AGATHAVERSO 1: ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE

Por Adilson Carvalho

Vamos lembrar das duas primeiras aventuras de Poirot vivido por Kenneth Branagah. Começando com Assassinato no expresso do oriente.

Demorou para que o cinema redescobrisse as obras da Rainha do Crime graças a Kenneth Branagah, herdeiro de Lawrence Olivier que sempre equilibrou seus filmes entre adaptações teatrais como Hamlet (1996) ou Henrique V (1989) com trabalhos mais comerciais como Thor (2011) e Cinderella (2015). Tendo nas mãos o roteiro de Michael Green (roteirista de Logan, Blade Runner 2049, da série Sex & The City e produtor da série Heroes), Brannagah traduz o engenhoso quebra cabeças da autora onde o detetive belga Hercule Poirot (um dos pilares do gênero policial, tão importante quanto Holmes) investiga os passageiros suspeitos da morte de um homem rico esfaqueado durante uma tempestade de neve). Poirot é tão genial quanto Holmes, e tão peculiar quanto este em suas deduções e modus operandi. Brannagah dirige e interpreta o personagem que protagonizou diversas obras da autora. Seu elenco multi-estelar é um espetáculo à parte (destaque para Michelle Pfeiffer) , cada um sendo uma peça inestimável com a qual Agatha Christie traça um painel da natureza humana, o que o diretor sabe como explorar mostrando que o cinema não precisa ser resumido a franquias de super herois e blockbusters. A história surgiu em sua mente quando a própria autora viajou a bordo do Expresso do Oriente durante uma viagem realizada em 1928. Além disso, o episódio do luxuoso trem preso durante uma tempestade de neve realmente ocorreu anos antes. O esmero da autora foi tamanho que ela incluiu detalhes sobre cada composição como a posição das maçanetas, a disposição das cabines e dos corredores inserindo em sua narrativa  precisão e realismo, dando aos seus leitores a sensação de também estar viajando junto aos magnatas e aristocratas, passageiros usuais do expresso. A trama sobre o sequestro e a morte de um inocente foi retirada de um caso real: o dramático sequestro e assassinato do filho do aviador Charles Lindbergh que provocou comoção nos anos 30. Agatha escrevia movida por ideias surgidas de todas as formas e de todos os lugares. Durante sua estadia na Turquia,  hospedou-se no Pera Palas Hotel, onde escreveu o livro que seria publicado de forma seriada nas páginas do “Saturday Evening Post” em 1933, e com o título “Murder on the Calais Coach” até ser publicado pela primeira vez como romance em 1º de Janeiro de 1934 pela Editora Collins, lar das imaginativas histórias da Rainha do crime,  e contendo 256 páginas. Filmado em 1974, e 2010 para a TV, o filme permanece como um dos melhores whdunits já feitos. Claro que os realizadores anunciaram oficialmente a volta de Branagh como Poirot em Morte no Nilo em breve, mostrando que se na vida real o crime não compensa, ao menos na literatura e no cinema ele o faz brilhantemente.

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