GALERIA DE ESTRELAS: INGRID BERGMAN

Por Adilson Carvalho

Celebramos hoje os 108 anos de nascimento e os 41 anos de passagem dessa grande atriz que faz parte do panteão das deusas da sétima arte. Lembremos hoje de Ingrid Bergman.

Uma das maiores atrizes da clássica Hollywood era também uma mulher de forte personalidade capaz de corajosamente enfrentar os desafios de uma mudança radical, atuar em diversos papeis sem jamais ficar presa a um único tipo. Dona de uma beleza despretensiosa, mas notável, Ingrid Bergman impressionou o público com seus lábios carnudos, 1,75 m de altura e uma classe indisfarçável que a fez a segunda atriz mais oscarizada no cinema (perdendo apenas para Katherine Hepburn).

Casablanca

Nascida em Stokolmo, na Suéçia, em 29 de agosto de 1915, dez anos depois que Greta Garbo, outra sueca que conquistou Hollywood. Seu pai era fotógrafo e sua mãe era alemã, e morreu quando Ingrid tinha apenas dois anos. Após sua morte, ela foi enviada para morar com uma tia, que morreu de doença cardíaca apenas seis meses depois. Ela então se mudou para morar com seus tios Hulda e Otto. Quando recebeu uma bolsa de estudos para a Royal Dramatic Theatre School, onde Greta Garbo, também havia estudado. Depois de vários meses a ela foi dado um papel numa peça teatral chamada Crime, escrito por Sigfrid Siwertz, e não demorou muito para ser contratada por um estúdio de cinema sueco. Em 1939, Ingrid viajou para Hollywood, levada por David O. Selznick, para estrelar a refilmagem de seu filme sueco Intermezzo (1936), quando ainda era incapaz de falar inglês. A partir daí o mundo inteiro rendeu-se a uma grande atriz que tinha um estilo próprio que em Hollywood alguns diretores e produtores definiam com um glamour ao ar livre, que fazia com que ela interpretasse da mesma maneira vibrante tanto uma camponesa como uma princesa. Seu marido, Dr. Petter Lindström, permaneceu na Suécia com sua filha Pia (nascida em 1938) enquanto Ingrid alcançava o estrelato aparecendo ao lado de Spencer Tracy em O Médico & O Monstro (1941), ao lado de Humphrey Bogart em Casablanca (1942) e com Gary Cooper em Por quem os Sinos Dobram (1943), sendo este seu primeiro filme colorido pelo qual recebeu seu primeiro Oscar. Mas foi Casablanca, de Michael Curtiz, que tornou-se seu filme favorito, interpretando o papel de Ilsa, a bela esposa norueguesa de Victor Laszlo (Paul Henreid), um dos líderes da resistência francesa, mas também a mulher do passado do expatriado Rick Blaine (Bogart). Curiosamente, Bergman não considerou Casablanca como uma de suas atuações favoritas e dizia “Eu fiz tantos filmes que eram mais importantes, mas o único que as pessoas querem conversar é com Bogart“.

Sob o Signo de Capricornio

Foi em 1944 que a Academia lhe rendeu seu primeiro prêmio de melhor atriz por “À Meia Luz”, dirigida por George Cukor. Pouco depois entrou em um ciclo crescente de trabalhos sendo dirigida por Alfred Hitchcock em Quando Fala o Coração (1945), Interlúdio (1946) e Sob o Signo de Capricornio (1949). Bergman admirava fortemente dois filmes do diretor italiano Roberto Rossellini que ela tinha visto nos Estados Unidos, e assim ela escreveu para Rossellini, expressando essa admiração e sugerindo que ela fizesse um filme com ele, resultando no filme Stromboli (1950). Durante a produção, Bergman e Rossellini mantiveram um romance, seguido de gravidez. Em fevereiro de 1950 nasceu Renato Roberto Rossellini, mas nessa altura o caso de Bergman com o diretor italiano fez da atriz uma adúltera rejeitada pelo moralismo vigente, considerada persona non grata pelo Senado americano. Em consequência do escândalo, a atriz retornou à Itália, deixando seu marido e filha (Pia). Ela passou por um divórcio e uma batalha de custódia. Bergman e Rossellini se casaram em 24 de maio de 1950. Além de Renato, eles tiveram duas gêmeas (nascidas em 18 de junho de 1952), uma delas Isabella Rossellini, que se tornou atriz e modelo.

Assassinato no Expresso do Oriente

Em 1956, o fim do casamento com Rosselini também representou o fim de seu exílio de Hollywood com um retorno triunfante no longa Anastasia – A Princesa Esquecida, atuando ao lado de Yul Brinner, papel pelo qual ganhou seu segundo Oscar de Melhor Atriz e a consagração como “uma das maiores atrizes do mundo”. Na cerimônia do Oscar daquele ano, Ingrid foi apresentada por Cary Grant, sendo aplaudida de pé por todos. Em 1972, o senador Charles H. Percy entrou com um pedido de desculpas no Registro do Congresso pelo ataque feito a Bergman 22 anos antes. Com menos trabalhos ao longo da década de 60, Bergman logo tornou-se uma das poucas atrizes a receber três Oscars quando ganhou seu terceiro (na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante) por seu desempenho em Assassinato no Expresso do Oriente (1974). A atriz fez alguns trabalhos também na TV, onde teve seu último trabalho no papel da primeira-ministra israelense em Uma Mulher Chamada Golda (1982), pelo qual ganhou postumamente o Globo de Ouro de melhor atriz. Bergman morreu em 29 de agosto de 1982 em seu aniversário de 67 anos em Londres, em decorrência de um câncer de mama. Seu corpo foi cremado no cemitério verde de Kensal, Londres, e suas cinzas retornaram a Suécia. Não foram os prêmios recebidos, ou os papéis que representou que fizeram de Ingrid uma atriz inigualável, mas sua coragem e determinação, a capacidade de ousar mesmo quando todos ao redor lhe viraram as costas. Certa vez, enfrentou a pressão de Hollywood que lhe criticou a altura e as sobrancelhas grossas, sugerindo uma maquiagem mais acentuada à qual recusou para preservar sua identidade, e provar seu indiscutível talento. Uma mulher indubitavelmente inesquecível à medida que o tempo passa, as time goes by.

Uma Mulher Chamada Golda, seu canto do cisne

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