Holmes” de 1905. Contudo, o mais conceituado intérprete do detetive é Basil Rathbone (1892/1967) que, ao lado de Nigel Bruce (1895 – 1953) como o fiel Dr.Watson, viveu Holmes num total de 14 filmes, sendo os 2 primeiros (“O Cão dos Baskervilles / The Hound of the Baskervilles” e “As Aventuras de Sherlock Holmes/ The Adventures Of Sherlock Holmes” ) para a Fox e os demais para a Universal começando com “Sherlock Holmes & A Voz do Terror/ Sherlock Holmes and the voice of Terror” 1942 e terminando com “Melodia Fatal / Dressed to Kill” em 1946. Rathbone ficou eternamente associado a Holmes, o que desagradou ao ator que por isso se cansou e não quis mais continuar.
PETER CUSHING (1959 – 1968) – O Sherlock da Hammer

Outra ótima adaptação de um texto de Conan Doyle é a versão da Hammer Films de “O Cão dos Baskervilles / The Hound of Baskervilles” feita em 1959 com Peter Cushing (O Van Helsing de “O Vampiro da Noite”) como Holmes e Andre Morell como Dr.Watson. Esta foi a primeira aventura de Holmes filmada em cores e se beneficiou do sucesso que o estúdio da Hammer estava obtendo com filmes de Terror desde 1957. Curiosamente, Christopher Lee (o Dracula da Hammer) aparece aqui como Sir Henry Baskerville, o cliente de Holmes, três anos antes do próprio Lee interpretar Holmes em “Sherlock Holmes und das Halsband des Todes” – uma produção Franco-alemã. Curiosamente, Cushing voltou a interpretar Holmes em uma série de TV inglesa realizada entre 1964 e 1968.
CHRISTOPHER PLUMMER (1979) – O Sherlock mais empático

Holmes foi vivido por Christopher Plummer, o Capitão Von Trapp de A Noviça Rebelde, duas vezes. A primeira no filme canadense feito para TV Silver Blaze (1977) no qual Thorley Walters fez o papel do Dr. Watson. Dois anos depois Plummer voltou ao papel em “Assassinato por Decreto / Murder by Decree” (1979) que coloca o grande detetive no encalço de Jack o Estripador, levando Holmes a uma conspiração que o leva ao altos degraus da monarquia britânica. Curiosamente, na vida real o notório assassino cometeu seus crimes na mesma época vivida por Conan Doyle. A atuação de Plummer é mais humana, capaz de demonstrar mais sentimentos e distante da imagem mais fria de Rathbone.
NICOL WILLIAMSON (1977) – O Sherlock problemático

Em “Visões de Sherlock Holmes“ (The seven per cent solution) ocorre um encontro inusitado entre Holmes (Nicol Williamson) e outro gênio da vida real, Sigmund Freud (Alan Arkin). Tudo extraído da peça de Nicholas Meyer e adaptado para o cinema em 1976. alucinações vívidas resultantes de seu vício em cocaína.
Nicholas Rowe (1985) – O Sherlock adolescente

O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes) é uma movimentada aventura juvenil produzida por Steven Spielberg em 1986, e que imagina a adolescência de Holmes & Watson, período nunca retratado nos romances de Conan Doyle. Várias pessoas começam a ter ilusões inexplicáveis que as levam à morte, desafiando o intelecto investigativo de um Homes adolescente que se depara com um culto egípcio infiltrado na Londres vitoriana. O roteiro é de Chris Columbus, o diretor dos dois primeiros filmes da franquia Harry Potter. A cena do cavaleiro medieval que ganha vida ao sair do vitral foi a primeira cena gravada com CGI, supervisionada por John Lassiter antes de sua ida para a Pixar, e que levou quatro meses para ficar pronta.
Michael Caine (1989) – O Sherlock sem noção

Igualmente curiosa e mais divertida ainda é a paródia “Sherlock & Eu” (Without a clue) de 1988, que imagina que o verdadeiro gênio da dupla era o Dr. Watson (Ben Kingsley). mas que para não ter sua carreira de médico prejudicada por seu hobby de investigar crimes, contrata o ator decadente Reginald Kincaid (um hilário Michael Caine) para se passar por um fictício Sherlock Homes, e assim atrair a atenção da imprensa. Tudo poderia ser uma perfeita farsa, não fosse pelo fato de que Holmes/Kincaid é um completo imbecil, um incorregível mulherengo e um patético bêbado. Nesta deliciosa brincadeira com o mito Sherlockiano tudo se encaixa de modo a gerar uma piada. O poder de observação dedutiva de Holmes, o famoso endereço 221b Baker Street, a figura competitiva e nem um pouco brilhante do Inspetor Lestrade (vivido por Jeffrey Jones – o sr.Rooney de “Curtindo a vida adoidado”) e a malévola persona de Moriarty (Paul Freeman). Tudo engendrado de modo a gerar uma fina curtição com os mitos da tradição Vitoriana.
ROBERT DOWNEY JR (2009 – 2011)

A reinvenção do mito por Guy Ritchie rendeu dois ótimos filmes estrelados por Robert Downey Jr e Jude Law em 2009 e 2012. No primeiro uma série de assassinatos brutais coloca a dupla Holmes & Watson no encalço de Lord Blackwood (Mark Strong), um nobre com intenção de domínio global. A trama prepara para o filme seguinte em que Holmes enfrenta seu maior adversário, o diabólico professor Moriarty (Jared Harris). Aguarda-se muito para a continuidade dessa franquia, co-responsável pela nova onda de popularidade do grande detetive com as plateias atuais.
BENEDICT CUMBERBATCH (2010 – 2017) – O Sherlock mais fiel

A produção que divide com os filmes de Guy Ritchie o mérito de colocar Holmes no topo da popularidade é a série da BBC. Este novo Holmes acontece na época atual, se usa muito celular, internet e tecnologia recente. Holmes é feito por Benedict Cumberbatch e Watson por Martin Freeman (como um veterano da Guerra do Afeganistão) . Os episódios são inteligentes e divertidos e os personagens carismáticos . Toque genial de Mark Gatiss e Steven Moffat em inserir os personagens na Londres atual, usando a tecnologia moderno (celular, email, iPhone), sem que com isso venha a abandonar a velha tradição do raciocínio dedutivo ao longo de suas 4 temporadas, que se encerraram com um gostinho de quero mais.