Por Adilson Carvalho & Paulo Telles

Os lendários feitos de Rodrigo Diaz de Bibar, “El Cid Campeador” (1043-1099), símbolo da resistência cristã aos invasores mouriscos e da libertação nacional e da libertação da Espanha no século 11. O mito foi cantado em baladas, serviu de base para peças e óperas até chegar às telas em um épico inesquecível em 1961 vivido por Charlton Heston. Na ocasião. o ambicioso produtor Samuel Bronston havia se instalado em Madrid, tendo realizado espetáculos históricos milionários como Rei dos Reis (1960), 55 Dias em Pequim (1962) e O Mundo do Circo (1962), El Cid foi o segundo nesta sequência, realizado com o curso de seis milhões e 200 mil dólares e resultando em uma super produção fotografada por Robert Kraska, e dirigida por Anthony Mann (1906-1967). Filmado em Super Techinarama 70 mm, o filme narra a trajetória de Rodrigo Diaz de Bivar, mais conhecido como El Cid (Charlton Heston), herói espanhol do século XI que uniu os católicos e os mouros do seu país para lutar contra um inimigo comum: o emir Ben Yussuf (Herbert Lom).

Esta longa jornada começou quando Rodrigo, um súdito do rei Ferdinand de Castella, Leão e Astúrias (Ralph Truman), liberta cinco emires que eram prisioneiros dele e por causa deste ato é acusado de traição. Don Ordóñez (Raf Vallone) o acusa inicialmente, mas na corte é o Conde Gormaz de Oviedo (Andrew Cruickshank) quem acusa duramente Rodrigo e humilha Don Diego (Michael Hordern), o pai de Rodrigo. Estes acontecimentos acabam provocando um duelo de Rodrigo com o Conde Gormaz, o campeão do rei. Rodrigo o mata, mas acontece que Gormaz também era pai de Jimena (Sophia Loren), a mulher que Rodrigo amava e com quem ele pensava em se casar. Mas, em virtude do acontecido, ela passa então a odiar (ou pensa, que odeia) Rodrigo, seu antigo amor. Aproveitando este momento conturbado Ramiro, rei de Aragão, exige a posse da cidade de Calahorra e sugere que ela seja disputada entre os paladinos de cada reino em uma luta até a morte. Então Rodrigo se apresenta para duelar pelo seu rei, pois ele tinha matado Gormaz, o antigo paladino, e se Rodrigo vencesse o combate contra Don Martin (Christopher Rhodes), que já tinha matado vinte e sete homens em combates corporais, seria perdoado pelo rei.

Anthony Mann orquestrou cenas de batalha monumentais embaladas pela trilha sonora de Miklos Rozsa (Quo Vadis, Ivanhoe). No centro de toda a ação a presença imponente de Charlton Heston como o lendário personagem que tornou-se símbolo da unificação espanhola, e contracenando com ele a beleza estonteante de Sophia Loren aos 27 anos como Doña Jimena, a amada do herói. Curiosamente, nos bastidores Charlton Heston e Sophia Loren não tiveram um bom convívio. Durante 3 horas e 15 minutos Mann comanda 7.000 extras, 10.000 figurinos, 35 navios, 50 grandes engenhos de guerras medievais, e filmagens em quatro dos mais nobres e antigos castelos da Espanha, com algumas cenas de estúdio tendo sido filmadas em Roma. Todo o contexto da vida do verdadeiro Rodrigo Diaz de Bibar difere muito do El Cid do poema de Cantar de Mio Cid|Mio Cid e do filme de Anthony Mann. Fica contudo, a força de um cinema colossal que raramente temos hoje em dia, e que jamais esqueceremos.