Por Adilson Carvalho
Com a chegada de Megatubarão 2 na próxima quinta, vamos rever os títulos que fizeram destes animais vorazes um dos grandes vilões do cinema.

O cinema nunca se cansa de mostrar filmes sobre tubarões. Não importa o quanto os biólogos tentem defendê-lo, o cinema cuidou de explorar bem o medo inconsciente que temos desse predador que vive há aproximadamente 400 milhões de anos em nossos mares. Nas telas ele protagoniza praticamente um sub- gênero do típico filme de monstro, o que mostra o quanto o público está disposto a ver pessoas sendo devoradas por esse vilão marinho.

Mesmo que mais de 200 espécies de tubarão estejam sob o risco de extinção, de acordo com a “International Shark Foundation”, eles estão no topo da cadeia alimentar e nós estamos no topo do cardápio. Assim o cinema e a Tv fizeram tudo para vilanizá-los mostrando tubarões gigantes, tubarões inteligentes e tubarões vingativos. Peter Benchley enriqueceu com o livro Tubarão (Jaws), a história de um grande branco que ataca as praias da fictícia Amity, ilha na costa leste dos Estados Unidos. Adaptado ao cinema, este tornou o nome de Steven Spielberg mundialmente conhecido, abocanhando as bilheterias e inaugurando para uma geração o conceito de blockbuster de verão. Seu filme seguiu a cartilha hithcockiana de mostrar pouco e sugerir muito, estimulando a imaginação com o tema de duas notas de John Williams. Foi uma forma criativa de disfarçar as deficiências técnicas de Bruce, o tubarão mecânico batizado pelo diretor com o nome de seu advogado, um monstro sorrateiro que não faz concessões, movido por uma fome insaciável: O peixe ou o advogado ?! Ainda mais voraz é a fome de lucro dos produtores que realizaram mais 3 sequências, nenhuma das quais dirigidas por Spielberg: Tubarão 2 (1978) repetiu Roy Scheider a contragosto no papel do Chefe Brody; Tubarão 3 (1983) em 3D que acentua ainda mais suas deficiências, e Tubarão IV – A Vingança (1987) que trouxe de volta Lorraine Gary, do elenco original, quando o tema já estava desgastado. O único desses que consegue trazer alguma informação respeitosa é o filme de 1978 quando o Chefe Brody comenta que os Tubarões seguem sensorialmente os impulsos elétricos dos corpos em movimento na água.

Claro que outros estúdios invadiram essa praia e investiram em filmes B. Em 1976 Mako – O Tubarão Assassino (Mako – The Jaws of Death) mostrava um homem com o poder de se comunicar com um tubarão dessa espécie hoje ameaçada pela caça predatória. Outro caso curioso é a co-produção anglo-mexicana Tintorera (1977) baseado no livro do oceanógrafo Ramón Bravo. O nome de origem espanhola se refere ao tubarão-tigre, que despertou o interesse de Bravo que observou como estes peixes ficam em estado adormecido no fundo do mar em “Isla Mujeres” no Caribe. O ataque da referida espécie é secundário, já que o filme dirigido por Rene Cardona Jr está mais para uma aventura erótica destacando os corpos curvilíneos das atrizes Susan George e Fiona Lewis. Na época, o filme foi bem popular aqui no Brasil, além de ter se tornado parte da coleção particular do renomado Quentin Tarantino que o exibiu no 8ª Festival Internacional de Filmes de Morella, no México.
Confira amanhã a segunda parte deste artigo.