Por Adilson Carvalho
O sucesso de Lupin na Netflix desperta novamente o interesse do público pelo personagem Arsène Lupin, saído da imaginação do francês Maurice Leblanc. Um cavalheiro bem distinto, e hábil trapaceiro, Lupin é basicamente um ladrão de casaca com a capacidade de se esconder por trás de disfarces e identidades falsas, embora sua cartola e monóculo sejam sua marca registrada visual.

Sua primeira aparição foi em A Detenção de Arsène Lupin, publicada na revista Je sais tout em julho de 1905. Com o sucesso crescente da personagem junto dos leitores, as suas aventuras seguem publicadas até a morte do autor em 1941, totalizando dezoito romances, trinta e nove novelas e cinco peças de teatro. O cenário de suas aventuras é a França da Belle Époque e dos Années folles, e muitas vezes Lupin acaba agindo como se fosse um detetive. Curiosa ambiguidade para um personagem que ganhou notoriedade cometendo crimes, e chegou a assumidamente buscar inspiração no próprio Sherlock Holmes. Em 1908, Leblanc publicou Arsène Lupin contra Herlock Sholmes, em uma clara paródia à criação de Conan Doyle. No mesmo ano o personagem ganhou sua primeira adaptação para o cinema em The Gentleman Burglar, em um filme dirigido por Edwin S. Porter, ex parceiro de trabalho de Thomas Edison. O esperto ladrão foi interpretado por William Ranows. Dois anos depois a produção alemã Arsène Lupin contra Sherlock Holmes trouxe Paul Otto como Lupin e Viggo Larsen como Holmes. Seguiram-se mais cinco filmes, mas todos se perderam com o tempo. Claro que todo esse sucesso incomodou Conan Doyle que processou Leblanc por plágio. Ainda no período do cinema mudo tivemos Georges Tréville em Arsène Lupin contre Ganimard (1914), Gerald Ames em Arsène Lupin (1916), Earle Williams em Arsène Lupin (1917), David Powell em The Teeth of the Tiger (1919) e Wedgwood Nowell em 813 que foi o título do quarto livro do personagem.

Com a chegada do cinema falado tivemos John Barrymoore, avô de Drew Barrymoore, em Arsène Lupin (1932), no qual o ladrão investiga o roubo da Mona Lisa do Louvre. Em seguida tivemos Arsène Lupin detective (1937) com Jules Berry como Lupi, o Americano Arsène Lupin Returns (1938) com Melvyn Douglas, e Enter Arsène Lupin (1944) com Charles Korvin no papel título. O sucesso do personagem atravessou continentes e chegou ao México na versão entitulada Arsenio Lupin (1945) trazendo Ramón Pereda no papel do ladrão e José Baviera como Sherlock. Nos anos 50, no Japão foram produzidos 3 filmes : Nanatsu-no Houseki (1950) com Keiji Sada, Tora no-Kiba (1951) com Ken Uehara, e Kao-no Nai Otoko (1955) com Eiji Okada. Em 1929, os japoneses chegaram a fazer o curta Hachi Ichi San, com Komei Minami. Todos estes filmes estão perdidos no tempo, mas ainda não acabou já que surgiu em 1967 o manga Lupin III, onde o personagem título é neto do ladrão de Leblanc. Esta versão nipônica ainda rendeu o anime Lupin III Part I (1971). Entre 1971 e 1974 houve a série de TV de 26 episódios Arsène Lupin como Georges Descrierès. O mais recente é Arsène Lupin: O Ladrão Mais Charmoso do Mundo com Romain Duris. Com tantas versões, não há dúvida que este clássico da literatura francesa ainda renderá muito mais filmes, séries e animações além de Omar Sy na série da Netflix que volta com novos episódios agora.