Por Adilson Carvalho

Em meio à briga pela herança de Elvis envolvendo Priscila, a viúva do rei, e sua neta Riley Keough, o Paramount Plus lança o documentário Reinventando Elvis: O Retorno de 1968, revisando uma das mais icônicas apresentações de Elvis na TV. O lançamento prova a importância do lendário cantor ainda hoje. Lembro muito bem aquele dia 16 de agosto de 46 anos atrás, eu tinha 8 anos e já era um mini-fã que assistia filmes como “Feitiço Havaiano” e “Saudades de um Praçinha” na Sessão da Tarde. O jornal noticiava então a morte de um homem, o nascimento de um ícone que atravessa ja décadas angariando uma legião de admiradores e imitadores. Aos 42 anos, Elvis havia tido uma carreira cinematográfica que contava 31 títulos, tinha feito a primeira transmissão de um show via satélite, em cores, para mais de 40 países, e viria a se tornar postumamente o artista mais vendido do mundo, superando os números alcançados em vida, que já eram astronômicos.

Em seu tempo, Elvis chegou a ser chamado de “o branco com voz de negro”, com sua voz poderosa entoando canções que mesclavam gospel e o rhythm and blues. Na primeira fase de sua trajetória, de 1954 a 1958 Elvis foi o rei da rebeldia juvenil ao som de “That’s all right Mama”, “Blue Suede Shoes” e “Jailhouse Rock”, ponto alto dessa fase que teve filme homônimo, entitulado no Brasil “O Prisioneiro do Rock n’Roll”, hino dessa geração que quebrava convenções e ditava um ruptura comportamental com o sistema. A segunda fase se inicia com Elvis no exército, domado por uma manobra empresarial que visava mostrar o cantor, que antes não podia ser filmado na TV da cintura para baixo, sob uma ótica de bom moço, patriótico. Elvis serviu na Alemanha, sem regalias e chegou a sargento dois anos depois, quando deu baixa, mas abandonou os palcos em prol de uma carreira em Hollywood. Durante os próximos oito anos, o rei lançou vários discos acompanhando uma média de dois a três filmes por ano. Nenhum deles, no entanto, provou-se à altura de um desafio para Elvis. Devido a constantes interferências do seu empresário, o Coronel Tom Parker, Elvis perdeu o papel de “West Side Story” e ficou restrito a papéis menores em produções românticas. Dessa fase são dignas de nota a parceria de Elvis com as dançarinas Juliet Prowse (em “Saudades de um Praçinha”) e Ann-Margret (em “Amor a Toda Velocidade”), com quem encenou excelentes números de canto e dança. No mais, sua carreira estagnou e o Rei se distanciou de seu público, somente reencontrando-o, e redescobrindo uma nova faixa de público, quando retornou em grande estilo no especial de TV “Comeback Special”, de 1968.

Voltando aos palcos a partir daí, o outrora “The Pelvis” embalou seu público como intérprete de canções românticas, em sintonia com um novo momento em sua vida quando se divorciou de sua esposa Priscilla, com quem teve sua única filha, Lisa Marie (1968/2023). Entre 1970 e 1977 foram vários shows e discos que firmaram um novo público para o cantor. Apesar de gradativamente se debilitar fisicamente devido aos excessos com comida e remédios (Elvis era hipocondríaco), sua voz nunca o abandonou. Sua morte por ataque cardíaco selou seu destino, mas não calou sua voz, perpetuada até hoje bem como sua imagem icônica que o torna o único artista cujo nome é reconhecido no mundo todo sem precisar do sobrenome para despertar um culto em torno de uma das mais belas vozes já ouvidas, que chorava quando cantava “My Way”, de Frank Sinatra, se requebrava, encantava e amava porque viver é intenso, Now or never. Viva sua memória. Elvis Forever !!!