Por Adilson Carvalho

Quatro tartarugas mutantes ninjas adolescentes tornaram se parte do cenário da cultura pop há quase 40 anos. Santa tartaruga !!!! E tudo começou de forma despretensiosa quando Kevin Eastman e Peter Laird criaram juntos os personagens movidos pela paixão pelas hqs enquanto buscavam uma ideia inédita. Direto do forno da inspiração os dois amigos tiravam referências de hqs como Ronin (1983), Demolidor, Os Novos Mutantes e até mesmo o porco Cerebus (1977) que tinha formas antropomorfizadas. Deixando de lado a ideia inicial de usar nomes japoneses, Eastman e Laird batizaram seus quatro heróis com os nomes de artistas da Renascença, e cada um recebeu uma característica e personalidade própria. O líder Leonardo usa duas espadas, o brincalhão Michelângelo com nunchakus, Donatello, o mais reservado, com um bastão e o rebelde Rafael com adagas semelhantes às usadas por Elektra na Marvel.

Os quatro são treinados pelo equilibrado Mestre Splinter, um rato vindo do Japão. Como nenhuma editora se interessou pelo projeto, os próprios criadores resolveram fundar a Mirage Comics em suas casas, investindo na tiragem inicial de Teenage Mutant Ninja Turtles #1 (maio de 1984), lançada na cidade de Portsmouth durante uma convenção de quadrinhos. O sucesso os levaram a ser procurados por distribuidoras resultando em uma segunda impressão, e ainda uma terceira, garantindo a continuidade da série que trazia o quarteto enfrentando criminosos, senhores demoníacos, criaturas mutantes e alienígenas invasores até a chegada do Destruidor, alter-ego de Oroku Saki, um mestre do ninjitsu, rival mortífero do Mestre Splinter e líder de uma gangue de ninjas, o Clã do Pé. O elenco coadjuvante logo também incluiu a reporter April O’Neill e o mascarado Casey Jones. O clima das histórias, editadas em preto e branco, era bem sombrio e mais violento que as adaptações para live action e animação, que surgiram a partir do licenciamento que começou pouco mais de um ano de publicação do título Teenage Mutant Ninja Turtles. Eastman e Laird deixaram os roteiros e arte com outros profissionais, que suavizaram o clima sombrio inicial, enquanto passaram a cuidar de um grande negócio. Depois de um role-playing game pela Palladium Books, uma série de miniaturas de chumbo pela Dark Horse, reimpressões coloridas das revistas originais, e brinquedos da Playmate Toys, natural que viesse uma série animada, inicialmente uma minissérie de cinco episódios em 1987 seguido de uma temporada completa no ano seguinte, lançada junto dos brinquedos.

As Tartarugas logo se tornaram um sucesso internacional, com o desenho durando até 1996. Eastman & Laird retornariam para as hqs em 1992 no arco intitulado City at War, com os desenhos de Jim Lawson, que nessa altura se firmara como o principal artista da série. Em paralelo à série original, os personagens tiveram tiras de jornal e mangás, em 1996, chegando a ser publicadas pela Image Comics, com histórias produzidas por Erik Larsen, criador do Savage Dragon, que também apareceu nas histórias. A série em preto e branco terminou em agosto de 1993, mas anos mais tarde, com o lançamento da série de 2003, foi lançada uma série pela Dreamwave, escrita por Peter David. Em 2011 as tartarugas Ninjas passaram a ser editadas pela IDW Publishing, lançando novas histórias. As histórias da série em preto e branco chegaram ao Brasil em 1990 colorizadas e publicadas pela Nova Sampa. Em 2007 foi a vez da Devir republicar o material original em preto e branco, e em 2020 a Pipoca & Nanquim começaram a editar o material em volumes de capa dura. Volte aqui ao CCP para conferir as adaptações dos personagens de Eastman e Laird para a TV e cinema