POLTRONA 6: A MORTE DO DEMONIO – A ASCENÇÃO

Por Adilson Carvalho

Curto bastante um bom filme de terror, mas de uns tempos para cá tem sido difícil encontrar um. Essa nova visitação à franquia iniciada por Sam Raimi em 1981 não conseguiu suprir essa carência. O filme tenta fazer ponte com os filmes originais em diversas cenas: o travelling da câmera representando o despertar dos espíritos malignos, a possessão de Ellie dentro do elevador amarrada por cabos tal qual os cipós das árvores na trilogia de Raimi, a voz de Bruce Campbell (o Ash) na gravação em disco mas nada disso basta para reacender o mesmo clima inventivo que mesclava terror e comédia nas incursões originais de Raimi. Este sabia habilmente dar um toque criativo mesmo no filme original com orçamento baixíssimo, e que esse já não faz, preferindo entregar um pastiche de sangue (Foram gastos 6.500 litros de sangue falso) e uma provocação de nojo que jamais substitui a sensação irracional de medo de bons títulos do gênero como IT – a Coisa ou Nós. Mesmo uma pretensa tentativa de emular cenas de O Iluminado (1980) não alcançam o resultado esperado. Lee Cronin não é Stanley Kubrick, e o exagero visual disfarça mal as debilidades de um roteiro, em que o elenco tem nada a dizer ou fazer. O filme, no entanto, deve gerar continuação pois seu orçamento estimado em US$ 12 milhões já gerou o dobro de receita no mercado doméstico (entenda-se mercado americano), onde foi exibido nas salas de cinema depois da boa resposta das exibições teste que convenceram a Warner a abandonar o plano inicial de lançar o filme exclusivamente no streaming. Na história, a tatuadora Ellie (Alyssa Sutherland) vive com os filhos Brigdet (Gabrielle Echols), Danny (Morgan Davies) e Kassie (Nell Fisher) num prédio prestes a ser condenado. A família recebe a visita inesperada de Beth (Lily Sullivan), irmã de Ellie que está no início da gravidez. Durante a madrugada, a família se surpreende com um terremoto que abre uma fenda no chão do estacionamento, trazendo do chão o Livro Dos Mortos, o mesmo recitado por Bruce Campbell no Evil Dead original (1981). Inadvertidamente despertos por Danny (Davies), Ellie é possuída, iniciando uma sede de sangue matando um por um. A troca do cenário da floresta para o urbano poderia até funcionar se o roteiro não tivesse preocupado mais no susto fácil do que em trabalhar o medo de forma mais criativa.

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