Por Adilson Carvalho

Notável de fato o efeito que a mídia vem chamando de Barbenheimer, filmes de de gêneros tão distintos, lançados no mesmo dia (20 de julho no Brasil). Longe de julgar aqui os méritos artísticos de cada obra, posso dizer que é inegável que ambos os filmes vieram em boa hora para reaquecer uma indústria cada vez mais refém de reboots e filmes de franquia. Nesse sentido, uma versão live action de uma boneca e uma cinebiografia de uma figura tão polêmica quanto o criador da bomba atômica atraíram a atenção de um público sintonizado no streaming. Já se anuncia uma versão live action da boneca Polly Pocket, e certamente outras cinebiografias se avistam no horizonte de produções, o que se fará sentir mais assim que a greve chegar ao fim. Com tantas variáveis a se considerar, podemos imaginar o quanto Hollywood poderia se redefinir com projetos novos, filmes mais centrados em si mesmos com roteiristas, diretores e atores que ressuscitem a habilidade de contar uma história, e não de gerar meramente um produto. Ainda que Barbie seja nesse sentido um filme para estimular a popularidade da boneca mais famosa do mundo, não devemos menosprezar seu efeito nas bilheterias, principalmente lembrando do fiasco das versões live action de Max Steel e G.I.Joe. O mérito é de Greta Gerwig e Noah Baumbach, roteiristas que souberam inserir no texto questões relevantes ao girl-power ressonantes no mundo que nos cerca. Por isso tudo que o fenômeno Barbenheimer torna-se algo curioso e esperançoso por um cinema mais humano e criativo.