PRELO & PELÍCULA: 47 ANOS DA MORTE DE DAME AGATHA CHRISTIE – OS INTÉRPRETES DE HERCULE POIROT

Por Adilson Carvalho

À Esquerda Peter Uistnov, no centro Albert Finney e à direita Kenneth Branagah

Agatha Christie (1890-1976) fez de seu detetive belga, Hercule Poirot, um dos maiores personagens do romance policial. Baixinho, com um indefectível bigode e sempre orgulhoso de suas pequenas células cinzentas, Poirot é até hoje a criação mais popular da autora britânica. Além de sua excentricidade e elegância europeias, Poirot é meticuloso em sua abordagem e nem um pouco modesto de sua capacidade dedutiva e comparável a Sherlock Homes. Tanto um quanto o outro dividem preferências, carregam uma legião de admiradores e estão no mesmo pódio entre os maiores investigadores da literatura. Já foi vivido por diversos atores, tendo sido o desconhecido Austin Trevor o primeiro Hercule Poirot das telas, no filme “Alibi” (1931), adaptação de “O Assassinato de Roger Ackroyd”. Trevor retornou ao papel em “Black Coffee” (1931) e  “Lord Edgware Dies” (1934).

À esquerda Austin Trevor e à direita Tony Randall

Tony Randall foi o segundo ator a interpretar Poirot em “The Alphabet Crimes” (1965), adaptação de “Os Crimes ABC” , que traz a curiosidade de ser o único encontro entre Poirot e Miss Marple (Margareth Rutherford). Em 1974, Albert Finney conquistou uma indicação ao Oscar por sua personificação de Poirot em “Assassinato no Expresso do Oriente”, chegando ainda a ganhar o BAFTA, o Oscar do cinema britânico. Cercando Finney estava a realeza de Hollywood: Lauren Bacall, Sean Connery, Michael York, Anthony Perkins e a fabulosa Ingrid Bergman, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante. No entanto, o  mais recorrente ator a viver o personagem foi Peter Ustinov que fez 6 filmes entre 1978 e 1988, três deles para o cinema e três deles para a Tv. Embora Uistnov esteja bem mais distante que Finney em sua representação do Poirot literário, o ator que iniciou em Morte no Nilo (1978), foi um dos mais populares a encarnar o detetive de Agatha Christie. Criou-se um padrão nas adaptações da autora britânica sempre trazendo elenco all-star.

Em tempos mais recentes, o inglês David Suchet personificou Poirot em uma série da Tv inglesa que começou a ser produzida em 1989 e seguiu até 2013. Sua atuação é celebrada como a mais perfeita transposição de Poirot das páginas para as telas, tanto fisicamente como nas manias e excentricidades que o detetive belga demonstrou ao longo dos 33 livros que protagonizou. Como os bigodes são uma parte indissociável da persona do detetive, Suchet testou 40 tipos diferentes de bigode até escolher o modelo que usou em cena. Em tempos mais recentes chegamos a Kenneth Branagah em dois filmes que refilmam Assassinato no Expresso do Oriente (2017) e Morte no Nilo (2022), com o terceiro sendo a adaptação de O dia das Bruxas (A Haunting in Venice). O modelo do bigode de Branagah foi bem diferente do descrito por Dame Agatha, e o roteiro de Michael Green criou uma justificativa para isso, que nunca foi abordado nos 33 livros de Poirot. Ainda assim, a bilheteria milionária dos filmes do diretor irlandês mostram que o público aprovou esta nova encarnação do detetive que possui admiráveis células cinzentas.

A série de Suchet foi lançada em DVD fora do Brasil, mas infelizmente ainda não por aqui, e também está ausente das principais plataformas de streaming do país. Dois anos antes do falecimento de Agatha Christie, a autora autorizou a publicação de Cai o Pano (Curtain) em que o detetive belga morre em uma história escrita durante a Segunda Guerra Mundial e mantida em um cofre no banco durante décadas. Em Agosto de 1975, o renomado jornal New York Times publicou a morte do personagem na seção Obituário, marcando o fim de um ciclo no gênero que coroou Agatha como Rainha e fez de Poirot uma celebridade entre seus semelhantes.

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