Hoje completam 61 anos da morte de Norma Jean Mortenson, o mito Marilyn Monroe. Vamos homenagear a atriz com este belo artigo sobre sua vida e obra.

Muito já se falou de Marilyn Monroe: sua beleza, seu ar de ingenuidade, fragilidade e sensualidade à flor da pele, elementos helenísticos de uma Afrodite do panteão Hollywoodiano. A maldição de ter se tornado um mito tão grandioso lhe custou a felicidade pessoal, mas dentro de Marilyn, havia Norma Jean Mortenson, nascida em Los Angeles em 1º de Junho de 1926, e que completa hoje 60 anos de sua morte. Sua mãe trabalhava no departamento de montagem da RKO, mas de seu pai, ela nada sabia além de histórias nunca comprovadas. A instabilidade mental de sua mãe, Gladys Baker, a levou a ser internada em um hospício, e consequentemente Norma se viu abandonada em orfanato e sucessivos lares adotivos que aumentaram em sua alma a sensação de desamparo. Durante a Segunda Guerra Mundial, Norma passou a trabalhar em uma fábrica de aviões, aos 16 anos, época em que posou pela primeira vez e ficou conhecida entre a unidade de soldados americanos nas Aleutas como “Miss Flamethrower” (algo como Miss Lança-chamas). Com essa mesma idade, casou-se pela primeira vez com o namorado James Doughterty, irlandês de 21 anos, para não ter que voltar a viver em orfanatos. A partida de Jimmy para lutar na Segunda Guerra deixou Norma mais uma vez só, mas ela gostava de ler, ouvir Bethoven, e chegou a estudar literatura na UCLA durante esse período. Trabalhando no esforço de guerra, não demorou para que Norma chamasse a atenção como modelo fotográfico, e daí para sonhos maiores de estrelatos que talvez preenchesse o vazio de sua alma. Quando Jimmy voltou da guerra, não concordou com as aspirações de Norma, para quem uma vida de dona de casa e esposa fiel não mais lhe satisfaria. Norma seguiu com suas ambições após o divórcio em 1946, e voltou a ser fotografada desta vez para as revistas “U.S Camera” e “Parade”, se envolvendo por um curto período com o fotógrafo húngaro André de Dienes. Assinou contrato com a Twentieth Century Fox com um salário de 125 dólares por semana fazendo figuração. Nascia naquele momento Marilyn Monroe, ficando um ano na Fox e, depois seguindo até 1950 quando conseguiu um papel menor, mas importante, sob a batuta de John Huston em “O Segredo das Joias / The Asphalt Jungle” . No mesmo ano, conseguiu um papel menor em “A Malvada/ All About Eve” dirigida por Joseph L. Mankiewics. Aos 27 anos, Marilyn posou para a primeira edição da revista Playboy, foto que a impulsionou profissionalmente. Já havia tingido seus cabelos de loiro, recriando-se à imagem e semelhança de Jean Harlow, a Vênus platinada dos anos 30, que Marilyn tanto admirava. Sua altura de 1,66m e corpo escultural brilharam na capa da primeira edição da Revista Playboy e no ano seguinte, casou-se pela segunda vez com o jogador de baseball Joe DiMaggio e foram morar em Beverly Hills, próxima ao antigo lar de Jean Harlow.

Conseguiu trabalhar com grandes diretores como Henry Hathaway (Torrentes de Paixão / Niagara – 1953), Howard Hawks (O Inventor da Mocidade / Monkey Business – 1952 e Os Homens Preferem as Loiras / Gentlemen prefer blondes – 1953). Neste último, cantou e dançou no marcante número musical “Diamonds are girl’s best friend”, que Madonna recriaria nos anos 80 no vídeo clip de “Material Girl” assumindo a idolatria por Monroe. Naquela primeira metade dos anos 50, já roubava os holofotes de estrelas maiores de sua época como Rita Hayworth e Ava Gardner. À medida que o sucesso lhe abria as portas, sua vida pessoal desmoronava, com o divórcio de DiMaggio nove meses após o casamento, para pouco tempo depois se casar com o dramaturgo Arthur Miller, dois anos depois. Ainda que o star system Hollywoodiano lhe tenha proporcionado a chave do sucesso, também a aprisionou em um arquétipo de beleza que ofuscou qualquer tentativa de ser levada a sério por qualquer dote dramático.

Se em meio aos papeis de loira fatal havia uma atriz maior, talvez nunca saberemos, mas é fato que ela buscava isso, já que nos anos 50 estudou no Actor’s Studio de Lee Strasberg. Ainda é digno de nota os dois filmes que fez com o mestre Billy Wilder, que soube como aproveitar sua figura ingênua e sensual em roteiros divertidos que a tornaram mais icônica como em “O Pecado Mora ao Lado /The Seven Year Itch” – 1955 e “Quanto Mais Quente Melhor / Some Like it Hot” – 1959. Já havia se tornado notório seus atrasos nas filmagens e as dificuldades para memorizar suas falas. Tornou-se histórico seu caso com o presidente Kennedy, que segundo fontes não oficiais começara logo após o divorcio de DiMaggio. Em 19 de Maio de 1962, quando o presidente Kennedy comemorava seu aniversário na sede do partido Democrata, Marilyn cantou um caliente “parabéns para você” que não disfarçava em nada seu envolvimento romântico com o presidente, causando ao líder da nação americana e sua família um constrangimento que viria a afastá-lo de Marilyn. Segundo boatos a estrela chorou nos braços do irmão do presidente, o futuro senador Robert Kennedy com quem também veio a se envolver, mas sua vida se desintegrava ao seu redor. Fechando o ciclo iniciado em 1950 com “O Segredo das Joias”, fez seu canto do cisne nas telas em roteiro escrito por Arthur Miller em “Os Desasjustados”, fazendo de Roselyn um espelho de sua própria vulnerabilidade e beleza madura aos 35 anos. O inacabado “Something’s got to give” que faria junto do amigo Dean Martin, e com direção de George Cukor, deixou para a posteridade as cenas de um banho de piscina que inflamariam a imaginação e o desejo masculino. Em 5 de agosto de 1962 seu corpo sem vida foi encontrado em sua casa iniciando uma série de teorias conspiratórias que segue até hoje. Marilyn juntou-se ao panteão celestial deixando no mundo uma marca indelével, não apenas na cultura pop, mas no coração de todos nós.