Por Leo Banner

Publicada originalmente em forma de capítulos a partir de 1988, AS CRÔNICAS DA ERA DE GELO é uma obra de ficção-científica com roteiro e arte de JIRO TANIGUCHI trazida ao Brasil pela Editora Pipoca e Nanquim em 2021 em dois volumes com formato padrão e papel pólen bold de boa gramatura.

A trama mostra um futuro em que o planeta Terra em função de algum distúrbio climático retornou à Era de Gelo, o que resultou em significativas alterações geofísicas, fim de potências mundiais e o surgimento de novas formas de vida. A história se inicia no Ártico, na estação mineradora TALPA, cujo objetivo é captar novos recursos necessários à sobrevivência humana que se encontram abaixo da superfície planetária congelada, e onde se encontra o inexperiente Takeru Yamato, filho do presidente da Companhia Givre de Desenvolvimento de Recursos, conglomerado responsável pela estação. Uma série de fatores ocasionados pelo aparecimento de novas formas de vida, o colapso iminente da estação de Talpa e a possibilidade de uma nova alteração climática mundial vão levar Takeru Yamato a rever seus próprios conceitos e partir numa missão objetivando alcançar a sede da Companhia Givre milhares de quilômetros abaixo do Ártico acompanhado de um improvável grupo de pessoas.

A história traz questionamentos e reflexões não apenas acerca de fenômenos climáticos extremos mas também sobre o uso indiscriminado e irracional de recursos que podem vir a interferir no equilíbrio e harmonia do meio-ambiente. O roteiro de Jiro Taniguchi não é brilhante – nem original -, não explica nem delimita exatamente o momento onde se deu o desequilíbrio ambiental que ocasionou o retorno da Terra a uma nova Era de Gelo e parece se concentrar mesmo na jornada do protagonista, chegando a se perder em alguns pontos, apresentando também um desfecho um tanto quanto corrido e aparentemente apressado. O grande destaque da obra, no entanto, vai para a esplêndida arte de Taniguchi que consegue nos brindar com boas sequências de ação e lindos quadros de tirar o fôlego, nos quais consegue retratar de forma impressionante complexas estruturas tecnológicas assim como a vastidão de paisagens inóspitas e desoladas com grande requinte, talento e riqueza de detalhes.
Não é a melhor história com o tema mas serve como uma boa reflexão para se pensar na imensurável degradação feita ao meio-ambiente nas últimas décadas e suas nefastas e prováveis consequências num futuro que talvez possa não ser tão distante. Não se apegue ao desfecho, apenas curta a história. 😉
Um pequeno detalhe digno de nota, numa sala de recreação da Usina de Talpa – na verdade, é um bar mesmo – a mesa de pinball na qual Takeru está jogando é de um certo gigante verde que ocupa um lugar especial no coração deste que vos escreve. 🤭.
É um mangá interessante.

Avaliação: 3/5

Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻