CICLO 007 : CONNERY – 007 CONTRA GOLDFINGER

Por Adilson Carvalho

Embora produzido em 1962, 007 Contra o satânico Dr. No chegou ao Brasil em 7 de setembro de 1963. Para comemorar a data, vamos celebrar com 6 artigos, cada um destacando um filme de cada um dos 6 intérpretes de James Bond. Para começar vamos relembrar 007 Contra Goldfinger, sempre citado entre os melhores filmes do agente secreto.

Depois do sucesso dos dois primeiros filmes, os produtores Albert Broccoli e Harry Saltzman queiram distanciar Bond do clima da guerra fria. O vilão da vez seria Auric Goldfinger, um milionário determinado a tomar para si o controle financeiro do mundo. A trama foi adaptada do sétimo livro de Ian Fleming Goldfinger, publicado originalmente em 1959, com orçamento estimado em US$ 3 milhões, o triplo de 007 Contra o Satânico Dr.No, o primeiro filme da série. Era setembro de 1964, a première de 007 contra Goldfinger no Reino Unido, quase um ano após o assassinato de Kennedy em Dallas, Castello Branco havia sido eleito presidente do Brasil e Ian Fleming, o pai do super espião sofrera um infarto fatal, falecendo pouco antes que o público pudesse assistir o melhor filme feito com o personagem.

Gert Frob, Honor Blackman e Sean Connery

Não é exagero afirmar que 007 Contra Goldfinger tem um lugar especial na filmografia do agente secreto. Quando lançado, entrou para o livro Guiness de Record como a maior bilheteria do cinema. O filme já se inicia com a icônica sequência pré-créditos, a primeira em que a ação desenrolada é independente da missão assumida por 007 no filme. Bond saindo de uma roupa de mergulho e vestindo um impecável smoking branco foi uma sequência marcante, imitada e homenageada por James Cameron em True Lies (1994). A voz de Shirley Bassey, hoje com 83 anos, cantando a música tema na abertura é essencial na criação do clima de sedução representada por 007. Não à toa, Bassey voltou à franquia em outras duas vezes (1971 para Os Diamantes são Eternos e 1979 para 007 Contra o O Foguete da Morte.  O filme, que veio a ser dirigido por Guy Hamilton, também entrou para o livro 1001 Filmes para se ver antes de morrer, de Steven Schneider, sendo até hoje o filme mais celebrado da série e eleito o melhor de todos pela BBC.

Shirley Eaton e Sean Connery

As filmagens foram realizadas no estúdios Pinewood; recriando o interior do Fort Knox, onde o megalomaníaco Auric Goldfinger planeja explodir uma bomba nuclear que irá contaminar toda a reserva de ouro, fazendo do vilão o único a possuir o vil metal pelo qual é obcecado. O ator alemão Gert Frobe, contratado diante da impossibilidade de ter Orson Welles no papel,  falava muito mal o inglês e precisou ser dublado várias vezes. Ao seu lado o mortífero Oddjob, com sua cartola cortante e físico truculento, foi silenciosamente vivido por Harold Sakata, ex campeão olímpico. Depois de Ursula Andress e Daniela Bianchi, a bondgirl ficou com a inglesa Honor Blackman, então com 39 anos, no papel de Pussy Galore (nome sugestivo  que os produtores quase mudaram para Kitty Galore), líder da esquadrilha que fará parte do plano de Goldfinger. Sua personagem, que nos livros é declaradamente lésbica, resiste no início mas acaba se rendendo ao charme de Bond, mudando de lado e de orientação sexual à medida que Bond se aproxima da conclusão de sua terceira missão nas telas. Outro ponto marcante na franquia é Jill Masterson (Shirley Eaton) , a jovem morta por Goldfinger ao ser asfixiada com tinta de ouro cobrindo seu corpo.

Harold Sakata e Gert Frobe

Livro e filme. Embora os livros de Ian Fleming adaptados tenham sofrido grandes modificações nas telas, Goldfinger trouxe poucas alterações em relação à história original. Além da sexualidade de Pussy Galore, a luta final entre Bond e Oddjob é diferente, ocorrendo à bordo de um avião em vez de eletrocutado no Fort Knox. A partida de golf entre Goldfinger e Bond é maior no livro e Felix Leiter, o agente da CIA que é amigo de 007 tem participação com maior destaque. A sequência da luta de Judo entre Pussy e 007 também não está no livro, tendo sido escrita a pedido de Broccoli para explorar as habilidades de artes marciais de Honor Blackman. No livro, Bond não dirige o famoso Astor Martin DB5, mas um modelo anterior DB3 007 estrangula Goldfinger ao final da história. Fora isso, livro e filme compartilham de vários momentos em comum.

Trivia.

# 1. Goldfinger foi a primeira história de Ian Fleming publicada na revista James Bond da RGE, em 1965. A revista seguiu por 18 edições. No Reino Unido, a adaptação foi publicada  pela “Daily Express”.

# 2. Foi o primeiro filme da série exibido na Tv americana e foi o primeiro filme que o ator irlandês Pierce Brosnan, 5º interprete do personagem, assistiu nos cinemas.

# 3. Os produtores planejavam filmar em seguida 007 A serviço de sua majestade, mas como a história do livro previa filmagens nos Alpes Suiços, o que seria muito custoso, os produtores decidiram trocar por 007 contra a chantagem atômica.

# 4. O filme ganhou o Oscar de melhor efeitos sonoros.

# 5. O papel de Jill Masterson foi oferecido a Joan Collins, mas com sua recusa foi para Shirley Eaton, hoje a única sobrevivente do filme depois do falecimento de Sean Connery em 31 de outubro.

James Bond retorna ao cinemacompoesia na próxima semana com a estreia de George Lazenby.

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