Por Adilson Carvalho

Embora desconhecido do grande público hoje em dia, Brick Bradford é um dos primeiros heróis espaciais das hqs, vindo depois de Buck Rogers (1928), mas criado um ano antes de Flash Gordon (1934), de Alex Raymond. Criado pelo jornalista e escritor William Ritt (1902-1972) e pelo desenhista Clarence Gray (1901-1957), sendo originalmente distribuída pela Central Press Association, uma subsidiária da King Features.

Inicialmente, o personagem era um aventureiro aéreo tal qual como Skyroads, até que começou a abordar elementos de ficção científica como robôs, mundos perdidos, e viagem no tempo quando o personagem ganhou uma máquina do tempo no formato de um pião, que tanto podia ir para o futuro quanto para o passado, chamada de Time Top nos quadrinhos e que tornou-se essencial para a série pelos anos seguintes, bem como significou o primeiro uso regular de viagem no tempo numa HQ. Na época, muitos jornais americanos não tinham a edição de domingo, assim uma versão de final de semana foi criada saindo no sábado, 24 de novembro de 1934. Em poucas semanas, as aventuras de Brick Bradford já estavam sendo publicadas nos grandes jornais metropolitanos e a versão de final de semana acabou se transformou na tradicional página dominical colorida. Curiosamente, nas tiras diárias em preto e branco, Brick não usava o Pião, vivendo aventuras apenas no presente.

Houve um seriado estadunidense de 1947 dirigido por Spencer Gordon Bennet, em 15 capítulos. Brick Bradford era estrelado por Kane Richmond, Rick Vallin e Linda Leighton . Brick Bradford (Richmond) é designado pelo governo para ajudar o Doutor Gregor Tymak (John Merton), cientista e inventor que está trabalhando em um “Raio Interceptador”, que pode destruir rochas. Por outro lado, o raio pode ser usado como “raio da morte”, chamando assim a atenção do agente espião Laydron. Tymak usa seu portal, a “Porta de Cristal” para a 5ª dimensão para escapar dos criminosos, o que o leva para a Lua (que felizmente tem ar e é um terreno rochoso sem crateras). Lá, ele é capturado e condenado a morrer por congelamento pela rainha Khana (Carol Foreman), déspota da lua, pois o povo lunar não acredita que ele veio da Terra. Foi o primeiro dos três seriados de ficção científica produzidos pela Columbia Pictures.

Ritt continuou escrevendo as diárias de Brick Bradford até 1948, quando as abandonou por motivos nunca explicados. Logo depois, abandonou as dominicais coloridas, e as histórias passaram para as mãos de Gray somente. Entre 1951-52 Paul Norris ( o criador de Aquaman), discípulo de Milton Caniff, foi contratado para ser assistente anônimo nas diárias, fazendo tanto roteiros como os desenhos. Só pôde assinar seu nome, no entanto, a partir de 1952. Norris assinou as diárias de Brick Bradford até seu cancelamento, em 25 de Abril de 1987. Em seguida voltou ao jornalismo e ainda escreveu alguns contos. Morreu em 20 de setembro de 1972. No Brasil, foi inicialmente publicado nas revistas Suplemento Juvenil e O Gibi da década de 1930, quando foi então chamado de Dick James. Algum tempo depois o título original foi mantido. Entre 1971 e 1973 o herói ganhou um título próprio pela editora Paladino, que durou 11 edições. Um personagem que mereceria ser trazido de volta, Brick Bradford pertence à era de ouro das hqs e à nossas mais doces reminiscências.