Por Adilson Carvalho

Vencedor de sete Oscars em 1962 (Melhor filme, direção, fotografia, cenografia, som, montagem e música) o filme Lawrence da Arábia é sem exageros um dos maiores épicos de todos os tempos. Um filme de superlativos: Custou cerca de US$ 15 milhões e rendeu US$ 45.306.425, filmado ao longo de 15 meses com cerca de 5 mil extras. Produzido por Sam Spiegel (1901 – 1985) e dirigido por David Lean (1908 – 1991). Ambos já haviam trabalhado juntos em 1957 na realização de A Ponte do Rio Kwai, outro clássico maravilhoso. Mas estamos aqui para falar deste épico, que é também uma cinebiografia ao dramatizar a vida de Thomas Edward Lawrence (1888 – 1935), agente do exército britânico incumbido de defender a causa árabe contra os turcos em 1916, plena Primeira Guerra Mundial. T.E Lawrence, como ficou conhecido, tornou-se líder da libertação árabe contra a própria colonização inglesa, campanha sobre a qual escreveu o livro The Seven Pilars of Wisdow (Os Sete Pilares da Sabedoria) em 1926.

A vida de Lawrence foi cheia de enigmas e ambiguidades, servindo a diversos livros que ora o tratam de herói estóico ora como um presunçoso exibicionista , razão pela qual o roteirista Robert Bolt (1924 – 1995), junto com a colaboração anônima de Michael Wilson (1914 – 1978), preferiram romantizá-lo, torná-lo um destemido e ousado aventureiro que serve a uma causa maior que os interesses de seu país de origem. O semblante de Peter O’Toole (1932 – 2013) foi perfeito para as pretensões do roteiro, mais alto e mais bonito que o Lawrence da vida real. O filme lançou sua carreira, colocando-o ao lado de um elenco all-star que inclui Omar Shariff (1932 – 2015), Alec Guiness (1914 – 2000), Anthony Quinn (1915 – 2001), Anthony Quayle (1913 – 1989), Jose Ferrer (1912 – 1992), Claude Rains (1889 – 1967), Jack Hawkins (1910 – 1973) entre outros.

Dificilmente um filme com essas qualidades seria feito hoje em dia, com todo o esmero empregado por todos os envolvidos. Um filme de 3 horas e 38 minutos que mantem, revisto hoje, todo o esplendor de sua época. Conquistou admiradores como o crítico Roger Ebbert (1942 – 2013), George Lucas, Steven Spielberg (que ajudou em sua restauração) e foi eleito em 2007 como um dos maiores filmes de todos os tempos (#7) pelo AFI (American Film Institute). Sua influência é sentida em outras produções como a homenagem em 007 O Espião Que Me Amava (1977), que toca o fantástico tema de Maurice Jarre (1924 – 2009) ou a nítida e indisfarçável sequência no deserto de Tatooine em Star Wars Uma Nova Esperança, que evoca as belíssimas imagens de Peter O’Toole pelo deserto, um foco épico e mitológico de um heroísmo que não foi, mas poderia ter sido, ao menos no cinema é.
ACS