VINGADORES 60 ANOS – DINÂMICA DE GRUPO

Por Leo Banner & Adilson Carvalho

Este mês de setembro completamos 60 anos da criação dos Vingadores por Stan Lee & Jack Kirby. Começamos agora uma série de artigos sobre estes fantásticos heróis e suas aventuras nas hqs e nas telas.

Com o orgulhoso brado Avante Vingadores, uma equipe de heróis conquistou admiradores ao longo de décadas de aventuras em quadrinhos, e mesmo tendo constantes mudanças em sua formação, se firmaram no meio extremamente competitivo da indústria de HQs. Alcunhados Os Heróis Mais Poderosos da TerraOs Vingadores (The Avengers – no original) seguem uma longa tradição nos quadrinhos: A de agrupar heróis de poderes e personalidades distintas em uma única equipe. No período conhecido como Era de Ouro (década de 30 e 40), a editora National Periodics publicava as aventuras da Sociedade da Justiça no título All Star Comics que reunia o Lanterna Verde, o Flash e o Gavião Negro junto com outros personagens menos conhecidos. Foi a semente dos supergrupos de heróis uniformizados, unidos por uma causa em comum. A National Periodics, já rebatizada de Dc Comics, usou a mesma estratégia nos anos 60 (A Era de Prata dos quadrinhos) e criou a Liga da Justiça reunindo no título The Brave & The Bold: Superman, Batman, Mulher Maravilha, Lanterna Verde, Flash e outros cuja força em conjunto os tornava quase imbatíveis na luta contra qualquer supervilão, terrestre ou extraterrestre, que estivesse pretensiosamente disposto a dominar o mundo. Tanto a Sociedade da Justiça quanto a Liga da Justiça, cada uma em sua própria época, foram sucessos editoriais, angariando um público leitor fiel.

O sucesso da Liga da Justiça pela Dc Comics estimulou Stan Lee a criar, ao lado de Jack Kirby, para a editora Marvel, o Quarteto Fantástico. Mas, diferente da Liga da Justiça, os membros do quarteto formam uma família agraciada com poderes incríveis. O sucesso obtido com o título do quarteto foi o pontapé inicial para a criação de um novo universo de heróis: um habitado por personagens que equilibravam virtudes com defeitos, dúvidas e problemas que os aproximava dos leitores, enquanto os da DC Comics trazia um tom mais maniqueísta. No Universo Marvel, o Homem Aranha não despertava a admiração pelos seus atos, mas desconfiança e ódio, assim também eram os mutantes dos X-Men. Enquanto o Homem de Ferro lutava com problemas cardíacos e desenvolve, mais tarde, dependência alcoólica, o Hulk era um monstro furioso e descontrolado etc. A rivalidade entre as editoras, nascida alí, seguiu crescente até os dias de hoje e para cada sucesso criativo de uma, havia uma “resposta” da outra,  na briga por um mercado que ao longo dos anos tornou-se cada vez mais lucrativo. E foi como uma resposta que a Marvel Comics publicou em julho de 1963 (mesmo ano dos X MenOs Vingadores com roteiro de Stan Lee e desenhos de Jack Kirby, o mago da arte do gênero e co-criador de vários personagens surgidos no período. Na história, o vilão Loki culpa o Hulk de vários crimes jogando seu meio-irmão Thor contra o gigante verde. À luta se junta o Homem de Ferro e o casal Homem Formiga e Vespa, mas a feroz luta que se segue leva os heróis a unirem seu poder de fogo e a derrotar Loki. Nascía ali, no título The Avengers #1 (setembro de 1963) a primeira formação da equipe : Hulk, Thor, Homem de Ferro, Vespa e Homem Formiga. A aposta da editora foi alta em colocar a nova equipe em título próprio, o que nem sempre acontecia. Thor – por exemplo – apareceu pela primeira vez no título Journy Into Mistery #83” (agosto de 1962), Homem de Ferro na revista Tales of Suspense #39 (Março 1963) mas a equipe de Os Vingadores vinha em título próprio. Ao final da segunda aventura da equipe,  o Hulk deixa o grupo, mas este ganha um reforço inesperado já na edição nº4 quando o submarino dos vingadores encontra um corpo congelado nas gélidas águas do ártico, que se descobre ser o lendário Capitão América– herói da Segunda Guerra. Com sua volta, a equipe de Os Vingadores, recém – criada, ganha um reforço gigantesco: o herói deslocado no tempo que tenta se readaptar à nova sociedade (então anos 60) gerando um leque de possibilidades no roteiro que seria explorada no título solo do Capitão e nas páginas de Os Vingadores.

Pouco mais de um ano após a volta do Capitão AméricaOs Vingadores sofreram a primeira de muitas mudanças em suas fileiras. Os membros originais da equipe se retiram e deixam a cargo do Capitão recrutar novos membros. A partir da edição 16 de Avengers, a nova formação recebe os ex-vilões Feitiçeira Escarlate, Mercúrio (saído das páginas de X Men) e Gavião Arqueiro (saído das páginas de Tales of Suspense, 57, na qual enfrentou o Homem de Ferro). Essa fase, desenhada por Don Heck,  foi extremamente popular no Brasil, já que muitas delas foram adaptadas para o desenho animado do Capitão América, exibido no programa do Capitão Aza na hoje extinta Tv Tupi. Os membros originais voltariam posteriormente à equipe, mas somados a eles novos e importantes personagens : Hank Pym, ex- Homem Formiga, retorna na edição 28 (1966) agora com o poder de aumentar seu tamanho e passando a se chamar  Golias; o Pantera Negra (regente do fictício país Africano de Wakanda) na edição 52 (1968); o sintozóide (andróide com órgãos artificiais) Visão na edição 57 (1968) – que viria a viver um romance com a Feitiçeira Escarlate, chegando a se casarem mais tarde; a ex- espiã Viúva Negra, que surgiu pela primeira vez em uma aventura do Homem de Ferro publicada em Tales of Suspense nº 52 em 1964, entra na edição 111 (1973) entre outros. Os roteiros de várias fases dos Vingadores visitaram e revisitaram temas clássicos da fantasia e da ficção científica: Invasão Alienígena na Guerra Kree-Skrull na primeira metade dos anos 70; A criação de vida artificial que já foi explorada nos livros de Isaac Azimov aparece na história do robô Ultron, que adquire consciência própria e ódio pelos seres humanos; a chegada do semi-Deus Hércules (mitologia grega), vilões em busca do poder absoluto levando à corrupção absoluta (a saga de Thanos, a saga de Korvac) etc… A cada geração, vários artistas se destacaram nos roteiros e desenhos dos Vingadores depois da saída de Stan Lee e Jack Kirby: Roy Thomas, John Buscema, George Perez, Steve Englehart, John Byrne, Sal Buscema, e, inclusive o brasileiro Mike Deodato que no final dos anos 90 desenhou um arco tão mal recebido, no qual o Homem de Ferro torna-se um terrível vilão, que foi logo desconsiderado para efeitos de cronologia.

Voltamos aos Vingadores em uma semana com a continuação desta série de artigos.

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