HQ TERRITORIO NEUTRO: PELEZINHO

Por Adilson Carvalho

Quando criança vi Mauricio de Souza usar sua criatividade para transformar o rei do futebol em um de seus personagens. Lia muito as histórias de Pelezinho ao longo da segunda metade dos anos 70, principalmente movido pelo entusiasmo da Copa de 78, a geração de Leão, Toninho Cerezo, Roberto Dinamite, entre outros. Na verdade, as negociações entre Maurício de Souza e Pelé foram muito longas. A ideia do criador da Turma da Mônica era que o personagem fosse uma criança, ao contrário do desejo de Pelé, que imaginava uma versão adulta. Mauricio de Sousa conseguiu convencer o Rei com a alegação de que a continuidade da marca do Rei estaria garantida se envolvesse o público infantil.  “Criança gosta de brincar com criança”, disse na época Maurício. Assim, em outubro de 1976, Pelezinho foi lançado em tiras de jornal.

Mais tarde a partir de agosto de 1977 é que foi lançada a sua revista, além de seus almanaques pela Editora Abril juntamente com as revistas da Turma da Mônica. A partir daí, o sucesso não se limitou aos gibis publicados no Brasil e em outros países, pois Pelezinho virou boneco e estampou as embalagens dos mais variados produtos, desde alimentos a materiais esportivos, até diversos tipos de brinquedos. Através de entrevistas com Pelé, para conhecer mais sobre a infância do craque, Maurício criou um elenco de coadjuvantes como Cana Brava ( o amigo boca-suja e enfezado de Pelezinho), o goleiro Frangão, Bonga (a menina namoradeira da turma) e Rex, o cão do Pelezinho, que diferente de outros cães, nunca falava como o Bidu ou o Horácio. Outra curiosidade é que Pelezinho e sua turma jamais interagiam com os outros personagens de Mauricio de Sousa, exceto por algumas ocasiões em que alguns dos personagens secundários faziam aparições rápidas. Apesar do sucesso, o número 58, lançado em maio de 1982, foi a última revista do Pelezinho, que ainda apareceu em almanaques com republicações das melhores histórias e tiras até dezembro de 1986. Foram oito números, além de duas edições especiais que comemoravam a chegada da segunda Copa do Mundo do México naquele ano.

A partir de janeiro de 1987 todas as revistas em quadrinhos de Mauricio de Sousa passaram a ser publicadas pela Editora Globo, menos a de Pelezinho, que teve sua publicação encerrada. Em 1990 o personagem reapareceu três vezes. Primeiro, na edição 7 da série de tiras As Melhores Piadas no formato pocket (em que cada número era protagonizado por um personagem da Turma da Mônica). Depois no gibi Copa 90 só com histórias inéditas (em uma das quais aconteceu um crossover entre Pelezinho e Pelé). Por fim em 1990 com Pelezinho Especial – 50 anos de Pelé, edição em tamanho gigante e com mais de 200 páginas, foi publicado como parte das comemorações do cinquentenário do Rei do Futebol. Na capa, é possível ver uma “versão adolescente” do Pelezinho, com características no traço que foram incorporadas no novo visual.

Em junho de 2012, Mauricio de Sousa confirmou a volta da publicação da Turma do Pelezinho pela Panini Comics e anunciou que planeja fazer um projeto na mesma linha com Neymar. Em 2013, a revista de Neymar é lançada, logo em seguida, a Maurício de Sousa Produções resolveu alterar o visual do Pelezinho. As mudanças do Pelezinho incluem um nariz e a retirada do círculo em torno da boca, e as aventuras do personagem serão redesenhadas para se adequarem ao novo traço. Na minha memória fica a diversão que confirmava as palavras de Mauricio “criança brincando com criança“. Confira a homenagem ao personagem e ao Rei do Futebol no Santos Comic Expo neste fim de semana dia 7 e 8 de setembro no Centro Cultural Patrícia Galvão, em Santos, SP, entrada gratuita.

Deixe um comentário