HQ TERRITORIO NEUTRO: LADY SNOWBLOOD – UMA HISTÓRIA DE VINGANÇA (DESACONSELHÁVEL PARA MENORES DE 18 ANOS)

Por Leo Banner

LADY SNOWBLOOD é um mangá que foi publicado originalmente em formato de série na revista Playboy Weekly da editora Shueisha entre fevereiro de 1972 e março de 1973. Foi traduzida para o inglês e publicada pela editora Dark Horse em 4 volumes entre 2005 e 2006, e chegou ao Brasil nos mesmos moldes, com o título LADY SNOWBLOOD – UMA HISTÓRIA DE VINGANÇA em 4 volumes pela editora Panini Comics, entre os meses de agosto e novembro de 2021.

Criada e escrita por KAZUO KOIKE (o mesmo criador do clássico Lobo Solitário) e ilustrada por KAZUO KAMIMURA, a trama traz a história de YUKI KASHIMA, A Princesa Demoníaca da Neve e sua saga de vingança, como o próprio título já entrega logo de cara! Ainda que que seja uma história clichê, a trama é muito bem conduzida e desenvolvida por Koike, e se inicia no ano XX da era Meiji no Japão (era moderna, que vai de 1868 a 1912) com os primeiros dois capítulos mostrando a protagonista iniciando sua jornada de vingança. No capítulo seguinte começamos a entender as motivações de Shura Yuki, que foi concebida exatamente para esse fim! Anos antes de seu nascimento, sua família fora assassinada por conta das consequências da chamada “Revolta do Imposto do Sangue”, em função das artimanhas de um quarteto de ladrões que extorquiam pessoas de inúmeros vilarejos. A mãe de Shura, Sayo, teve o marido e o filho assassinados e passou dias sendo violentada pelos três homens que compunham o grupo de desonestos em questão, conseguindo matar um deles e indo para prisão por conta disso. Dentro do presídio, condenada à prisão perpétua, Sayo se sujeita a todo tipo de situação e consegue com isso conceber SHURA, a quem confia sua missão de vingar a família. Antes de falecer, Sayo conta sua história a Otora, uma detenta que ficou ao seu lado e passou a criar Shura como se fosse sua própria filha, passando a ela a missão deixada por sua mãe. Com o passar dos anos e um árduo treinamento, Shura se torna uma hábil guerreira capaz de cumprir a vingança de sua família.


Em contrapartida a essa trama forte, triste e pesada temos o lindo, belo e delicado traço de KAZUO KAMIMURA que retrata de forma singular os extremos requeridos pelo roteiro, que vão desde os combates mais sangrentos até os momentos mais singelos de pura emoção. Algumas pessoas podem se incomodar com os momentos de hipersexualização da personagem principal e as várias cenas de nudez, mas posso garantir que esses momentos não são gratuitos e servem adequadamente à trama. E a habilidade de Kamimura em retratar tais cenas salta aos olhos, beirando o lirismo em algumas partes da história. Shura se torna uma mercenária errante, fazendo vários serviços para arrecadar fundos a fim de alcançar seu intento, e vai formando profundas relações de cumplicidade e amizade ao longo da trama, e uma das mais marcantes é a que desenvolve já na metade final da saga com Miyanara-san, um famoso escritor de caráter duvidoso que, superadas todas as adversidades iniciais, desenvolve um vínculo verdadeiramente paternal com a protagonista, revelado inesperadamente numa das cenas mais emocionantes que já vi em um quadrinho.

O mangá já havia sido publicado alguns anos atrás pela CONRAD Editora e já foi adaptado para o cinema no filme LADY SNOWBLOOD de 1973, dirigido por Toshiya Fujita, com Meiko Kaji no papel título. Outra curiosidade interessante é que Quentin Tarantino revelou que o mangá LADY SNOWBLOOD também lhe serviu de inspiração para KILL BILL VOL. 1. De qualquer forma, ainda que tenha seus altos e baixos, a trama no geral é muito boa e o roteiro envolvente de KAZUO KOIKE estimula o leitor a acompanhar as desventuras de SHURA YUKI! Não sou consumidor inveterado de mangás, mas até o momento, este foi um dos melhores que já tive a oportunidade de ler! Recomendo.
Avaliação: 3,5/5.

Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻

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