Por Adilson Carvalho

Merecidamente premiado no 51º Festival de Gramado deste ano com seis Kikitos : Melhor filme, melhor ator coadjuvante (Yuri Marçal), melhor atriz coadjuvante (a veterana Neusa Borges), e melhor ator (Ailton Graça), melhor trilha sonora e melhor filme pelo júri popular. O filme de Silvio Guindane é definitivamente um dos melhores que assisti esse ano. A trajetória artística de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o sambista do Originais do Samba, o comediante que integrou os Trapalhões e entrou para a história da TV como Mussum, nos conduz por doces memórias equilibrando perfeitamente humor e drama graças a um elenco afinadíssimo com destaque para Ailton Graça. O ator não apenas interpreta Mussum, ele encarna todos os maneirismos e expressão corporal do ícone, de forma quase que espiritual. E não apenas Graça, mas também a veterana Neusa Borges preenche a tela com sua presença, no papel de Malvina, a mãe de Mussum. Embora com pouco tempo em tela, Cacau Protásio (Vai Que Cola) arranca lágrimas como Malvina mais jovem. O roteiro de Paulo Cursino (O Candidato Honesto, Até que a Sorte nos Separe), a partir do livro Mussum Forévis: Samba, Mé e Trapalhões, de Juliano Barreto permite que revisitemos os bastidores da TV brasileira e encontremos figuras como Chico Anysio (Vanderlei Bernardino) , Renato Aragão (Gero Camilo), Dedé Santana (Felipe Rocha) e outros. Ailton provoca incontroláveis risadas quando se veste de Clara Nunes para cantar Morena de Angola ou entrando bêbado em um quarto com Renato Aragão (Gero Camilo) vestido de Maria Bethânia ao som de Terezinha. Mas, não apenas isso, o filme traz uma mensagem de superação, de determinação e de talento inspirador, nos evoca lembrança de tempos mais simples, até mais inocentes. As passagens de tempo entre o Mussum criança (Thawan Lucas), o Mussum jovem (Yuri Marçal) até chegar ao artista que conhecemos (Ailton Graça) traduz momentos emocionantes que atingem o coração mesmo daqueles que não viveram a época em que as 19 horas de domingo era um horário de risadas e diversão em família. Esta constitui um elemento fundamental do roteiro que nos faz reviver por quase duas horas a uma época do cacildis.
