Por Adilson Carvalho

Podem rir ao ler aqui o que vou escrever, mas sempre tive vontade de sair correndo por aí com o som de Gonna Fly Now, de Bill Conti tocando em minha mente, para depois subir as escadarias e deixar ecoar um brado de vitória. Sylvester Stallone fez de Rocky um personagem edificante, inspirador e inevitavelmente confundido com sua própria história de vida. Vindo do mais completo anonimato, sem dinheiro para o básico, Stallone assistiu a uma luta na TV entre Muhamed Ali e Chuck Wepner em 24 de março de 1975, e a partir daí escreveu o roteiro de Rocky um Lutador, durante três dias e meio. Mais tarde, Stallone negou que esta tenha sido sua inspiração para o filme. A United Artists aprovou o roteiro de Stallone e o viu como um possível veículo para astros já conhecidos como Robert Redford, Ryan O’Neal, Burt Reynolds ou James Caan. Stallone, no entanto, condicionou a venda do roteiro à sua escolha como intérprete do personagem. Assim assinou o contrato com os produtores Irwin Winkler e Robert Chartoff. O orçamento de produção do filme acabou sendo de US$1,075,000, com mais US$100,000 gastos em taxas de produção e US$ 4.2 milhões em custos de publicidade, ganhando US$225 milhões em bilheteria global e tornando – se o filme de maior bilheteria de 1976. O filme ainda recebeu 10 indicações ao Oscar e ganhou três como melhor filme, edição e direção para John G. Avildsen.

Rocky Balboa (Stallone) é um desconhecido boxeador da Filadélfia que complementa sua renda como coletor de um agiota. Para o dia de Ano Novo de 1976, o ano do bicentenário da Declaração da Independência dos Estados Unidos, o campeão Apollo Creed (Carl Weathers) tem a ideia incomum de lutar contra um lutador local, de origem italiana, imaginando ser um grande apelo para a mídia. Para se preparar para a luta, Rocky treina com o ex-lutador Mickey Goldmill (Burguess Meredith), enquanto o seu melhor amigo, Paulie (Burt Young), um trabalhador de frigorífico, o deixa praticar socos nas carcaças penduradas no freezer. Durante o treino, Rocky se apaixona pela tímida irmã de Paulie, Adrian (Talia Shire). Creed inicialmente não leva a luta a sério, mas Rocky inesperadamente o derruba ao longo de 15 rounds, com cada lutador sofrendo grandes machucados.

O filme foi gravado em Filadélfia e principalmente na Califórnia. As cenas no rinque de patinação ocorreram em Santa Mônica. Já o interior do estádio da luta final foi no Los Angeles Memorial Sports Arena em lugar da Arena Spectrum retratada no filme. As cenas de Rocky subindo a escadaria do Museu de Arte de Filadélfia, hoje chamada de Degraus de Rocky tornaram-se extremamente simbólicas. Uma curiosidade, embora não creditado, Michael Dorn, que mais tarde fez o Klingon Worf em Star Trek: The Next Generation e Star Trek: Deep Space Nine, aparece como guarda-costas de Creed. O próprio Stallone escreveu e dirigiu todas as sequências, com exceção por Rocky V (1990), que trouxe John G. Avildsen de volta à direção. A revanche em Rocky II (1979) continua a história do ponto em que o primeiro filme parou com Adrian engravidando e Rocky tendo dificuldade em conseguir emprego convencional, sendo forçado a aceitar a revanche com Apollo. Em Rocky III (1982), surge o violento lutador desafiante Clubber Lang (Mister T) que derrota Rocky. Com a morte de Mickey, Apollo treina Rocky transformando a rivalidade de outrora em uma amizade ao som de Eye Of The Tiger, da banda Survivor. Foi um enorme sucesso na bilheteria, ultrapassando seu antecessor, tornando-se o quarto filme de maior bilheteria de 1982. Rocky IV (1985), foi um triunfo de bilheteria apesar de ter ganhado cinco Framboesas de ouro. No filme, Rocky enfrenta o boxeador russo Ivan Drago (Dolph Lundgren) que matou Apollo no ringue. Cinco anos depois, a saga retorna com Rocky V (1990) onde Rocky treina o jovem Tommy Gunn (Tommy Morrison), que depois o desafia. O filme ainda traz Sage Stallone (1976-2012), filho do astro, em participação especial como o filho de Rocky. O ciclo se encerra somente com Rocky Balboa (2006), o sexto filme, em que Rocky está viúvo e aposentado, sendo convencido a voltar aos ringues. Claro que a franquia se renovou para o público com Creed – Nascido Para Lutar (2015) estrelado por Michael B. Jordan, que traz Stallone como coadjuvante, revivendo seu personagem, mas isso é outra história. Sem dúvida, inesquecível, a figura de Stallone lutando como Rocky é um marco do cinema hollywoodiano que atravessa décadas e será sempre lembrado como um símbolo de heroísmo, coragem e vitória. A franquia Rocky pode ser vista no Prime Video.

O cinema com poesia, no mês de seu aniversário de dois anos, homenageia o ator, roteirista e diretor Sylvester Stallone. Na próxima semana revemos Rambo e Cobra, ambos icônicos papeis do ator nos anos 80.

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